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Morte de animal em loja do Carrefour causa revolta

A morte de um cachorro conhecido como Manchinha, que foi agredido dentro da loja Carrefour de Osasco (SP), na sexta-feira (28/11), está causando revolta pelos quatro cantos do país. A comoção por parte da população, com apoio de famosos e ativistas, é justamente com o pedido de punição séria pelas autoridades a um segurança da empresa, que teria feito a agressão ao pet e que foi afastado do cargo preventivamente, como também o boicote ao estabelecimento.

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Por Fábio Brito
Atualização:
 

Foto: Reprodução Facebook

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O animal apareceu há cerca de um mês e era figura sempre presente no estacionamento e demais dependências do Carrefour. Os funcionários até cuidavam do cão, levando alimentos e água, além de buscar uma forma de conseguir um lar para ele. A investigação apura a denúncia de que o animal tenha sido vítima de maus-tratos do segurança mal preparado que, para cumprir ordens de sua gerência para expulsar o cão, acabou usando uma barra de ferro para bater no pet. Teria, ainda, o envenenado, de acordo com informações recebidas pela investigação. É possível ver vídeos e fotos que circulam pelas redes com cenas do Manchinha sendo perseguido pelo segurança com uma barra de ferro. Em seguida, o cão aparece sangrando e mancando.

O Manchinha ainda foi socorrido pelo Departamento de Fauna e Bem Estar Animal da Cidade, o que corresponde ao Centro de Controle de Zoonose (CCZ). Deu entrada com graves ferimentos, vômitos com sangue e pressão baixa, mas não resistiu a tentativa de socorro dos veterinários e morreu, conforme consta na nota da Prefeitura de Osasco. A rede Carrefour tentou, em nota, responder as diversas manifestações das redes sociais e a imprensa, apontando que tinham acionado o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Osasco, deixando a entender que o estado do cão poderia ter sido agravado por causa do manejo do animal, realizado pelos técnicos que foram resgatá-lo.

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Íntegra nota Carrefour:

"A rede repudia qualquer tipo de maus-tratos contra animais. Comprometido em manter a todos informados sobre o episódio ocorrido na loja de Osasco, nossa apuração preliminar apontou que o cachorro estava circulando pelo estacionamento há alguns dias. O Centro de Zoonoses de Osasco foi acionado por diversas vezes, mas não recolheu o animal. No dia do incidente, clientes se queixaram sobre a presença do cachorro, e, novamente, o órgão foi acionado. Um funcionário de empresa terceirizada tentou afastá-lo da entrada da loja e imagens mostram que esta abordagem pode ter ocasionado um ferimento na pata do animal. O Centro de Zoonoses de Osasco foi acionado novamente e compareceu ao local para recolhê-lo. No entanto, no momento da abordagem dos profissionais do órgão para imobilização, o cachorro desfaleceu em razão do uso de um "enforcador", tipo de equipamento de contenção. A Delegacia especializada de Osasco (D.I.I.C.M.A.) abriu inquérito e está investigando o caso. Estamos colaborando com as autoridades, disponibilizamos todas as informações e imagens para que o fato seja solucionado."

Íntegra nota Prefeitura de Osasco:

"Em resposta à nota divulgada pelo Hipermercado Carrefour, esclarecemos que o Departamento de Fauna e Bem Estar Animal esteve no local em atendimento a solicitação da Central 156 (Protocolo 2726381), cadastrada às 9h24 do dia 28/11/2018, para prestar atendimento a um cachorro ferido e sangrando. O comparecimento da equipe no local da ocorrência foi por volta das 10h. A equipe esteve no local e constatou a existência de um animal de espécie canina com sangramento intenso. O manejo foi realizado por um oficial de controle animal qualificado e o animal foi encaminhado ao departamento para atendimento emergencial. O animal deu entrada consciente no departamento em decúbito lateral (deitado de lado), mucosas anêmicas, hipotensão severa (pressão baixa), hipotermia intensa, hematêmese (vômito com sangue) e escoriações múltiplas. Apesar do tratamento instituído o animal veio a óbito. No dia 1/12/2018, o Departamento de Fauna e Bem Estar Animal passou a receber informações que se tratava de um caso de maus tratos e foi iniciado a apuração do caso com solicitação de inquérito policial. O inquérito policial está sob responsabilidade da Delegacia Especializada de Osasco. Somente o inquérito poderá indicar as causas da morte e a quem cabe a responsabilidade."

