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Uma alimentação consciente no paraíso da comilança

Reduzir o consumo de carne faz bem para a saúde e para o planeta

Por Juliana Carreiro
Atualização:

Hoje é segunda-feira, por isso vou te fazer um convite, que tal passar o dia sem comer carne? Aproveitar para se desintoxicar dos excessos do final de semana? Que tal experimentar pratos que tenham verduras e legumes como protagonistas? Na verdade esta é a proposta da Sociedade Brasileira de Vegetarianismo. A "Segunda sem Carne" é o principal meio de divulgação desta filosofia. A ideia é que aqueles que toparem "despertem para algo novo", se sintam melhor e passem a adotar este estilo de vida. Confesso que ainda como carne, mas prometo aceitar o desafio.

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Nos últimos dois anos as buscas no Google pelos termos "vegano" e "vegetariano" cresceram 700%. De acordo com a gerente de certificação do selo vegano da Sociedade Brasileira de Vegetarianismo, Carol Murua, entre os fatores que motivaram este crescimento estão a preocupação com a saúde, com o direito dos animais e a necessidade de preservação dos recursos naturais: "eu acho que é um conjunto, as pessoas estão percebendo que o mundo está gritando, tanto na parte dos animais, quanto no clima que está maluco e este desgaste do planeta também está relacionado com o consumo, com a criação e com a exploração animal". Para se ter uma ideia, são necessários mais de 15 mil litros de água para se produzir 1kg de carne bovina e outros 6 mil para cada 1kg de carne suína. Esta preocupação deu origem à campanha mundial "World Meat Free Day", que foi realizada no dia 13 de junho, com o tema "Um pequeno passo pelo nosso planeta". De acordo com a campanha, se toda população brasileira deixasse de comer carne uma vez por semana seria economizada uma quantidade de carbono equivalente ao consumo anual de energia de 6 milhões de residências.

Algumas pessoas tornam-se vegetarianas porque ao consumirem carne vermelha, por exemplo, se sentem pesadas, pois têm dificuldade para digeri-la. Isso acontece com aqueles que têm níveis baixos de ácido clorídrico, necessário pra quebrar as grandes cadeias proteicas da carne. Quando a retiram da dieta, passam a se sentir melhores. Estas pessoas não terão a saúde prejudicada pela ausência das proteínas de origem animal, diferentemente do que muitos pensam. Mas para isso é necessário variar bastante o cardápio e colori-lo o máximo possível com um grande leque de frutas, verduras, legumes, cereais e leguminosas. A diferença é que as proteínas de origem animal são completas e as de origem vegetal, presentes principalmente nos cereais, tubérculos e leguminosas, contém os mesmos aminoácidos, porém são incompletas e por isso necessitam umas das outras para nos fornecerem tudo que precisamos, como a combinação do arroz com feijão, por exemplo. Grãos como a quinoa são exceção, pois têm uma quantidade proteica excelente. Portanto, não vale se considerar vegetariano e comer só massa com queijo. Segundo a Carol Murua, "quando você se torna vegetariano, você enriquece a sua alimentação, passa a conhecer o que você está comendo, presta mais atenção ao que consome, acaba sendo mais crítico e também experimenta alimentos novos, que talvez numa dieta convencional você não consumiria".

Vale lembrar que o consumo excessivo de proteína de origem animal não faz bem para ninguém. Não precisamos comer mais do que 100 a 120gr de carne por refeição. Quando ultrapassamos muito estas quantidades podemos acidificar o ph sanguínio, que deve ser levemente alcalino, sobrecarregar o fígado e os rins. Em média, os brasileiros consomem 84kg de carne por ano, fora os peixes, ovos e frutos do mar. São 40kg de carne bovina, que faz com o Brasil seja o quarto País com o maior consumo no mundo. Por aqui também são consumidos cerca de 32 quilos de frango e 11 quilos de porco todo ano, por pessoa. Você não precisa cortar as proteínas de origem animal do cardápio, mas talvez seja interessante repensar as quantidades consumidas e aproveitar para variá-lo.

 

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