A partir de 1º de fevereiro, organizações da sociedade civil promovem uma campanha para a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência. De acordo com a Plan International Brasil e o Instituto Planejamento Familiar, todos os dias, 1.150 bebês nascem de mães adolescentes no Brasil.
O Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) ainda informa que a cada mil brasileiras entre 15 e 19 anos, 53 se tornaram mães em 2020, enquanto a média mundial é de 41. A gravidez na adolescência também é uma das principais causas do casamento infantil e das uniões informais precoces, aponta a campanha.
Segundo as entidades organizadoras da campanha, o problema é crônico em nosso país e afeta principalmente meninas negras e pobres. "A maternidade precoce tem uma série de consequências com impactos profundos para o futuro das meninas: além dos riscos físicos, como hipertensão arterial gestacional, anemia e partos prematuros, elas tendem a abandonar os estudos, não se profissionalizam e ficam mais sujeitas à violência doméstica", diz Cynthia Betti, diretora da Plan International Brasil.
Por isso a prevenção é fundamental, uma vez que 66% das gestações adolescentes não são planejadas. A parceria entre a Plan International Brasil e o Instituto Planejamento Familiar se dá por meio da divulgação de conteúdos e incidência em políticas públicas.
"Existe uma desigualdade grande entre regiões, estados e municípios. Em vários municípios do interior do Maranhão, por exemplo, a taxa de nascidos vivos entre mães adolescentes chega a 28%, bem acima da média nacional (14,7%). Entre as meninas que ficam grávidas na adolescência, a maioria é de negras e pobres. Isso reforça questões de vulnerabilidade, interseccionalidade de gênero e raça e mostra que as políticas públicas não chegam a todas. Precisamos saber quem são as meninas mais vulnerabilizadas para assegurar que os direitos delas sejam garantidos", afirma Nicole Campos, Gerente de Estratégias de Programas da Plan International Brasil.