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Dicas e curiosidades sobre animais

5 cuidados que todo gateiro deve ter

Com o aumento do número de gato, também subiu o número de tutores preocupados com a saúde e bem-estar dos bichanos. Alguns cuidados são fundamentais para garantia de qualidade de vida.

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Por Luiza Cervenka
Atualização:

Gatos são seres único. Por isso merecem cuidados especiais - Foto: Lilian Knobel

Na quinta-feira, 17 de fevereiro, é comemorado o Dia Mundial do Gato, data criada para exaltar a relação com esses animais, mas também para chamar a atenção aos cuidados com os felinos. São inúmeras as precauções que esse pet requer, entre elas, alimentação, a busca por um especialista, comportamento, vacinas e até prevenção contra pulgas.

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Segundo dados da pesquisa Radar Pet da Comissão de Animais de Companhia (COMAC), o número de gatos nos lares brasileiros cresceu três vezes mais do que o de cães. Uma prova desse crescimento está no levantamento feito pelo programa Adote Petz, do Grupo Petz. Ao todo, cerca de 7.838 pets ganharam um novo lar. Pelo segundo ano consecutivo, o número de gatos adotados foi maior que o de cães: 62% contra 38%. A pesquisa ainda aponta que mais de 80% das adoções ocorrem na região sudeste, seguida por: 8% no sul; 6% no centro-oeste; 4% no nordeste; e 1% na região norte do país.

Especialista em felinos

Há uma máxima que diz que gatos não são cães menores. Por serem tão diferentes, merecem ser atendidos por um profissional que entenda desse serzinho a fundo. Há tantas particularidades em um gato, que nem sempre é possível aprender tudo na faculdade. Então, alguns médicos-veterinários se especializaram somente no atendimento de gatos.

Segundo o médico-veterinário especialista em felinos na Clínica MasterCat, Carlos Alberto, as clínicas exclusivas e especializadas em felinos, bem como os veterinários que trabalham nesses estabelecimentos, tendem a seguir programas onde são adotadas técnicas de manejo amigáveis aos gatos (Cat Friendly Practice - AAFP). "Esses programas estabelecem diretrizes e boas práticas para que os atendimentos aos gatos sejam realizados da forma mais correta possível e reduzam ao máximo o estresse nas consultas veterinárias. Além disso, a estrutura física dessas clínicas tende a ser mais preparada para receber os felinos e os veterinários que atendem exclusivamente gatos, normalmente estão melhor capacitados para realizar uma consulta adequada, realizando diagnósticos precisos e tratamentos mais corretos" aponta.

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No Rio Grande do Sul, por exemplo, vai ser inaugurado o primeiro hospital privado dedicado exclusivamente aos gatos. Uma expansão dos atendimentos da clínica Chatterie, mediante a grande demanda e necessidade.

Nos grandes centros, já é possível encontrar clínicas e hospitais que recebem apenas pacientes felinos. Cães não chegam nem na porta. Isso porque, sendo o Dr Carlos, a presença dos cães na recepção da clínica, por exemplo, faz com que os gatos se sintam ameaçados e amedrontados, gerando maior estresse e alterações em parâmetros clínicos. "Os cães acabam latindo bastante e muitas vezes se aproximam da caixa de transporte dos gatos e isso provoca bastante medo nos felinos. Além disso, a simples detecção olfativa da presença de cães no ambiente acaba gerando estresse. Ou seja, uma clínica Cat Friendly nunca deve permitir a presença de cães" reforça.

Eu mesma levo os meus gatos em uma clínica especializada. Não posso negar, o atendimento é completamente diferente. E não é só uma opinião minha.

Fui atender uma família com três gatinhos. Quando perguntei sobre o check-up, eles me informaram que haviam feito em uma clínica de bairro. Então, pedi para passar o mais velho com um especialista em gatos.

A professora Cristiane Biasotto Feitosa conta que não conhecia essa especialidade. "Nunca imaginamos a importância de levarmos nossos gatos a especialistas em felinos. Achávamos que todo veterinário faria um atendimento diferenciado. Mas não é o que ocorre. As clínicas comuns além de não serem adaptadas a esses animais, muitas vezes contam com profissionais que são bons, mas não são especializados, o que faz toda diferença" relata.

