Ter um cachorro bonzinho e educado em casa exige muita dedicação e paciência. Aqueles cães tranquilos, obedientes são o sonho de muitos tutores. Mas qual a melhor forma de ensinar a um cão o que é certo e o que é errado?
Diversas técnicas foram empregadas ao longo dos anos. Assim como a forma de educar as crianças mudou (vide a lei da palmada), os cães e gatos também devem ser ensinados de forma muito diferente de dez ou vinte anos atrás.
Criança que desobedecia, apanhava de cinta. Hoje, já sabemos que isso não resolve e ainda pode causar um grande trauma na criança. Mas acredita que algumas pessoas ainda educam seus animais de estimação com o mesmo pensamento da cinta?
Em pleno século XXI ainda há tutores e adestradores colocando em prática o puxão na guia para parar de puxar no passeio, o spray de água quando late, o esfregar de focinho quando faz xixi no lugar errado ou o dar bronca quando fez algo errado.
Diversos estudos científicos demonstram que cães e gatos não compreendem a bronca. "Ah, mas meu cachorro sabe que ele fez algo errado, porque ele vai para a caminha e fica triste" você pode pensar. Esse comportamento não é de culpa, mas de medo. Sim, seu cachorro fica com medo, em pânico, sem saber o que você fará com ele, com uma cara e comportamento tão agressivo.
Não é por isso que ele deixará de fazer o que você considera como errado. Mesmo porque, ele não sabe o que ele fez indevidamente. Por isso, a melhor forma de ensinar um pet sobre o que pode ou não fazer, é recompensando positivamente o acerto.
Seu cachorro fez xixi no lugar certo, faça muita festa, carinho e dê um petisco. Seu gato está arranhando o local correto, faça muito carinho ou brinque com ele do que ele mais gosta. Seu cachorro está deitado calminho no chão, chame-o para brincar ou faça um carinho nele. Quanto mais recompensado ele for por um comportamento, mais frequentemente ele irá repetir.
Para quem ainda acha tudo isso papo para cão dormir, aqui vai uma historinha:
Um dia fui chamada para atender uma cachorra que latia e avançava em outros cães na rua. Claramente, percebi que a cadelinha morria de medo de tudo, inclusive da coleira, rua, pessoas, etc. Perguntei a tutora o que ela já tinha feito para resolver a situação. Ela me contou que havia contratado uma adestradora, a qual usou uma latinha com pedrinhas dentro para ser chacoalhada cada vez que houvesse um rosnado no passeio.
Perguntei à tutora se após a utilização da técnica da latinha o comportamento na rua piorou. Sem ter se dado conta anteriormente, ela refletiu e chegou a conclusão que sim. Antes a cachorra não avançava em pessoas, apenas em cães. Agora, ela avança até em quem está passeando com ela.
Agora imagine você, morrendo de medo de passar por uma situação e vem um cidadão fazendo um barulho insuportável na sua orelha, sem que você possa reagir a isso ou se desvencilhar dali. A utilização da latinha (punição) causou um trauma ainda maior naquele ser indefeso e amedrontado.
Ainda está em dúvida sobre a punição? Vamos a mais um exemplo:
Fui gravar uma entrevista com uma cachorra e seu tutor. Percebi que a pequena usava uma coleira diferente. Perguntei ao tutor, que logo me respondeu: "é uma coleira anti-latido. Cada vez que ela late, dá um leve choquinho para ela parar de latir". Continuei a perguntar: "E funcionou?". Ele, com cara desapontada respondeu: "Nada, ela é tão agitada, que pode latir o quanto for, que o choque nem faz mais efeito". O indicado pelo adestrador era aumentar a potência do choque para que voltasse a fazer efeito. Mas (ainda bem) o tutor não quis.
Só mais um caso, para você não ficar com a pulga atrás da orelha:
Um tutor me procurou para que sua cadelinha aprendesse a fazer xixi dentro de casa. Ela só fazia na rua e isso estava causando uma certa dor de cabeça. Ao questionar sobre como ela começou a fazer suas necessidades apenas na rua, o tutor contou que, quando ela era filhote, ao fazer xixi dentro de casa, ele gritava e batia o jornal no chão. A intensão era que ela aprendesse a fazer xixi somente no jornal, mas não funcionou.
Hoje, a cachorra prende 12 horas se preciso for. Mas o xixi e o cocô, somente na rua, onde tem a garantia que não vai levar grito e nem susto de jornal. Ela associou que fazer xixi e cocô é errado. Para resolver essa história, muita, muita, muita terapia e recompensa positiva toda vez que ela faz xixi.
Para facilitar o entendimento deste tema, ainda tão controverso entre alguns profissionais, aqui estão três vídeos. Neles explico o que é punição positiva e negativa, quais os tipos de punição mais usados, seus efeitos e como resolver os problemas de comportamento do seu peludo.