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Direitos da criança e do adolescente

Caravana do Esporte e das Artes leva magia e movimento para crianças vulneráveis de diversas cidades do país

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Por Bruna Ribeiro
Atualização:
Crédito: Bruna Ribeiro  Foto: Estadão

Imagine uma tenda de circo que chega às cidades para levar esporte e arte para crianças. Para completar, promove a formação de educadores da rede pública, com a intenção de disseminar o brincar como um direito de fato. Parece lúdico demais para ser verdade, mas é um projeto real. É a Caravana do Esporte e das Artes, promovida pela ESPN Brasil e pela Disney, em parceria com o Unicef, o Instituto Esporte & Educação e o Instituto Mpumalanga.

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A última parada dessa aventura terminou na última quarta (3), em Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana de Pernambuco, a 21 quilômetros de Recife. Logo no primeiro dia de atividades, às 8h30, o sol já estava a pino. Ninguém diria que é inverno. Por sorte não choveu. A terra batida do terreno cedido pela prefeitura - no Centro Cultural Miguel Arraes de Alencar - não seria capaz de absorver a água que vinha caindo nos últimos dias.

Mas nem o sol e nem a chuva seriam capazes de competir com a energia e a alegria das 3 mil crianças que passaram por lá em três dias de atividades, além de mais de 200 professores capacitados.

Crédito: Lucas Diniz - ESPN Brasil  Foto: Estadão

Na entrada do espaço, logo se via uma tenda rosa e azul. Do lado de dentro, bastava olhar para cima para se sentir no céu de uma lona azul com estrelas amarelas. Era mesmo o paraíso de muitos que estavam no cinema pela primeira vez. Filmes da Disney, como Moana e Monstros S.A, são exibidos em uma tela de 8 metros por 3.

Ao seguir em frente, os convidados se deparavam com onze estações de artes e esportes. Eram atividades de futebol, vôlei, basquete e atletismo, além de música, dança e teatro.

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A maior graça de todas era ver que a criatividade pode ser transformadora quando há limitação de recurso. Uma forminha de gelo e um palito, por exemplo, viraram um reco-reco nas mãos das crianças. O metalofone também foi construído com material reciclável.

Mateus Gomes, de 14 anos, veio correndo ao encontro da reportagem, pedindo para participar da entrevista. De forma bastante espontânea, o menino retratou perfeitamente o propósito daquelas atividades.

"Na minha escola não temos tantas aulas de artes. Estou pensando em sugerir para a minha professora criar instrumentos e objetos com as garrafas que vão para o lixo. Acho que dá para fazer alguma coisa."

Segundo a Secretária Municipal da Educação Ivaneide Dantas, a reação de Mateus é exatamente a demanda esperada. "Sei que vamos criar necessidades. Os alunos vão chegar nas escolas e vão exigir mais, pois estamos percebendo que o que vivenciamos é possível. Todo o material utilizado é acessível e as atividades são realizadas com cuidado, carinho e competência", disse a secretária.

Demanda social

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Para Alexandre Arena, coordenador da Caravana dos Esportes, o projeto visa pautar a política pública. "Abrimos as agendas do governo para mostrar que o brincar é um direito que precisa ser garantido e só existe direito se houver reivindicação", comentou.

Crédito: Bruna Ribeiro Foto: Estadão

Ainda segundo Alexandre, o objetivo é conscientizar a população para criar uma demanda social. "A criança desenvolve o gosto por se movimentar até os 10 anos. Quanto mais experiências positivas tiver, maior é a chance de ser ativa na vida adulta."

Brincadeira como direito

Dennis Larsen, coordenador de Programas do Unicef para o Nordeste , também acredita no potencial da Caravana de promover o entendimento de que a criança tem o direito ao esporte e à cultura. "Esperamos que as autoridades deem continuidade ao projeto, uma vez que já abrimos espaço na agenda."

Quando a equipe deixa o território, o Unicef continua o monitoramento dos indicadores do município, que também aderiu ao Selo Unicef, onde um dos desafios é o acesso ao esporte. "O cérebro precisa do brincar para se desenvolver. Por isso as atividades são tão importantes."

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Inclusão social

Além da importância da brincadeira para o desenvolvimento físico, cognitivo e psíquico, os esportes e a arte têm um papel social extremamente importante, na opinião de Vivian Schaeffer - coordenadora da Caravana das Artes.

Há 10 anos no projeto, ela acredita que as metodologias podem ser usadas como educação e inclusão, respeitando e incentivando sempre o desenvolvimento dos saberes locais e da ancestralidade.

"Já visitamos diversos tipos de comunidades e sempre valorizamos a cultura da comunidade, que resgata aos poucos suas raízes. As vezes ocupamos um lugar que você jamais imaginou que poderia servir para a prática esportiva e cultural. O que mais ouvimos é que não acontece, pois não há equipamento. Mostramos que é possível criar a partir dos recursos disponíveis."

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Crédito: Lucas Diniz - ESPN Brasil  Foto: Estadão

Sobre o projeto

Desde 2005, a trupe itinerante visita uma cidade por mês, levando as metodologias Esporte Educacional e Viva com Arte. Já atendeu mais de 4 milhões de crianças e adolescentes de escolas públicas e capacitou mais de 50 mil professores e gestores, por 200 municípios de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de todas as regiões do país.

Crédito: Bruna Ribeiro Foto: Estadão

Durante 14 anos de projeto, participaram mais de 200 artistas e atletas, com o objetivo de levar atividades esportivas, educacionais e culturais para crianças e adolescentes em vulnerabilidade social, desenvolvendo habilidades sociais e colaborando para uma vida inclusiva em sociedade.

A Caravana do Esporte e das Artes é um suspiro de esperança para quem acredita que crianças e adolescentes são prioridade absoluta em nosso país!

* A repórter viajou a convite da Disney e da ESPN Brasil.

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