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Dr Carlos conta que, infelizmente, muitas pessoas acabam procurando as clínicas especializadas após passarem por experiências negativas com os seus gatos em clínicas que não são exclusivas ou que simplesmente não adotam práticas amigáveis aos gatos. "Isso poderia ser evitado caso a pessoa procurasse diretamente as clínicas especializadas. Isso evitaria que muitas pessoas se sentissem desestimuladas em levar o seu gato para uma outra consulta veterinária, pois ninguém deseja que isso seja um fator de estresse para o felino e seu tutor. Além disso, a tendência é que um profissional com maior experiência em clínica de felinos consiga fazer o diagnóstico de uma forma mais rápida e assertiva do que os clínicos gerais" afirma.

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Se você ainda está em dúvida sobre levar ou não seu gatinho em um especialista em felinos, aqui vai um recado da Cristiane "Quando escolhemos adotar um animal devemos firmar com ele um compromisso. Oferecer o melhor fará toda diferença na vida de seu gato. Conheça um especialista e veja a diferença!".

E se você acha que seu gato é uma onça indomável, Dr Carlos explica que diversos tutores ficam espantados com as diferenças no comportamento do seu gato quando passam em atendimento em sua clínica, em comparação às clínicas mistas (cães e gatos). "É nítido que um ambiente adequado e adotando-se as práticas amigáveis aos gatos, eles fiquem muito mais calmos e muitas vezes permitam a realização de procedimentos que em atendimentos anteriores não foram possíveis" finaliza.

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Vacina em gatos

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Se tem um grande mito dentro os tutores de gato é "meu gato não sai de casa, então não preciso vacinar". Pois eu sou prova de que isso é a maior mentira do universo.

Estava eu, plena e bela, dormindo, quando de repente vejo algo voando no meu quarto. Em seguida, dois gatos entraram correndo. Ao acender a luz, identifiquei um morcego se debatendo no teto.

Eu corri para abrir as janelas e garantir que o morcego fosse embora. Mas bastou uma piscada do morcego e o Doritos (um dos meus gatos) conseguiu dar uma patada e jogar o parente do Batman no chão.

Quando percebi que os três gatos já estavam indo caçar sua presa, dei um enorme grito (sei que não pode, mas o desespero foi maior). Com o susto, o morcego recuperou as forças e voou pela janeira, para fora do meu apartamento. Detalhe, eu moro no 16º andar.

E se o morcego estivesse contaminado com raiva? E se meus gatos não tivessem vacinados? É, melhor não arriscar! Isso sem falar em alguns vírus que podemos carregar nos sapatos, barras de calça por onde andamos e levar para dentro de casa. Simbora vacinar os bichanos anualmente, para que eles não corram risco! Para isso, busque um médico-veterinário.

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Segundo Ana Both, médica-veterinária e coordenadora técnica de Animais de Companhia da Zoetis, o protocolo vacinal disponível no Brasil para gatos é mais enxuto se comparado ao dos cães e envolve dois pilares: o primeiro é referente à vacinação contra raiva. Por ser essencial, deve ser dada ao animal a partir dos 3 meses de idade, uma vez ao ano por toda a vida.

O outro pilar, como conta Dra Ana, envolve as vacinas polivalentes,e o gato pode receber uma vacina tríplice, quádrupla ou quíntupla. A recomendação de qual delas deva ser aplicada no animal é do médico-veterinário. "A tríplice protegerá o animal para a panleucopenia, calicivirose e rinotraqueíte felina; a quádrupla acrescenta proteção à clamidiose e, por fim, a quíntupla adiciona proteção à leucemia viral felina. Essas vacinas devem ser aplicadas a partir dos 2 meses de vida. O protocolo inicial dessas vacinas múltiplas envolve reforços,em intervalos de 3-4 semanas,até que completem aproximadamente 4 meses de idade.Depois, deve ser dada anualmente" afirma Dra Ana.

