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Dicas e curiosidades sobre animais

5 maiores medos dos tutores de cães

O medo da perda de um animal está mudando o hábito de alguns tutores. Veja quais são os maiores receios e como resolvê-los.

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Por Luiza Cervenka
Atualização:

Ter medo é normal, mas não pode ser paralizante - Lua Pramos/Creative Commons Foto: Estadão

Os cães, cada vez mais, têm um lugar muito especial nas nossas vidas. São filhos, melhores amigos, família. Obviamente que não queremos perder ninguém que seja querido a nós. Mas o medo dessa perda tem mudado alguns hábitos de tutores e colocado em risco o bem-estar dos cães.

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Ontem atendi o caso de dois cães que estavam brigando. Uma das minhas perguntas foi sobre o passeio. A tutora me explicou que não passeia com eles para não correr risco. Ela apontou diversas razões pelas quais o passeio se torna muito perigoso e deve ser evitado.

Todos nós sentimos medo. Seja de um animal, de uma violência, de um golpe, de sermos enganados, de uma perda. É natural para qualquer espécie sentir medo. Até algumas plantas reagem a estímulos que possam causar danos. Os animais perante o perigo podem fugir ou atacar. É a clássica reação mediada pelo sistema simpático e parassimpático, que aprendemos na escola. Mas essa reação é do indivíduo para o indivíduo. E quando eu tenho medo e o outro é que sofre as consequências?

Há uma linha muito tênue entre querer preservar a integridade física e mental do animal e privá-lo de viver. A grande palavra envolvida nisso tudo é egoísmo. Sei que é forte, mas o que eu acho, sinto ou acredito é mais forte do que a felicidade do outro. Eu prefiro que o outro não seja plenamente feliz porque EU tenho medo de perde-lo. Por uma falta de estrutura emocional minha de lidar com situações adversas, EU privo o outro de exercer seus comportamentos naturais mais necessários. Esse egoísmo pode estar vestido de compaixão, preocupação ou até amor. Mas se coloca em cheque o bem-estar alheio, tolhendo sua vida, é o mais puro egoísmo.

E de onde surge esse egoísmo? Do medo. Quais são os seus medos em relação ao seu cachorro? O que você faz para lidar com eles?

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O medo da perda pode levar tutores a agirem de forma egoísta - spodzone/Creative Commons Foto: Estadão

Vamos aos principais medos relatados pelos tutores e como superá-los.

  1. Medo de roubarem o meu cachorro

Sabemos que o número de roubos de cães está realmente aumentando. Mas é importante entendermos o perfil de cães roubados e como os roubos acontecem. Assim, poderemos lidar com isso.

Dificilmente um cão sem raça definida, um vira-lata, será roubado. Ele vale muito pouco. O alvo normalmente é cão de raça e o menor possível. Se você tem um cão pequeno, peludo, fofo e de raça, não se apavore. Basta entender como eles agem.

As situações mais comuns acontecem na distração do tutor. Seja ao deixar o cão amarrado do lado de fora de um estabelecimento ou mesmo preso na cadeira de um restaurante, enquanto vai ao banheiro. Outra situação é a abordagem durante o passeio. A pessoa se aproxima, faz perguntas estranhas, como "quanto você pagou?", "é castrado(a)?", "quantos anos tem?", abaixa para fazer carinho, solta o mosquetão da guia e sai correndo com o cão. Ainda tem a pessoa que pede para pegar no colo para tirar foto e sai correndo com o cão. Cães soltos no parque sem supervisão também é outra possibilidade de furto. Dificilmente vai haver um assalto a mão armada, porque não se sabe qual será a reação do cão.

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Se você tem medo de ser assaltado e levarem seu cãozinho, busque horários e locais mais movimentados e fique muito atento. Não fique no celular enquanto passeia com seu cachorro. O foco é 100% no peludo. Pode parecer óbvio, mas evita a maioria dos furtos.

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  1. Medo do meu cachorro ser atacado

Infelizmente ainda temos muitos cães errantes, sem donos, que perambulam pela rua. Alguns deles realmente são reativos e podem atacar. Quando você menos espera, pode aparecer um cão e não podemos prever a reação dele. Outro tipo de ataque é em portão, mas basta não deixar seu cachorro cheirar o cão que está dentro da casa dele. Mas os ataques mais comuns acontecem em parques ou com o cão na guia.

Há uma forma muito simples de prevenir esse tipo de situação. Observe as interações do seu cachorro. Antes dele morder ou do outro cão atacar, ocorrerão sinais claros, como lamber focinho, virar o rosto, tensionar o corpo, piloereção, desviar o corpo. Percebeu que a situação não está muito legal, chame o seu cachorro para sair daquela situação. Isso deve ser ensinado e treinado previamente.

