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Dicas e curiosidades sobre animais

Saiba tudo sobre cinomose: a doença que já poderia ter sido erradicada no Brasil

Uma das doenças mais sérias e transmissíveis em cães é a cinomose. Ainda há muitas mortes em decorrência desse vírus. Mas o que intriga é: como isso é possível se já tem vacina para prevenir?

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Por Luiza Cervenka
Atualização:

Cinomose não tem cura, mas tem vacina! - Simon James/Creative Commons Foto: Estadão

Antigamente era bastante comum perder filhotes por cinomose. Hoje, os casos diminuíram, mas não o quanto poderia ser, já que temos uma solução perfeita para prevenir a doença: a vacina!

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O que é cinomose?

A cinomose é uma doença viral grave e muito contagiosa em cães. Segundo a médica-veterinária e Coordenadora Técnica da MSD Saúde Animal, Kathia Almeida Soares, o vírus ataca os sistemas nervoso, respiratório e gastrintestinal, distribuindo-se por todo o organismo. A doença afeta principalmente os filhotes. Em especial aqueles que não possuem a vacinação contra a enfermidade. Importante lembrar que a doença pode deixar sequelas graves e até levar o pet ao óbito.

Como se dá a transmissão da cinomose?

Dra Kátia enfatiza que a doença é muito contagiosa e ocorre pelo contato direto com outros animais já infectados. "O contagio pode acontecer por meio das vias aéreas, quando se respira o ar contaminado ou por fômites (objetos que tiveram contato com o portador da cinomose)".

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Só filhotes pegam cinomose ou adultos também?

Os animais de qualquer idade podem pegar a cinomose. No entanto, a doença é mais comum em filhotes entre três e seis meses de idade e em animais idosos, onde a resposta imunológica pode não ser tão eficiente.

Cinomose mata mais filhotes e idosos - Austin Kirk/Creative Commons Foto: Estadão

Cinomose em números

Por não ser uma zoonose, não há necessidade de aviso obrigatório, como é o caso da raiva. Assim, mesmo que o veterinário ateste que o animal tem cinomose, ele não precisa avisar nenhuma autoridade. Por isso, os número que existem são baseados em estudos e levantamentos científicos. Segundo a Dra Kátia, essa casuística é muito variável de acordo com o tipo de estudo realizado e a localização geográfica. "Estima-se que o grau de infecção seja significativamente maior que o grau de doença, e que acima de 50% das infecções em cães domésticos possam ser subclínicas. Filhotes de cães jovens são mais acometidos pela cinomose canina, contudo, a faixa etária entre os três a seis meses apresenta maior número de casos" relata.

Por quanto tempo o vírus da cinomose fica no ambiente?

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Quem já teve um animal com cinomose deve tomar o maior cuidado se tiver outros animais ou se pensar em adquirir um novo cão. O vírus é altamente resistente e costuma se dar muito bem em ambientes frios e secos. Já em lugares arejados, com bastante luz e que sejam desinfetados com frequência ele deve durar, em média, três meses na área após a saída do portador.

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Quais os sintomas de cinomose?

Os sintomas mais comuns são:

  • corrimento nasal e ocular;
  • perda de apetite;
  • tosse

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Mas é essencial saber que existem quatro quadros:

  • respiratório - em que o animal possui sinais como tosse seca, pneumonia, dificuldade respiratória;
  • gastrintestinal - em que o animal passa a sentir desconfortos como diarreia, vômitos e dor abdominal;
  • neurológica - fase em que o pet pode apresentar convulsões, paralisia e andar em círculos;
  • cutânea - em que o cão apresenta problemas na pele como pústulas no abdômen e hiperqueratose dos coxins e nasal.

Sequelas da cinomose

A Dra Kátia pontua que quando o animal tem a doença e o caso evolui, ele pode ter algumas sequelas, mesmo não portando mais o vírus. "Essas sequelas podem afetar a qualidade de vida do animal, com tremores musculares, andar desequilibrado e crises convulsivas, por exemplo".

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A cinomose costuma deixar sequelas - Kristin "Shoe" Shoemaker/Creative Commons Foto: Estadão

Tratamento para cinomose

Infelizmente não há um tratamento específico para a doença. Apenas busca medicar o animal para ameniza os sintomas e evitar outras infecções. Por isso, é sempre melhor prevenir do que remediar e a vacinação é a melhor maneira! Sim, temos vacina para cinomose! Mas...

Se tem vacina, por que ainda não é uma doença erradicada?

"Acreditamos que o que pode influenciar em não eliminar a cinomose é a necessidade da ampliação da adoção de medidas preventivas pela população em geral, como a vacinação. Gostaria de reforçar que essa é a única e melhor maneira de evitar que os casos da doença aumentem, pois depois de infectar um animal, não há um tratamento específico, podendo o animal ter sequelas da infecção ou até mesmo evoluir para o óbito" alerta Dra Kátia.

Para que fique mais claro: se tem cachorro morrendo ou sofrendo com essa doença é por não ter sido vacinado. Estamos falando de, em média, de R$ 300,00 (3 doses) em vacina, para evitar gastar muito mais com o tratamento, sem falar no sofrimento do animal.

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Para piorar a situação, ainda há crendices populares que dificultam a erradicação da doença no Brasil. Dentre elas:

  • A doença pode ser transmitida para humanos. Não é verdade, não há evidências da infecção obtida naturalmente pelo vírus da cinomose em seres humanos.
  • Alimentos, como o quiabo, podem curar a cinomose. Não é verdade. Não há um tratamento específico para a doença, sendo o médico-veterinário o profissional responsável por instituir o melhor protocolo de tratamento de acordo com a evolução clínica de cada animal.
  • Só algumas raças são propensas à doença. Não é verdade. Qualquer cão não vacinado está propenso a desenvolver a cinomose, principalmente os filhotes e idosos.

Informação nunca é demais. Para garantir a saúde e bem-estar do seu peludo, busque um médico veterinário. Faça a vacinação de filhote. Quando adulto, faça pelo menos o exame de titulação, para ver se o animal ainda está imune a doença. É nossa responsabilidade priorizar a saúde e qualidade de vida dos nossos animais.

 

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