A vacinação é muito importante, mas a médica-veterinária lembra que é preciso que ela é feita em animais saudáveis. Por isso o acompanhamento contínuo do animal por um médico-veterinário é fundamental, em todas as fases de sua vida. "Só esse profissional tem conhecimento técnico para determinar as necessidades de cada paciente e avaliar se o animal está apto a receber uma vacina".

Antipulgas

Muitas pessoas acreditam que estes parasitas são ameaças apenas para os cães, é o que esclarece Bárbara Duarte, médica-veterinária e coordenadora técnica pet da MSD Saúde Animal.

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"Pulgas são um grande problema também para os felinos porque, além da coceira e irritação, podem ocasionar muitas doenças como dermatites, verminoses, além da Bartonelose que, quando transmitida aos humanos, é conhecida como a famosa Doença da arranhadura do gato", explica a veterinária.

Quando surge uma pulga no seu gato significa que cerca de 95% desses parasitas estão morando na sua casa (eca!). Por isso é importante que produtos que eliminem pulgas tenham início de ação de forma rápida, para que impeçam que esses parasitas adultos consigam colocar mais ovos, aumentando a infestação em grandes proporções.

Para acabar com esse problema é necessário que o tutor aposte na prevenção em dose dupla: limpeza do local em que o animal vive e a utilização de um produto contra as pulgas. "É importante ressaltar que a escolha desse produto faz toda a diferença. Por isso, nós profissionais sempre recomendamos aqueles que tenham rápida ação e longa duração, para que novos parasitas não se proliferem e para que os ciclos de vida de pulgas sejam interrompidos, eliminando não somente os parasitas adultos. Além disso, é preferível optar por produtos que podem auxiliar no tratamento de outras afecções como, por exemplo, a sarna otodécica e as verminoses intestinais", ressalta Bárbara.

Comportamento felino

Os gatos foram domesticados há cerca de 10 mil anos. Pouquíssimo tempo, quando comparado aos 25 mil anos de domesticação dos cães. Por isso todos os felinos carregam o instintos semelhantes. Mesmo dentro da nossa casa. Podemos dizer que temos uma mini onça.

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Sabe aquele sofá arranhado? Aquela cortina rasgada? Aquela torneira que virou bebedor? O topo da geladeira que virou cama? Tudo isso é gambiarra que os gatos fazem para suprir suas necessidades naturais.

A garantia do bem-estar de um gato é oferecer espaços e objetos que propiciem os comportamentos naturais de arranhadura, lambedura, alimentação, caça, eliminação, descanso e segurança.

Não reclame do comportamento indesejado do seu gato. Mas compreenda que o ambiente pode não estar tão interessante para ele. Isso sem falar nas alterações comportamentais em decorrência de problemas clínicos. Afinal, os gatos são mestres em camuflar dor. Mais um motivo para levar no médico-veterinário especialista em gatos.

Alimentação de gatos

E vamos a mais um ítem polêmico e cheio de mitos. A alimentação que mais se assemelha à caça (o animal predado) é a ração úmida (os sachês e patês). Além de ingerir mais água, os alimentos úmidos possuem um percentual maior de proteínas. Mas dê preferência por aqueles que são balanceados e completos.

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Mas isso não quer dizer que eles irão aceitar qualquer sachê. Segundo a Médica Veterinária da Royal Canin, Priscila Rizelo, os gatos, possuem um paladar menos desenvolvido (com menos receptores hustativos) do que o de cães e humanos. Assim, eles são atraídos pelo aroma, sensação do alimento na boca, textura, forma e, por último, pelo sabor. "É preciso fazer testes com as diferentes texturas dos alimentos para ver qual é a que o animal mais se adapta", explica a Médica-Veterinária.

E não venha com aquele mito de que sachê engorda ou possui muito sódio. É um dos maiores mitos da vida felina. Ao contrário do que se imagina, os alimentos úmidos têm menos calorias do que os alimentos secos, segundo Dra Priscila. O alto teor de umidade (>80%) "dilui" as calorias presentes no alimento, por isso são aliados na manutenção de peso.

Cuidar dos nossos gatos é muito mais do que deixar um pote com ração e uma caixinha de areia limpa. É preciso compreender a espécie, seus comportamentos naturais e buscar os profissionais mais gabaritados para atendê-los e entende-los.

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