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Opinião|Poemas

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Atualização:

Poesia engraçada para tempos aborrecidos.

(mikael kristenson /unsplash) Foto: Estadão

 

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QUADRILHA João roubava Iná que roubava José Que roubava Maria que roubava Joaquim que roubava Lili Que não roubava ninguém, só o Fisco João foi pra Pedrinhas, Iná pra Bangu José morreu na praia, Maria delatou Joaquim matou-se e Lili casou com o dono de um frigorífico

COMIDA MICROBIÓTICA Olha o marisco Com vibrião Olha o bacilo Na refeição

Naquele pasto Tem maculosa Naquele bife Febre aftosa

Jantou um pato? Antipirético Se comer gente Fica aidético

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Triste destino Esse do Homem Condenação Pelo o que come

RESUMÉE Aos 5, lúdico Aos 14, tímido Aos 18, lépido Aos 20, Trótski Aos 30, trêfego Aos 40, tático Aos 50, cínico Aos 60, cético Aos 70, próstata Aos 80, módico Aos 90, fúnebre

PROVÉRBIO BRASILEIRO Dê duro enquanto eles dormem Estude enquanto eles dançam Persista enquanto eles bebem Um dia, você consegue Ser mais um desempregado

INCOMPATIBILIDADE POÉTICA Tentei botar nosso amor Num soneto genuíno E fui lapidando os versos No formato alexandrino

Mas ora vejam vocês Por causa da estrofação E de algumas rimas pobres Tive que usar da elisão

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Mas não gostei de antemão E mudei os decassílabos Para um metro diferente: Dodecassílabos sáficos

Ai, que destino mais trágico Isso gerou uma aférese Pra não falar de uma apócope - Eu quase tive uma síncope!

O jeito foram os dísticos E meu canto de momento Perdeu a espontaneidade Em novo encadeamento

Então tive um pensamento: "Falando em termos poéticos Ou mesmo trovadorescos O nosso amor é inviável"

Uma saída possível Mas me recuso, sou franco Seria deixar o metro Adotando o verso branco

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Porém, um soneto manco Falta de talento acusa Por isso, amor, me despeço E vou atrás de outra musa

PRETINHO BÁSICO Comprou um pano pretinho Mandou fazer um tubinho Mas nada de extravagante Nenhuma manga bufante

Só muito fino e habillé Como a moda deve ser Em cima vêm as alcinhas Apenas duas tirinhas

Atrás do costume reto Um decote bem discreto A peça finalizada Pede um colar e mais nada

(mas vale estar maquiada)

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Desfilando a criação Será centro da atenção Mesmo vestida igualzinha Às amigas patricinhas

SONETO DA ELETRICIDADE De tudo ao meu computador serei atenta Antes, e com tal zelo, e sempre e de modo tão terno Que mesmo diante de um modelo mais moderno Dele serei sempre a tiete mais sedenta Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de pagar as contas da Light Que alimenta os seus megabytes Sem nenhum pesar ou descontentamento E assim, quando mais tarde, num outro dia Quem sabe a assistência técnica, Angústia de quem vive, Pedir pelo seu conserto uns 800 paus Eu possa dizer do computador (que tive) Que não seja imortal posto que é fabricado em Macau Mas que seja infinito enquanto dure a garantia

Opinião por Carlos Castelo

Carlos Castelo. Cronista, compositor e frasista. É ainda sócio fundador do grupo de humor Língua de Trapo.

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