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Direitos da criança e do adolescente

Com escolas fechadas durante isolamento, psicólogos e psicopedagogos atendem crianças e adolescentes pela internet

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Por Bruna Ribeiro
Atualização:

Pensando em manter o vínculo entre as escolas e os alunos durante o período de isolamento social, o Núcleo de Apoio e Acompanhamento para Aprendizagem (Naapa) de São Paulo criou um site onde psicólogos e psicopedagogos conversam com os estudantes da rede municipal de ensino por um chat, neste link. Os alunos são acolhidos em um chat, com objetivo da promoção da saúde mental e encaminhamentos à rede de proteção também em casos de violência doméstica.

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Segundo Ana Cláudia de Paula, Coordenadora do Naapa Santo Amaro, o objetivo do site é acolher esses estudantes que estão passando por alguma fragilidade na saúde mental, como ansiedade, pânico e estresse. "O primeiro grito de socorro dos jovens é nas escolas. Como as escolas estão fechadas, construímos esse site. Se o caso for muito grave, encaminhamos para a rede de proteção social, como Ministério Público, Vara da Infância e Juventude, Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e  Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), para a rede melhor atender o estudante."

No canal, é promovido um diálogo com profissionais das 9h às 19h, de segunda a sexta-feira. "Há acolhida e escuta desses alunos, por meio de um diálogo descontraído, visando também valorizar a cultura periférica, por meio da linguagem e da publicação de produções artísticas enviadas pelas crianças e pelos adolescentes", explicou a coordenadora.

Para além do papel de ensinar, a escola desempenha um papel muito importante na sociedade, sendo o primeiro ponto de conexão entre a criança e o mundo externo. É lá onde o aluno se relaciona com outras pessoas - vindas de outras famílias e culturas - e tem o primeiro contato com diferentes realidades. São muitos os aprendizados para quem tem como destino diário o local que é também um importante ator da rede de proteção, na identificação de possíveis violações sofridas pelas crianças e adolescentes em casa ou na comunidade.

O professor muitas vezes é o único adulto de confiança para o relato de violência física, sexual ou psicológica. Mas e agora que as escolas estão com as portas fechadas e atuando por meio do ensino remoto? Dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH) apontam um crescimento de 17% nas denúncias de violência doméstica na segunda quinzena de março no Brasil, em comparação com a primeira quinzena, quando ainda não havia o distanciamento social ocasionado pela pandemia do coronavírus, na maior parte dos estados e cidades. Foram 978 casos registrados no Disque 100 (Disque Direitos Humanos) e Disque 180 (Central de Atendimento à Mulher) entre os dias 17 e 25, contra 829 casos entre os dias 1º e 16.

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Durante a crise do coronavírus, o governo federal lançou o Portal da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos mostrando diariamente as denúncias somadas do Disque 100  e Disque 180. Desde o dia 1 de março até 28 de maio, foram registradas 87.580 denúncias de violência no país, sendo 9654 delas contra crianças e adolescentes.

Essas denúncias podem ter sido realizadas por vizinhos, familiares ou pela própria vítima, mas o relato pode ser dificultado quando tal vítima está presa com o próprio agressor. Por isso a escola é um ator tão importante na identificação de necessidades dos alunos ou violências sofridas. Neste momento necessário de cuidados em relação à pandemia, é de extrema importância a criação de iniciativas como essa, visando manter o vínculo entre escolas e alunos.

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