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Uma alimentação consciente no paraíso da comilança

No Dia das Crianças, dê 'saúde' de presente

Por Juliana Carreiro
Atualização:

No Dia Mundial da Obesidade eu não poderia ficar alheia a este tema, mas vou tentar ir um pouco além do que costumamos ouvir sobre essa doença, que atinge cada vez mais brasileiros. Infelizmente, vou associar à data a outra que deveria ser apenas motivo de comemoração, o dia das crianças.

 

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Divulgado recentemente,o estudo The Infant and Kids Study feito pelo Ibope revelou que metade das crianças de 0 a 12 anos, da grande São Paulo, está acima do peso. Já de acordo com o IBGE, o índice de sobrepeso e obesidade entre crianças brasileiras de 5 a 9 anos subiu de 14% em 1974 para 51% em 2009, quando foi feita a última pesquisa. Entre as possíveis explicações para este grande aumento estão o sedentarismo e o aparecimento dos produtos ultraprocessados, que já fazem parte do dia a dia dos pequenos e estão repletos de sódio, açúcar e gorduras. Segundo o estudo, 47% das crianças entre 1 e 3 anos já consome mais do que 2 gramas de sódio por dia, que é o recomendado pela Organização Mundial da Saúde e nas faixas etárias seguintes, mais de 70% delas ultrapassam esta recomendação. Para completar, quase 30% das crianças que participaram da pesquisa consomem altos índices de gordura.

 

Muitas pessoas acreditam que durante a infância não é necessário se preocupar com a alimentação. "Deixe que eles se divirtam agora, quando crescerem eles se preocupam com o que vão comer". Esta frase eu ouvi de uma nutricionista em um Congresso de nutrição, onde estive na semana passada. Outros conhecidos acreditam que o excesso de peso na infância é só uma questão de aparência, também já ouvi "Deixa ele ser gordinho, eu também fui e hoje estou bem, quando crescer ele faz dieta". Entre os bebês então parece que quanto mais dobrinhas melhor, muita gente se preocupa se o filho está ganhando pouco peso, mas quando está bem fofinho parece que a mãe ganha um troféu "está sabendo alimentá-lo". Concordo que bebês e crianças não precisam se preocupar com a aparência, mas o excesso de peso demonstra que algo está errado no funcionamento do organismo. Os mesmos fatores que geraram o excesso de peso podem aumentar a pressão deles, fazer com tenham colesterol alto, triglicérides alto ou diabetes tipo 2. Vi recentemente o caso de um menino de 7 anos que já está com gordura no fígado.

 

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Se é que o excesso de peso tem um lado bom, pelo menos ele deixa claro que há algo de errado com o pequeno e faz com os pais repensem seus hábitos alimentares, ou deveria fazer com que repensassem. O mesmo não acontece quando as crianças não têm tendência para engordar, mas têm hábitos ruins. Muitas delas vão desenvolver outros sintomas, que são mais difíceis de serem descobertos. Estes dias ouvi a história de uma menina que tem pouco menos de 3 anos, é magrinha, mas já está com o colesterol alto. Os pais procuraram uma nutricionista, fizeram algumas pequenas modificações na sua dieta, mas disseram que a pequena 'não abre mão de comer um pastel de feira todos os domingos'. Eu já disse isso em outro post, mas vale reforçar que nós somos inteiramente responsáveis pelas escolhas dos nossos filhos. É claro que eles vão querer comer somente o que acharem mais gostoso, eles não têm como saber se isto ou aquilo vai ser nocivo ou não para a sua saúde, este é o nosso papel e devemos excercê-lo sem dó. Eu não tenho dó de nunca ter dado um pastel de feira para o meu filho, mas teria dó de vê-lo com os níveis de colesterol elevados, ou com gordura no fígado, por exemplo. 

 

 

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