A ativista e apresentadora Luisa Mell, responsável pela ONG ILM (Instituto Luisa Mell) estava em Fortaleza quando ficou sabendo do caso. Voltou para São Paulo no sábado, foi ao local do crime, ao lado do delegado Bruno Lima, e desde então vem batalhando para que os culpados não fiquem impunes. "Infelizmente não consegui salvá-lo. Queria um final feliz para esse caso, mas não foi possível. Espero que (a morte) vire um mártir para salvar outros tantos animais", afirmou Luisa Mell. Até a manhã desta quarta-feira, a delegada Silvia Fagundes, de Osasco, já havia ouvido quase todas as testemunhas. Faltavam mais duas pessoas e o autor da atrocidade. A ideia é que o caso esteja encerrado até segunda-feira. Mas eles temem que o acusado se negue a depor. "A indignação é grande, tanto de delegados, como promotores e juízes, pois a pena é branda, entre três meses e um ano de prisão. Ele vai encarar um Júri Especial Criminal que deve obrigá-lo apenas a pagar cestas básicas", lamentou o delegado Bruno, primeira a chegar no local do crime pela proximidade com Luisa Mell e que está auxiliando a delegada Silvia. Através de sua assessoria de imprensa, o mercado divulgou nova nota repudiando o ocorrido e prometendo auxiliar as autoridades no que for preciso.

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"O Carrefour reconhece que um grave problema ocorreu em nossa loja de Osasco. A empresa não vai se eximir de sua responsabilidade. Estamos tristes com a morte desse animal. Somos os maiores interessados para que todos os fatos sejam esclarecidos. Por isso, aguardamos que as autoridades concluam rapidamente as investigações. Desde o início da apuração, o funcionário de empresa terceirizada foi afastado. Qualquer que seja a conclusão do inquérito, estamos inteiramente comprometidos em dar uma resposta a todos. Queremos informar também que estamos recebendo sugestões de várias entidades e ONGs ligadas à causa que vão nos auxiliar na construção de uma nova política para a proteção e defesa dos animais.

MUDANÇA NAS LEIS O artigo atribuído ao crime de maus-tratos é o 32 da Lei número 9.605/98 de Crimes Ambientais, que pune a prática de atos abusivos contra animais. A Lei se refere a aquele que fere ou mutila animais domésticos, silvestres, nativos ou exóticos. Em caso de condenação, o autor pode receber pena de detenção de três meses a um ano, além de multa. "Sinto-me impotente. A polícia se sente assim também nesses casos. Investiga, faz seu trabalho, mas a legislação é frágil. Como pode a perda de uma vida ser paga com cestas básicas? É um desequilíbrio grande", condenou o delegado Bruno Lima. "Mas estamos brigando para o aumento dessas penas. Por enquanto, sem nada aprovado." Luisa Mell foi na linha do delegado. "Tem de haver uma mudança na lei de maus tratos. Esse agressor não ficará preso, pagará só cestas básicas. Quem agride um animal dessa maneira, e ele sofreu tanto, faz o mesmo com pessoas. A revolta popular mostra o anseio da sociedade por mudança na legislação", disse. "E não temos órgãos para dar o devido cuidado aos animais pegos na rua. É um problema social, falta comprometimento."

BOICOTE AO CARREFOUR Além do protesto marcado para o próximo sábado na unidade de Osasco, o Carrefour ainda vê a onda de boicote contra suas lojas aumentarem de maneira gigantesca pelas redes sociais. Muitas pessoas declaram "jamais" voltar a comprar no hipermercado. Essa onda de indignação ganhou a importante adesão de artistas, como a humorista Tatá Werneck, os cantores Felipe Dylon, Lexa, os atores Marcelo Serrado, Solange Couto, Glória Perez e Giovanna Lancelotti. Tatá Werneck não poupou críticas ao Carrefour, que divulgou uma nota informando o afastamento dos responsáveis pela segurança da loja de Osasco. "Repudiamos todo e qualquer tipo de e maus-tratos aos animais." A apresentadora usou suas redes sociais contra a justificativa da rede francesa e cobrou um posicionamento mais claro. "Parem de fazer frases prontas e sejam humanos pelo menos agora", postou. "Se estão tão chocados quanto nós, aproveitem essa crueldade para fazerem a diferença."

Tatá Werneck /

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Marcelo Serrado https://www.instagram.com/p/Bq_D-xJl_6w/

 

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