"Eu lhe ofereceria um paraquedas se tivesse a certeza de que ele não abriria."
Groucho Marx.
Imagem de mohamed Hassan por Pixabay
As pessoas, de modo geral, têm o hábito de se acostumar às mais estranhas circunstâncias.
"Se não há remédio, remediado está"é o nosso grande e verdadeiro mote. Durante as guerras nossa raça acostumou-se a certas coisas que é melhor nem mencionar numa crônica ligeira e despretensiosa como esta. Ora, se nos moldamos a isso, como não iríamos nos habituar a um mundo onde a grosseria e a perversidade são a regra? Onde o insulto é o idioma mais falado por todos?
Grande parte de nossa população presentemente se queixa de como tudo em volta, inclusive nas altas esferas e rodas, virou uma hostilidade só. Mas, podem crer, logo tudo se acomodará. E aí teremos um novo tipo de brasileiro: o Homo ferox. Como ele será?
NO ESCRITÓRIO
- Ei, cretino, não viu que estou na fila do xerox na tua frente?
- Tô, e daí, seu lambe-botas de chefe?
- Daí que é a minha vez, estagiário sênior!
- E se eu te disser que é a minha vez por que EU quero, babaca do TI?
- Eu te quebro essa cara de fuinha da Contabilidade em 1000 pedaços. Quer ver, ratazana?
NO CASAMENTO
- Ronaldo, aceita Tereza como tua esposa, na alegria, na tristeza e...
- Espera aí. Para. Se tiver essa frase manjada ninguém casa nessa birosca.
- Mas é bíblico, meu filho.
- Meu filho é o cacete, eu lá sou filho de padre, cara!
- Não me chama de cara, tenha respeito, pagão !
- Pagão? E eu não paguei essa droga de cerimônia? Acertei em dinheiro, seu genérico de papa Francisco!
NAS COMPRAS
- Débito ou crédito?
- Como é?
- É para saber se a senhora prefere pagar agora ou depois.
- Vocês pensam que eu sou imbecil, é? Toda hora perguntam isso: débito ou crédito, crédito ou débito. Não aguento mais! Chega!
- Não, senhora. É que...
- Cala a boca, vadia.
- Vadia é tua mãe, filha de uma égua.
- Dá aqui o meu cartão, palhaça.
- Vem pegar comigo, se tu tiver saco roxo, vagabunda!
NA BANCADA DE PÓS-DOUTORADO
- ... de onde concluo: com base nesse epigrama de Terêncio, vis a vis à boutade aristotélica de Roland Barthes, a integralidade linguística computacional é plenamente heurística.
- Perfeito, professor. Mas o coroamento de sua tese é totalmente safardana. Para não dizer exegeticamente lapalissiana.
- O quê? Lapalissiana? Quem é o senhor, que não passa de um estafermo esgazeado, para classificar a minha pesquisa de mamarracha assim?
- Não admito que me classifique dessa forma, seu truão de pés-de-barro! Manipanso!
- Gandulo!
- Sicofanta!
NA POLÍTICA
- A campanha acabou para a imprensa. Eu ganhei! A imprensa tem que entender que eu fui reeleito, porra! Reeleito, porra!