PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Direitos da criança e do adolescente

Permanência na escola e na Universidade é tão importante quanto acesso

 

Foto do author Bruna Ribeiro
Por Bruna Ribeiro
Atualização:

EMEF Infante Dom Henrique. Crédito: Bruna Ribeiro  Foto: Estadão

Essa semana tive duas experiências marcantes envolvendo jovens em vulnerabilidade social. A primeira foi uma conversa com uma garota de 17 anos, com renda familiar de R$ 300,00. Ela vive em um barraco com a avó e primos, no extremo sul de São Paulo. Com as chuvas recentes na cidade, a casa - feita de madeirite - está ameaçada de cair. A sua permanência na escola é dificultada pela fome e pela falta de dinheiro para a passagem.

PUBLICIDADE

A segunda experiência foi por meio de vídeos de jovens que contam sobre a dificuldade de permanecer na Universidade, apesar de terem ingressado em cursos como Direito, Medicina e Administração, em universidades públicas ou em privadas, conseguindo bolsas pelo alto rendimento.

Muitas vezes nós - pessoas privilegiadas - perdemos um pouco a dimensão do que é de fato dificuldade. Faz parte da vida desses jovens não terem o que comer e dormirem com fome ou então buscarem comida na casa de amigos. É recorrente ouvirmos falar sobre insegurança alimentar no Brasil, mas é chocante se deparar com a fome diante dos seus próprios olhos, bem aqui, no centro da maior cidade do país.

Em todos os casos, eram jovens com notas muito altas na escola e na faculdade, mas que enfrentam dificuldades básicas cotidianas, que os fazem acreditar que aqueles não são espaços para eles.

Quando falamos em acesso e qualidade da educação, precisamos ter um olhar mais integral a respeito da permanência e da garantia de direitos. Em nosso país, a permanência passa por questões como estar com a barriga cheia para conseguir prestar atenção na aula ou não estar preocupado com o dinheiro da passagem da volta.

Publicidade

Evasão escolar é, sim, um problema muito grave, que está relacionado a outras violações de direitos. E quando falamos na nossa juventude, entendemos que apenas 23,2% das pessoas de 18 a 24 anos frequentavam o curso superior em 2017, segundo a Pnad Contínua.

Para aqueles que bravamente lutam contra as adversidades diariamente, é preciso fortalecer o acesso e também a permanência, por meio de bolsas e ações afirmativas. É urgente!

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.