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Self-service de humor

Opinião|Ideias curtas

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Atualização:

Livre pensar também é não pensar.

 Foto: Estadão

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(Foto: Nicolas Debray por Pixabay)

 

§ HBO lançando uma série sobre Woody Allen. Não, não é sobre nenhum de seus filmes, livros, stand-ups ou solos de clarineta. O documentário "Allen vs Farrow" disseca as acusações de que o ex-marido de Mia é um assediador, pedófilo e maníaco sexual. Creio que se o diretor for mesmo tudo isso, deveria ir para Guantánamo a nado. Ninguém merece ser perdoado caso seja provado o seu envolvimento numa monstruosidade dessas. Mas foi demonstrada a verdade? Parece-me que não, já que o acusado continua em atividade profissional e não usa tornozeleira eletrônica. Lembremos ainda que a Justiça norte-americana não é a Operação Lava Jato. Ali se faz, ali se paga - e são juízes à frente dos casos, não marrecos de gravata. Mas que é uma pena assistir a um filme sobre Woody Allen em que, em vez de rir, nos entristecemos, isso é.

 

§ Foi Graciliano Ramos quem disse: "nós, como povo, nos acanalhamos". Isso nos anos 1930, talvez. O que nos leva a uma pequena análise sobre as diferenças entre canalha e cafajeste. No meu modo de entender são dois biomas bem diversos, apesar de muito confundidos. O cafajeste é mais solar: uma categoria de modos grosseiros, porém, mais abertamente abusado. Já o canalha, apesar de tão vil e infame, é sonso. Atua de modo sutil, velhaco. É o que mais prolifera em nosso meio ambiente. E, em todos os substratos, do familiar ao formal, passando pelo corporativo. Quando vir um, procure manter o distanciamento social. Se não for possível, use duas máscaras: o canalha é altamente letal.

§ Vi muitas maravilhas. Tanto naturais, quanto criadas pelos humanos. Vi a cadeia de montanhas do Himalaia e a Amazônia, a Torre de Pisa, a catedral de Colônia, o Palácio de Buckingham, o Louvre. Olhei para eles e pensei: e daí? Mas teve uma coisa que atiçou, de fato, a minha imaginação: o travesseiro Nasa Viscoelástico.

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§ Eu talvez imaginasse que tomaria banho de cuia. E acabei mesmo tomando, em casa, recuperando-me de um atropelamento. Talvez supusesse que deixaria a barba crescer. Fiquei nove meses sem usar gilete, nasceu-me uma avantajada barba de bode. Poderia sonhar que deixaria de ir a sebos e botequins, meus passeios favoritos. Não piso em ambos os picos desde março de 2020. Agora, comprar Havaianas pelo delivery, bom, isto nem sequer passaria pelos meus neurônios. Vem, vacina.

§ Não tem planejamento, não tem vacina, não tem seringa, não tem ministro, não tem auxílio emergencial, não tem comando, não tem lei, não tem bom senso, não tem ouvidoria, não tem cabimento. O desastre é grande: não tem companhia de seguro que libere a apólice.

Opinião por Carlos Castelo

Carlos Castelo. Cronista, compositor e frasista. É ainda sócio fundador do grupo de humor Língua de Trapo.

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