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Uma alimentação consciente no paraíso da comilança

Por uma volta às aulas com mais hortas

 

Por Juliana Carreiro
Atualização:
 Foto: Estadão

Uma simples horta pode ter muito mais funções do que você imagina.

 

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A importância de uma educação de qualidade na vida das crianças é indiscutível. Assim como a importância de uma alimentação de qualidade para que elas se desenvolvam plenamente. A tarefa de incorporar hábitos alimentares saudáveis na vida dos pequenos pode ser um grande desafio para os pais e a escola, como um espaço de socialização, pode colaborar bastante com esta tarefa, ou até atrapalhá-la, dependendo do caso.

 

Como jornalista, atuo desde 2009 na área de educação. Nesses anos já vi dezenas de projetos de hortas em escolas públicas, feitas pelas próprias equipes ou, na maioria das vezes, em parceria com ONGs. Também já visitei muitas escolas particulares onde as hortas estão presentes e provêm a matéria-prima para divertidas aulas de culinárias. Não é por acaso que elas são escolhidas como temas para estas parcerias. São importantes ferramentas educativas.

 

É claro que uma horta escolar não irá fornecer alimentos suficientes para as refeições de todos os alunos da escola, mas ela tem muitas outras funções. Em primeiro lugar, aproxima as crianças do mundo das verduras. Muitas delas só vão conhecê-las quando entram na escola. Os pais que não têm o hábito de consumi-las, também não as oferecem para os filhos. As merendas escolares normalmente têm algum tipo de verdura, mas quando os pequenos novos consumidores participam de todo o seu processo de plantio e crescimento, o seu interesse cresce junto com elas.

 

De acordo com a nutricionista Mayra Corrêa, "as verduras são fontes de vitaminas, minerais, fibras e fitoquímicos, fundamentais para o bom funcionamento do organismo de qualquer pessoa e das crianças em especial pois elas estão em fase de crescimento. São a matéria-prima para o desenvolvimento físico e mental dos pequenos. Suas fibras são importantes tanto para o bom funcionamento intestinal quanto para o equilíbrio da glicemia, principalmente entre aquelas que consomem muitos alimentos refinados (biscoitos, salgadinhos, bisnaguinhas, bolos)". Segundo ela, "não é indicado trocar alimentos por recompensas, por exemplo: 'se comer salada, vai ter sobremesa', porque esse tipo de estratégia pode induzir a criança a considerar esses alimentos como 'vilões' e as recompensas acabam sendo supervalorizadas. O ideal é explicar a importância das verduras e sempre dar o exemplo, não adianta falar uma coisa e fazer outra".

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Aumentar o interesse dos pequenos pelas verduras já seria um argumento bom o suficiente para aumentarmos o número de hortas nas escolas. Mas o trabalho delas vai além. Em várias ocasiões já ouvi de educadores que a horta escolar é o único contato que os alunos têm com a natureza e, segundo eles, essa proximidade os acalma. Eles também aprendem na prática conceitos fundamentais de educação ambiental, como a importância da água, por exemplo. Passam a ter noções de paciência porque depois de plantarem precisam esperar as plantinhas crescerem. E quando isso acontece, ficam orgulhosos com o resultado do seu trabalho.

 

Também é uma forma de desviar o interesse deles do mundo eletrônico, por exemplo. Eu percebo pelo meu filho. Ele tem 3 anos e, como toda criança atual que dificilmente fica blindada da tecnologia, ele se interessa por televisão e celular. Mas quando vamos para casa do meu pai e o vovô vai regar as plantinhas, ele corre para ajudar. Às vezes vai sozinho para o quintal buscar umas folhinhas de manjericão para cheirar. Na primavera fica ansioso para chegar na casa dos avós e colher as amoras no pé. E eles não moram em nenhum sítio, pelo contrário, estão em um bairro bem urbano da capital paulista. Prova de que não é preciso ter uma grande área verde para fazer uma horta, isso serve para as escolas também. Dá pra fazer até em apartamentos, a sua versão vertical pode ser feita com garrafas pet, por exemplo. Se você se animar, vai encontrar vários modelos na internet, aí é só colocar a mão na terra e se aventurar.

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