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Opinião|Como explicar o Brasil para crianças

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Foto do author Carlos Castelo
Atualização:

Nada com um pouco de didatismo para mostrar às crianças o seu país.

 Foto: Estadão

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(Arte: British Library)

CARTA DE PERO VAZ CAMINHA

Um rei lá da Europa falou para uns marinheiros irem até o Brasil em suas caravelas. Era pra eles comprarem o país. Um deles escrevia muito bem. E daí foi encarregado de fazer uma carta contando ao rei tudo o que tinha aqui. O nome dele era Caminha. Caminha escreveu ao rei que tudo o que se plantava aqui dava. Quando recebeu a carta, o rei mandou que se plantassem um monte de jesuítas. Jesuítas são funcionários da Companhia de Jesus, uma espécie de multinacional da religião. Os jesuítas cresceram rápido e ensinaram os índios a rezar. Os índios também aprenderam a oferecer a outra face e todas as suas riquezas. Em pouco tempo, não tinham mais nada. Mas, em compensação, estavam ricos espiritualmente pra caramba.

CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

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De 1534 até 1549 teve um período chamado das Capitanias Hereditárias. Para ganhar uma capitania, os adultos precisavam de duas coisas: saber plantar cana bem pra caramba e ter um amiguinho que fosse dono de um banco. Aí os portugueses davam as terras. Só que, além de cobrar impostos dos engenhos das capitanias, eles ficavam com o dinheiro do trabalho que os escravos faziam.

Era tipo uma terceirização. Sabe quando a gente empresta um carrinho para um coleguinha e pede três carrinhos dele em troca? Por aí.

OS BANDEIRANTES

Os bandeirantes foram muito homens muito corajosos. Eram os Hulk daquela época antiga. Eles desbravavam as matas do Brasil prendendo escravos que fugiam e procurando pedras preciosas. Se as Bandeiras fossem um game, seriam um jogo de tiro, tipo Call of Duty ou Counter Strike. Os bandeirantes eram os do bem; os escravos eram os malvados. Quanto mais quilombolas o time dos bandeirantes destruísse, mais pontos eles ganhavam na partida. Se conseguissem eliminar todos os escravos e ainda achassem umas minas de ouro, prata ou cobre zeravam o game.

TIRADENTES

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Tiradentes era um dentista que não gostava do rei lá da Europa. Quando ele não estava tirando os dentes das pessoas, ele se juntava com outros brasileiros que tinham a mesma opinião dele e combinavam de acabar com aquela situação. Só que um desses sujeitos resolveu falar para os amigos do rei que o dentista não gostava do imperador. Então prenderam Tiradentes. Ele foi julgado e falaram que devia ser enforcado. Puseram uma corda no pescoço dele e Tiradentes morreu sem ar. Os amigos do rei pegaram os pedaços do corpo dele, jogaram sal e puseram em vários lugares da cidade. Os escravos viram aquilo e inventaram a feijoada.

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INDEPENDÊNCIA

Muito tempo depois do Brasil ser comprado por aquele rei da Europa, botaram um outro rei aqui. Esse rei gostava muito de namorar. Um dia, voltando da casa de uma de suas amigas, ele teve uma baita de uma dor de barriga. Estava perto de um rio chamado Ipiranga. Como não aguentava mais de vontade de fazer cocô, deu um grito. Os soldados do rei entenderam que ele estava pedindo a independência do país. Mas, na verdade, ele estava pedindo um penico. Se não arrumassem um penico pra ele, levaria todos à morte. O mal entendido estava feito. Logo a notícia chegou aos ouvidos do rei da Europa e começou uma guerra.

OS DIAS DE HOJE

A História do Brasil de agora, infelizmente só pode ser contada a maiores de 18 anos.

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Opinião por Carlos Castelo

Carlos Castelo. Cronista, compositor e frasista. É ainda sócio fundador do grupo de humor Língua de Trapo.

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