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Pra você entender o mundo dos animais

Protesto contra crueldades

O domingo (22/1) foi marcado por manifestações em diversas cidades a favor dos bichos.  Só na Avenida Paulista, a principal via de São Paulo, a Polícia Militar estimou que mais de 7 mil pessoas compareceram ao protesto contra os maus-tratos a animais.

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Por fabiobrito
Atualização:

A passeata, que se iniciou às 10 horas, saiu do vão livre do Masp em direção à Rua da Consolação, retornando na Praça do Ciclista até o ponto inicial. Por alguns minutos a avenida chegou a ficar interditada, mas duas faixas foram liberadas para a passagem dos veículos.

 Foto: Estadão

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Todos os animais foram lembrados. CRÉDITO: FÁBIO BRITO/AE

O evento teve a coordenação do movimento Crueldade Nunca Mais, formado por representantes de diversas ONGs, e, graças às redes sociais, a manifestação contou com a adesão de protetores de vários municípios brasileiros e até de outros países, como EUA e Inglaterra. Protetores de cada cidade prepararam a sua passeata.

Segundo Luiz Scalea, um dos organizadores do manifesto, a presença desse número de pessoas demonstrou que grande parte da população não suporta mais que atos de crueldade fiquem impunes. "É muito importante a presença do povo para mostrar a indignação de todos e fazer pressão para que  se cumpram as leis de proteção aos animais. Hoje temos uma lei branda, mas com a força de todos vamos fazer isso mudar", afirma.

Para ele, movimentos como esse demonstram aos políticos a necessidade de reformular as leis. "Queremos juntar um milhão e meio de assinaturas para propor a mudança da penalidade, deixar de ser de três meses a um ano para quatro anos de detenção. Acreditamos que apenas dessa forma quem maltrata um animal poderá ser preso. Qualquer crueldade ou ato de maldade a todos os seres precisa de punição rigorosa, não apenas o que acontece com os bichos, mas a qualquer ser vivo", completa.

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Márcia Rosa, de 32 anos, nem acreditou que a manifestação reuniu tanta gente. "Para nós isso é uma vitória", comemora. Ela é uma protetora independente - que não está ligada a uma ONG - e trouxe a filha, Vitória Rosa, de 14 anos, e a sua amiga, Cintia Pires, de 55, para apoiar a causa. "Estamos aqui para também fazer com que se lembrem do sofrimento dos gatos. A maioria pensa apenas nos cães, mas há muita dificuldade para doar os bichanos e eles são constantemente vítimas de maus-tratos."

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Máscara para lembrar dos gatos, vítimas de crueldades. Da esquerda para a direita, Márcia Rosa (32), Vitória Rosa (14) e Cintia Pires (55). CRÉDITO: FÁBIO BRITO/AE

Vários personagens também marcaram presença. Márcio Henrique de Aguiar se vestiu de Elvis e levou sua amiga Pitusha, uma cadela sem raça definida, para protestar.  "Ela vivia presa em uma corrente e eu a resgatei. Estou aqui para ajudar na divulgação e demonstrar como eles nos fazem felizes. Voltamos a ser crianças com a ajuda dos animais."

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Márcio Henrique: "Elvis também gostava de animais" CRÉDITO: FÁBIO BRITO/AE

Anita Hagge, protetora do Clube das Pulgas, chamou a atenção. Ela vestiu uma fantasia de enfermeira e ficou horas com a cabeça coberta por um balde e a roupa cheia de molho de tomate. Sobre ela um cachorro de pelúcia da raça yorkshire, representando a cadela Lana, morta brutalmente pela enfermeira Camila Corrêa, em Formosa (GO). "Esta é a forma de demonstrar a vingança da Lana, que foi morta de forma cruel."

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 Foto: Estadão

Protetora representou a vingança da yorkshire Lana, morta pela dona.

CRÉDITO: FÁBIO BRITO/AE

A manifestação na capital paulista também contou com personalidades. A modelo, atriz e apresentadora Gianne Albertoni fez questão de comparecer. "Não adianta ficar indignado, sentado em casa vendo a injustiça, queremos realmente punição para quem maltrata os animais." Luisa Mell também esteve à frente do movimento, puxando a multidão com gritos de protestos: "Justiça! Justiça! Justiça!" e chegou a ficar de joelhos com a multidão, relembrando os casos de maus-tratos mais recentes.

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Gianne Albertoni CRÉDITO: FÁBIO BRITO

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Luisa Mell CRÉDITO: FÁBIO BRITO

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 Foto: Estadão

Da esquerda para a direita: Elvis Presley (Márcio Henrique), Luisa Mell, Alexandre Rossi, Luiz Scalea (camisa laranja)

Ao voltar ao Masp manifestantes cantaram o Hino Nacional e o protesto foi dado como finalizado pelos organizadores, mas um grupo de protetoras de animais foi até a casa de Dalva Lima, de 43 anos, acusada de matar, no último dia 12, mais de 30 cães e gatos em sua casa, na Vila Mariana.

Os manifestantes bateram no portão do imóvel, na Rua Mantiqueira, e gritaram para a mulher aparecer. A situação ficou tensa e a Polícia Militar (PM) foi chamada para conter o tumulto. Segundo as protetoras, antes da chegada da PM, o ex-marido de Dalva, Anderson Alves, teria mostrado uma arma de dentro da residência e ameaçado o grupo. "Ele levantou a camisa e mostrou a arma. Eu vi! Ele me encarou com raiva, olhando nos meus olhos", afirmou Aline Caires, de 27 anos, que participava da manifestação.

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Manifestantes em frente a casa da Dalva Lima, na Vila Mariana, que é acusada de matar mais de 30 animais. CRÉDITO: FÁBIO BRITO

Um dos PMs informou que não havia arma na casa e que um boletim de ocorrência foi registrado. Um boato de que Dalva poderia estar na casa da ex-sogra fez com que os manifestantes saíssem da frente da casa da acusada e fossem até a Rua Dona Inácia Uchoa, a cerca de 400 metros dali. No local, houve mais confusão.

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Protesto na rua da ex-sogra da Dalva: protetores acreditavam que a acusada de matar mais de 30 animais se escondia no local. CRÉDITO: FÁBIO BRITO/AE

Depois de quase uma hora sob intimidações, a mãe de Anderson, Marlene Alves, chegou a pedir à imprensa que entrasse para constatar que Dalva não estava. "Não aguento mais, estou sendo agredida e ameaçada. Fui machucada e amassaram meu carro com uma pedra", disse.

Ela negou que soubesse a localização da ex-nora. "Aqui só tem deficiente e crianças. Ela não está aqui, podem ver." Mas decidiu ficar calada quando questionada se sabia o que Dalva fazia. "Reservo-me o direito de ficar calada." Depois de os jornalistas afirmarem que Dalva não foi encontrada dentro da casa, os manifestantes decidiram ir embora.

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