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Dicas e curiosidades sobre animais

Será que seu gato está com dor?

Vamos presumir que sim, seu gato sente, sentiu ou sentirá dor e não demonstrará nada. Veja quais os principais sinais de dor crônica em gatos e o que fazer.

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Por Luiza Cervenka
Atualização:

Gatos são mestres em esconder dor - Eyesplash - Summer was a blast, for 6 million view/Creative Commons Foto: Estadão

Os gatos estão dominando o mundo. O número de felinos, em alguns países, já é maior que o de cães. No Brasil, a cidade de São Paulo já bateu essa marca. Mas eles estão muito bem escondidos nos seus apartamentos gatificados (assim espero). Escondida também pode estar a dor que ele sente.

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Gatos são predadores, mas também são presas. Quando pensamos que eles ainda se comportam como se fossem selvagens, esquecemos que um animal que demonstra fragilidade é uma presa fácil. Por mais que não haja predadores dentro da nossa casa, a fisiologia do gato ainda não se adequou a essa nova realidade doméstica.

Com alimentação balanceada e o avanço da medicina veterinária, os gatos estão vivendo cada vez mais. Ainda bem para nós, gateiros, mas isso gera um ônus aos bichanos. Em torno de 70% dos gatos apresentam ou apresentarão dores relacionadas à articulação. A mais comum é a osteoartrite. Aqui em casa é uma velha conhecida. O Félix e o Doritos têm essa benção aí (ironia).

Segundo Alessandra Bentes, coordenadora de serviços técnicos da Zoetis, apenas uma pequena parcela dos gatos não terá problemas de articulação. "Tutor de gato é diferenciado, mais atento. Mas ainda assim a osteoartrite é uma doença subdiagnosticada".

Diagnóstico

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O primeiro gato que foi diagnosticado com osteoartrite foi o Félix. Quando filhote e adulto sempre foi brincalhão. Adorava pular, correr e fazer bagunça. De repente aquele gato espevitado parecia não ter mais vontade de subir na gatificação, errava pulo para subir na mesa, tinha dificuldade até para subir no sofá. Passou a ficar mais deitado, sem querer brincar tanto. Se eu provocasse muito, apenas esticava a pata para pegar a peninha, enquanto ficava deitado. Será que finalmente a idade tinha chegado ao meu preto?

Nesse vídeo você pode ver como ele era super animado!

Foi então que eu contei para a fisioterapeuta do Doritos (já conto a história dele). Após exames e raio-X veio o diagnóstico: osteoartrite. Mas não pense que é doença de velho.

Doritos é meu gato amarelo que teve muitas fraturas ainda filhote. Para ajudar no crescimento correto, comecei a leva-lo para a fisioterapia desde os três meses de vida. Tinham me dito, na Ong, que ele ia ficar paraplégico. Não só a benção do gato andou, como pulou, escalou e sapateou na cara da sociedade. Mesmo com todo cuidado e acompanhamento, o gato amarelo, no auge dos seus dois anos, foi diagnosticado com osteoartrite. Principal sintoma: xixi e cocô fora da caixa.

Não é uma doença de idoso, como muitos ainda pensam. Qualquer gato, independente da idade ou do histórico de doenças, pode ter problemas articulares. Mas há alguns fatores que facilitam o aparecimento da doença, como obesidade e fraturas.

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Segundo a médica-veterinária da Fisiocare Jundiaí, Beatriz Fava, a osteoartrite é considerada um problema degenerativo crônico, afetando não só uma articulação, mas todo sistema biomecânico do paciente.. "Consideramos dor uma experiência que envolve aspectos sensoriais, cognitivos e emocional do paciente. A dor crônica, no entanto, é classificada não apenas pela sua intensidade, mas também pelo tempo que está presente. Geralmente são dores que duram mais de 3 meses" complementa.

O comportamento e a observação do tutor são fundamentais para o diagnóstico. "Muitas vezes são animais que deixam de realizar atividades que eram comuns no dia a dia, além disso a alteração de comportamento como por exemplo, apatia, comportamentos compulsivos como lambeduras e até mesmo agressividade se tornam parâmetros importantes para identificar o paciente com dor" explica Beatriz.

A obervação do comportamento do gato é a chave para o diagnóstico - Stuart Rankin/Creative Commons Foto: Estadão

Principais sintomas de dor crônica

  • Mancar
  • Diminuição da amplitude de movimento, começa a arrastar ou puxar a pata
  • Evitar ser tocado em determinada região do corpo, podendo reagir com mordidas ou patadas
  • Relutar fazer determinados movimentos
  • Micção e defecção em local inapropriado
  • Errar o pulo
  • ProstraçãoEvitar brincar de caça ou brincar deitado
  • Relutar subir em locais elevados, como a gatificação

Tratamento

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Tudo começa com a avaliação com um especialista em felinos, ortopedista ou fisioterapeuta veterinário. É muito importante buscar um especialista com olhar bastante apurado. Afinal, não basta entender de músculos ou articulações, mas compreender as micro expressões que o gato emite com dor.

Inclusive, existem algumas escalas para ajudar tutores e veterinários a compreender quando o gato está com dor. Porém, a maioria avalia dor aguda, não dor crônica. Mesmo assim auxilia para compreender melhor a dor durante o exame do médico-veterinário.

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Segundo Beatriz, o tratamento com fármacos se torna um desafio nesses casos, devido ao tempo e normalmente são paliativos. Isso sem falar da necessidade de medicação diária (eu passo isso com o Félix). "Podemos pensar em medicações a longo prazo como antidepressivos e anticonvulsivantes, como Gabapentina por exemplo, que agem no sistema nervoso central. Alguns antiflamatórios e opioides também podem ser utilizados em caso de agudização da dor" indica Beatriz.

Agora o que ajuda mesmo a segurar as dores do Doritos é a benção da fisioterapia. Às vezes parece que não está fazendo nada. É uma luz, uma bolsinha que esquenta, umas agulhinhas, laser, mas juro que faz muito efeito. O Doritos é outro gato quando volta da fisio. E aí se eu pular uma semana. Lá volta o gato a mancar e parar de subir na gatificação.

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Beatriz também aponta que o avanço da medicina integrativa é possível, através de técnicas não invasivas e menos deletérias, auxiliar no tratamento de dores crônicas, proporcionando melhor qualidade de vida para esses pacientes. "Entre algumas técnicas integrativas temos a acupuntura, fisiatria animal, ozônio terapia, uso correto da medicina canábica, entre outras" finaliza.

Em outros países, como Portugal, Espanha e EUA já há uma medicação revolucionária específica para osteoartrite. Basta uma injeção a cada 28 dias e o gato não tem dor. Parece mágica ou milagre. Estou ansiosa para que o Solensia (nome desse remédio) seja liberado logo aqui no Brasil. Me emociono de imaginar que meus gatos podem viver livre de dor, podendo ter maior qualidade de vida, executando seus comportamentos naturais. Em breve, em breve...

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