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Direitos da criança e do adolescente

Plataforma colaborativa reúne oportunidades de recursos financeiros para jovens ativistas pela equidade de gênero

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Por Bruna Ribeiro
Atualização:
Crédito: Plan International Brasil  

A organização Plan International Brasil lança a Aceleradora da Igualdade, uma plataforma criada de forma colaborativa por jovens ativistas de mais de 40 países. O espaço digital reúne em um único lugar um banco de dados com oportunidades de recursos financeiros de organizações nacionais e internacionais, uma rede de grupos de jovens, um espaço com ferramentas para ativismo e recursos de aprendizagem.

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O site oficial da plataforma está disponível em português, espanhol e inglês. Nele, comunidades de jovens ativistas trabalham estrategicamente para promover a igualdade de gênero em nível nacional e regional e facilitar o intercâmbio com seus colegas, em um espaço digital interativo. Para marcar o lançamento, previsto para o próximo dia 26, serão abertas inscrições para recursos financeiros do Fundo da Aceleradora da Igualdade.

O link da Aceleradora também está disponível por meio do Portal Meninas Líderes, um ambiente virtual lançado no ano passado que tem conteúdo em textos, vídeos, agenda e debates sobre igualdade de gênero no Brasil e no mundo para meninas e jovens mulheres de 14 a 24 anos.

O fundo é destinado a grupos de jovens, redes e coletivos para receber financiamento e acompanhamento em projetos de igualdade de gênero destinados a jovens de 14 a 24 anos, com prioridade para a juventude negra e grupos formados ou que trabalhem com pessoas portadoras de deficiência. Os grupos poderão submeter seus projetos para recursos não reembolsáveis de R$ 1 mil, R$ 2 mil ou R$ 3 mil cada. Serão contempladas até cinco iniciativas de no máximo R$3 mil.

O período de inscrição para o Fundo Aceleradora da Igualdade vai até 15 de novembro e a seleção ocorrerá por votação aberta. O regulamento e o formulário de inscrição estão disponíveis em: www.eacolectiva.org.

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Desigualdade de gênero

De acordo com informações divulgadas pela Plan, o intuito é fazer uma ponte entre jovens e organizações com fundos financeiros destinados a ativismo em várias áreas, além de permitir a reunião e formação de grupos para atuarem em conjunto, pois as mulheres - e em especial as meninas - enfrentam muitas dificuldades para conseguir acessar recursos financeiros para seus projetos.

"Nos últimos anos, organizações internacionais e governos criaram muitos fundos destinados a ações de igualdade de gênero, mas na prática, uma pequena parte desses recursos realmente chega a iniciativas lideradas por mulheres. Dos fundos globais para o desenvolvimento e a cooperação internacional, apenas 1% vão para mulheres ativistas e uma porcentagem ainda menor é destinada a meninas ativistas", afirma a instituição.

Segundo Cynthia Betti, diretora executiva da Plan International Brasil, expandir a atuação para outras regiões do país é um dos objetivos estratégicos, visando aumentar o impacto do trabalho da organização, por meio da atuação de jovens das mais diversas comunidades. "A Aceleradora da Igualdade vem ao encontro deste objetivo, na medida que divulga oportunidades de fundos para que grupos formados por jovens possam implementar projetos que transformem a sua realidade e daqueles que os cercam. Instrumentalizar, financiar e empoderar são as formas mais sustentáveis para a transformação da desigualdade de gênero tão presente ainda na vida de meninas e mulheres no Brasil", disse Cynthia.

Lançada em 2018 pela organização Mama Cash e pelo Fundo FRIDA, a pesquisa Girls to the Front aponta que iniciativas e organizações lideradas por meninas de até 18 anos normalmente são menos formais e não costumam ter um registro. Como elas ainda são jovens, questionam a necessidade de formalizar suas ações e têm encontrado outras maneiras de se organizarem, usando bastante as redes sociais para isso. O problema é que muitas organizações com recursos disponíveis para financiar iniciativas lideradas por meninas exigem um registro obrigatório dos grupos.

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Esses critérios de elegibilidade podem excluir muitas jovens ativistas, particularmente as que fazem parte de grupos informais, que vivem em áreas rurais e têm níveis mais baixos de educação e alfabetização. Outro ponto destacado pelas meninas é que os recursos financeiros são cruciais, mas nem sempre são a única necessidade delas. Elas precisam de auxílios técnicos, oportunidades de networking e habilidade para interagir com outras pessoas.

"Estamos procurando grupos de jovens que sejam liderados por adolescentes, jovens, mulheres, pessoas LGBTQIA+, jovens indígenas ou jovens residentes de áreas rurais, entre 14 e 24 anos de idade. Qualquer grupo, formal ou informal de pelo menos três membros pode se candidatar, assim como grupos compostos por jovens com menos de 18 anos", afirma Nicole Campos, gerente técnica de programas da Plan International Brasil.

 

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