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Opinião|Era uma vez uma fábula

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Atualização:

A reforma da Previdência na vida de três suínos.

 

 

 

(The Graphics Fairy) 

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Prático, Heitor e Cícero eram porquinhos trigêmeos. Moravam na casa da mãe até poderem receber a aposentadoria. Só que, com a reforma da Previdência, teriam que trabalhar mais seis anos, além do previsto, para receber apenas 90% do benefício. A mãe deles, já farta de sustentar aqueles porcinozinhos, adiantou uma parte da herança e os botou para fora de casa.

Passado o choque inicial, os três encetaram uma conversação para ver como agiriam dali para frente.

- Vamos construir uma casa para cada um, como naquele conto de fadas antigo, lembram? - sugeriu Cícero.

- Pra quê, pra no fim vir um lobo e derrubar a porra toda? Querem jogar dinheiro na pocilga? - cortou Prático.

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Heitor então chafurdou a lama e falou:

- Ei, tenho uma ideia melhor. Vamos construir uma casa pra nós três. Com o que sobrar de grana da herança, a gente faz mais duas: uma  cervejaria e uma casa de lenocínio!

Prático e Cícero ficaram matutando. Heitor continuou, entusiasmado:

- O pessoal vem tomar cerveja, todo mundo adora tomar umas. Em seguida, de cara cheia, vão logo querer visitar a casa vizinha...Oinc, oinc, oinc...

Cícero gostou da ideia. Entretanto, Prático, que era muito cartesiano, ficou em dúvida:

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- Pode ser um negócio interessante... Mas e se a Polícia baixar? Vamos ser enquadrados por meretrício, mano!

Cícero interrompeu:

- É como diz o ditado: leitão que para no sinal amarelo, não petisca farelo...

Começaram a construir as casas. Depois que a deles ficou pronta, puserem a mão na massa e, rapidinho, a cervejaria e o bordel foram edificados.

Prático teve que dar a mão à palmatória, Heitor tinha razão. Já na primeira semana, os dois estabelecimentos já estavam lotados. Tiveram que buscar chope e scort-pigs de cidades próximas, tamanha audiência.

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Passado um mês de sucesso total, o Lobo Mau bateu na porta do bordel. Só deu tempo de botar a freguesia e os funcionários para correr pelas portas do fundos e trancar as portas e janelas.

Quando notou a manobra, o Lobo Mau ficou possesso:

- Abram já! Ou derrubo esse frege!!!

Prático, quase em surto, berrava:

- Eu não falei que a Polícia ia baixar aqui, não falei?!

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Logo que o Lobo Mau começou a soprar a casa, para surpresa dos irmãos, Heitor pegou a chave, abriu a porta e foi para fora. Prático e Cícero não acreditavam no que viam, Heitor enlouquecera.

- O que esse maluco vai fazer? É mais idiota do que a gente pensava.

Minutos depois, no entanto, Heitor voltava. Gordo e corado, como sempre. Antes que os outros o interpelassem, já foi explicando:

- Calma, maninhos! O Lobo Mau é meu brother.  Quando montamos os negócios, soube que ele era miliciano. Fechamos um acordo: ele deixava quieto o bordel, a gente deixava ele frequentar tudo na faixa.

Cícero perguntou:

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- Então por que ele começou a soprar tudo que nem louco?

- Ah, velho, ele só queria tomar uma cervejinha, rosetar e vocês bateram com a porta na cara dele. Se ponham no lugar do cara...

Os três gargalharam e foram felizes para sempre.

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Opinião por Carlos Castelo

Carlos Castelo. Cronista, compositor e frasista. É ainda sócio fundador do grupo de humor Língua de Trapo.

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