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Uma alimentação consciente no paraíso da comilança

Instagram pode aprimorar suas escolhas alimentares

Confesso que demorei para me render ao Instagram, foi só no mês passado que, finalmente, criei a minha conta, @mesasaudavel. Nesse primeiro mês de contato com a nova rede, notei nela alguns aspectos positivos e negativos, no que se refere à alimentação consciente, que é o tema deste blog.

Por Juliana Carreiro
Atualização:

O meu interesse ao criar a conta era simplesmente trocar receitas. E é isso mesmo que estou fazendo. Notei que milhares, ou até milhões, de pessoas em todo o mundo têm esse mesmo objetivo, ainda que não seja o único. As fotos de pratos de comida estão entre as mais publicadas e nesse tema estão as de alimentação saudável, ou considerada saudável. Não sou vegana, nem vegetariana, mas encontrei centenas de contas com esses perfis que me chamaram a atenção pela diversidade dos pratos e pela riqueza deles.

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Percebi que as hashtags em comum trazem o sentimento de pertencimento que gostamos tanto. Antes das redes sociais, as pessoas com restrições alimentares, como eu, se sentissem como peixes fora d'água. Eu que não como glúten, por exemplo, me sinto em casa em meio a tantas fotos #glutenfree e encontro centenas de ideias boas e de novas receitas para fazer.

Essa autonomia de postarmos as nossas fotos e a facilidade de divulgá-las para centenas de milhares de pessoas, eu só tenho uma centena de seguidores, aumenta a nossa auto-estima enquanto cozinheiros de casa e até a nossa segurança para testar novas receitas.

Antes das redes estávamos acostumados a assistir aos programas culinários e, muitas vezes, achávamos que os pratos bonitos e interessantes estavam só nas mãos dos cozinheiros ou dos astros da televisão, que têm toda uma estrutura para prepará-los. Hoje sabemos que qualquer um de nós tem acesso a milhões de receitas e pode fazê-las, fotografá-las e ganhar muitas aprovações com ela, ou no caso, muitas curtidas. Certamente é um incentivo para irmos mais para a cozinha. E pesquisas demonstram que muita gente tem se afastado desse cômodo tão importante da casa.

Além desse empurrãozinho, a infinidade de receitas diferentes nos ajuda a variar o cardápio, quem cozinha todos os dias sabe como é difícil pensar em opções diferentes. Quando repetimos sempre os mesmos pratos, estamos usando sempre os mesmos ingredientes. E variá-los é muito benéfico para a nossa saúde.

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Li outro dia no próprio Instagram que ele ajuda as pessoas a comerem melhor. A conclusão é de um estudo norte-americano, que está sendo divulgado esta semana na Conferência de Fatores Humanos nos Sistemas Computacionais, em Denver. A autora atribui essa melhora a vários fatores, entre eles, acredita que ao fotografarem suas refeições para postá-las, os usuários ficam mais atentos ao que estão ingerindo. Podem também se sentir motivados a se manterem em um propósito pelos seguidores que curtem suas postagens.

A minha preocupação é com o culto à magreza e aos corpos musculosos que, assim como está presente na nossa sociedade, foi transportado para essa rede sob centenas de hashtags. São pessoas leigas e até profissionais de saúde que postam pratos de dietas restritivas, sem carboidratos, por exemplo, de excesso de exercícios físicos e nas legendas dão dicas para os seguidores. Sem falar na imensa quantidade de fotos de corpos sarados, definidos, magros, ditos perfeitos.

É bom lembrar que não há uma dieta que seja boa para todos nós, nem uma série ou outra de exercícios e nem todo mundo tem a genética necessária para ter um corpo assim ou o tempo e o dinheiro disponibilizados por esses 'gurus' gurus para se manterem como referências. As pessoas que têm o objetivo de emagrecer ou de ganhar massa muscular podem até se inspirar pela determinação ilustrada nas publicações, desde que sigam orientações individualizadas e passadas por profissionais. Com a orientação em mãos as redes sociais podem voltar a ajudar com todas aquelas ideias de receitas nutritivas, saborosas e saudáveis, que eu tanto gosto.

 

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