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Uma alimentação consciente no paraíso da comilança

No Dia da Alimentação devemos falar sobre a fome

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Por Juliana Carreiro
Atualização:

 

Dia 16 de outubro é o Dia Mundial da Alimentação. Porém, não vejo muitos motivos paracomemorarmos. O que deveria ser um direito de todos os cidadãos, infelizmente não é, pelo menos por aqui. Às vésperas da eleição de um novo presidente é importante lembrar que a fome não foi erradicada no Brasil, pelo contrário, só cresceu nos últimos anos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, Ibase, atualmente 11,7 milhões de brasileiros estão passando fome, o que equivale a 5,6% da população. A ausência de políticas públicas voltadas para a resolução do problema tem sido amenizada por iniciativas de organizações sociais, que vem perdendo parte do apoio financeiro de parceiros, por conta da crise econômica.

 

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Há vinte anos, a ONG Banco de Alimentos pratica a chamada "colheita urbana" ou seja, recolhe alimentos que seriam descartados por 50 instituições parceiras e os entrega, pouco tempo depois, para as 45 instituições assistidas, que os transformam em refeições para comunidades carentes. Atualmente a ONG beneficia diretamente mais de 20 mil pessoas, com o intuito de reduzir o desperdício de alimentos. Segundo a organização,41 mil toneladas de comida são desperdiçadas todos os dias no Brasil e esses alimentos poderiam alimentar 25 milhões de pessoas diariamente. Em sua maioria são frutas, verduras e legumes em bom estado, mas como uma aparência que foge dos padrões exigidos pelo consumidor. Neste montante também estão talos, folhas e cascas, que não costumam ser consumidos pelos brasileiros, mas que têm uma qualidade nutricional muitas vezes melhor do que as partes consumidas. Também são recolhidos produtos industrializados que estão próximos do prazo de validade. Somente no mês de setembro foram redirecionadas mais de 28 mil toneladas de alimentos, do lixo para a mesa.

 

A Banco de Alimentos depende exclusivamente de doações de pessoas físicas e jurídicas para custear as atividades do projeto, além da colheita urbana, também são realizadasatividades de educação nutricional e ações de conscientização. As oficinas ensinam maneiras de diminuir o desperdício dentro de casa, programando melhor as compras da semana por exemplo e, principalmente, utilizando os alimentos em sua forma integral. As folhas da cenoura e da beterraba, por exemplo são distribuídas pelos feirantes de todo o país, sem custo nenhum, basta pedir. Elas podem ser refogadas e ficam muito saborosas, além disso, são muito mais nutritivas do que outras verduras e legumes. Alimentos como a abobrinha, a berinjela e o pepino japonês podem ser consumidos com a casca, mas se não forem orgânicos é importante que elas sejam muito bem levadas. A batata inglesa e a batata doce podem ir para o forno também com as cascas. Os talos da couve, do brócolis e da couve-flor não devem ser descartados, eles também são mais nutritivos do que as partes que consumimos normalmente e podem ser cozidos, refogados ou batidos no suco verde.

O Mesa Brasil Sesc, também atua nesta área e têm sentido a diminuição dos investimentos privados nas ações. O programa funciona há quinze anos como uma rede nacional de bancos de alimentos. De acordo com a gerente de Assistência do Departamento Nacional do Sesc, Ana Cristina Barros: "O objetivo é contribuir para a promoção da cidadania e a melhoria da qualidade de vida de pessoas em situação de pobreza, em uma perspectiva de inclusão social. As doações seguem o princípio da complementação alimentar visando agregar valor nutricional às refeições servidas pelas instituições cadastradas. Diariamente 1,4 milhões de pessoas são contempladas em todo o País". Hoje o Mesa Brasil Sesc atua em todos os estados do País,em duas frentes: o banco de alimentos e a colheita urbana. No primeiro, o trabalho é realizado por meio da busca de alimentos que estejam fora de padrões definidos para comercialização por produtores, supermercados, atacadistas e outros agentes. Esses produtos são armazenados em espaços próprios e distribuídospara entidades sociais. Já a colheita urbana é feita diariamente, com a coleta de alimentos frescos, produtos hortifrutigranjeiros e alimentos industrializados, que são distribuídos de forma imediata, sem estoque, por sua característica de perecibilidade. Entre janeiro e agosto deste ano foram distribuídas 26 mil toneladas de alimentos. Com mais de 3 mil empresas parceiras, que fazem as doações financeiras e mais de 5.800 entidades assistidas. No mesmo período já foram realizadas mais de 2.300 ações educativas.

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