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Eu tenho um mini cão, a Aurora, de 2,3 kg. Ela frequenta parques de cães solta. Eu sempre fico de olho. Mas tem uma dica fundamental. Ao entrar no espaço, eu observo a energia que está rolando. Tem muitos cães latindo? Os cães estão correndo ou muito agitados? Já formou uma matilha, aonde um vai, todos vão atrás? Se a resposta for sim para qualquer uma dessas perguntas, meia volta. Eu não entro. Eu gosto de ir bem cedinho, tipo 7h da manhã. O tipo de tutor é outro, os cães nesse horário já estão acostumados a frequentar o parque e são mais sociáveis.

Mesmo com todos esses cuidados pode sim acontecer uma mordida. Mas nem todos os ataques são mortais. Brigas acontecem e a maioria só deixa marcas superficiais. Basta levar ao médico veterinário que estará tudo resolvido.

  1. Medo de atropelamento

Muitos cães e gatos morrem atropelados. Na maioria das vezes os animais estão soltos, sem coleira ou guia. Se você andar com coleira e guia, atento ao trânsito e aonde o cão vai, esse é o menor dos riscos.

Esses dias eu estava dirigindo por uma avenida bastante movimentada, quando um cachorro, na guia, tentou atravessar a rua, no meio dos carros. Por um tris ele não foi atropelado. Daí você pode se perguntar: "como isso aconteceu se ele estava na guia?". Ele estava na guia, mas a tutora estava no celular, sem prestar atenção para onde o cão estava indo. É uma questão de frações de segundo. Por isso, não fique no celular enquanto passeia. O foco (mais uma vez) é 100% no cachorro.

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No passeio, o foco da sua atenção deve estar 100% no cachorro - AKASH U.K/Creative Commons Foto: Estadão

  1. Medo de fuga ou coleira soltar

Mas e quando o atropelamento é decorrente de uma fuga ou da coleira estourar? Isso pode acontecer. Por isso é muito importante nos atentarmos para os equipamentos que estamos usando.

Se você mora em casa e seu cachorro fica no portão, mesmo que ele seja treinado, o risco da fuga sempre existe. Não deixe o cão com acesso à garagem ou portão de chegada. Ele precisa de uma fresta mínima para fugir.

Sobre o equipamento, a escolha do material é fundamental. Os cães que fogem são aqueles com ferramentas frágeis ou no tamanho errado. Alguns tutores, com receio da coleira machucar o cão, deixam o equipamento muito largo. Com isso, o cão pode se assustar e tentar tirar cabeça e patas. Se o seu cachorro tem reações inesperadas, seja por medo ou euforia, o ideal é usar uma coleira do tipo H com regulagem no pescoço e no corpo, que esteja bem ajustada. Mesmo que ele consiga tirar a pata, ele não vai conseguir tirar a cabeça. É o melhor modelo anti fuga. É o que eu uso na minha cachorrinha.

Quanto à guia, dê preferência ao mosquetão de latão ou que tenha roldana para fechar a abertura do mosquetão. Não escolha pelo preço. O barato pode sair muito caro. Nada de usar aquelas coleiras e guias de couro, comuns em pet shops. São infinitas as histórias de problemas. E vale lembrar que o treino do "vem" é ótimo para chamar o cão, caso estoure a coleira ou guia.

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  1. Medo que pegue doença

Esse é o motivo mais comum dos tutores não quererem passear com seus cães. Medo de pegar algum tipo de doença. Mas peraí, seu cachorro está vacinado, protegido contra ecto-parasitas, faz check-up todo anos? Então vamos relaxar e curtir o passeio. Seu cachorro pode pegar doença até dentro de casa. Pode ter vindo com doença. São diversas as histórias de cães que já chegaram com doença do carrapato ou mesmo giárdia.

É normal o cachorro ficar doente. Mas se ele tiver uma boa alimentação, uma rotina saudável, uma qualidade de vida elevada, a chance dessa doença ser grave, é muito menor. E sabe o que ajuda o cão a ficar saudável? O passeio!

O vírus da COVID-19 ainda está aí, circulando e matando gente. Mas tenho certeza que você já está saindo, aglomerando, abraçando sem máscara. Estamos correndo risco o tempo todo, mas não podemos deixar de fazer coisas que nos alegram. Com o cachorro é a mesma coisa. O potencial risco de contrair alguma doença não é justificativa para trancafiá-lo a sete chaves.

Colocar o animal em uma bolha, tentando protegê-lo, só fará com que os poucos anos de vida dele sejam sem graça. A partir de hoje, ofereça a vida como o seu cão merece. Saia, passeie, faça trilha, aula de natação, viaje, leve na casa de amigos, frequente locais pet friendly. Respeite a individualidade, mas também a natureza do peludo. Amar é permitir se feliz. Querer só para si não é amor, é egoísmo.

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