"A moda passa, o estilo é eterno" já afirmara Coco Chanel. E cada vez mais democrática, a moda masculina tem encontrado questões antes restritas ao universo feminino. Por exemplo, é correto misturar estampas? Usar peças coloridas não fica exagerado? Homens podem usar acessórios? Na verdade, essas respostas são muito relativas e estão mais focadas no gosto do indivíduo do que com a moda.
O que você realmente precisa saber sobre moda masculina é que o estilo pessoal prevalece sobre os modismos. Isso mesmo, seu guarda-roupas hoje pode ser o mesmo enquanto suas peças durarem, independente das tendências. É claro que existem perfis de homens que são mais abertos às novidades e querem estar sempre vestidos com os últimos lançamentos. Mas eles não estão errados - e nem você em não querer mudar tanto. A moda hoje é totalmente permissiva.
Escrevi aqui sobre uma pesquisa que aponta o fim próximo do uso das barbas como modismo. Alguns homens comentaram que há 20 anos usam e continuarão utilizando barba independente de qualquer pesquisa. Oras, é claro que vão continuar usando! Exatamente porque a barba faz parte do seu universo particular, do seu estilo pessoal. Para outros homens, no entanto, a barba só foi adotada a partir do momento em que os barbudos ganharam evidência e, da mesma forma, vão abandoná-la quando essa estética for substituída por outra.
Quer outro exemplo? Veja como as lojas de roupa estão segmentadas. Você certamente adora determinada marca e nem consegue entrar em tantas outras. Mesmo nas grandes redes de magazine você identifica estilos muito diferentes. Isso acontece porque os produtos são desenvolvidos pensando-se no estilo de vida do consumidor e não somente nas tendências, o que torna o produto mais identitário para o consumidor.
A psicoterapeuta, professora e pesquisadora Dra. Cristiane Mesquita, afirma num de seus livros que a mudança na aparência gera aparência de mudança, já que a subjetividade contemporânea é composta por fluxos tão intensos que a capacidade de mudar a si próprio, pela inserção de piercings, tatuagens, acessórios, trocas constantes de roupas e cortes de cabelos, é tida como um estado ideal.
Mas isso não significa que você precisa ser refém da moda para estar na moda. Aquela imposição ditatorial ficou no passado, vivemos na era da individualidade. O que impera na cultura do momento, como afirma Mesquita, é a necessidade de trocar, substituir, inventar, alterar produtos e estéticas, mas SEMPRE dentro do seu estilo pessoal.
Dario Caldas, pesquisador de tendências brasileiro, explica que a partir dos anos 1990 é como se todos os períodos da humanidade estivessem em latas nas prateleiras de um supermercado e nós pudéssemos pegar e misturar conforme quiséssemos, ou seja, a receita agora é sua.
Esse cenário mais democrático é reflexo direto da velocidade acelerada que as relações sociais e o consumo de estéticas alcançaram na era da internet e, principalmente, dos smartphones. Reza a lenda que o Brasil é o país que tem maior número de veículos de comunicação com seções de moda, ou seja, querendo ou não sempre nos esbarramos com dicas, notícias, avisos e propagandas de moda - o que acaba expandido nosso referencial criativo e os limites do que é aceitável e bonito para nosso guarda-roupas.
Para os homens mais jovens, que nasceram dentro desse contexto de liberdade, é mais fácil experimentar novas estéticas e expressar-se visualmente como realmente querem. Para os mais tradicionais, no entanto, eventualmente alguma moda poderá lhe agradar e você vai incorporá-la no seu guarda-roupas. Note, no entanto, que você vai usar porque gostou e não porque isso ou aquilo estão na moda.
A ponderação deve ser a palavra-chave, já que você deve se preocupar em evitar os extremos, ou seja, não mude demais e nem viva preso no passado. Conheça os novos produtos da temporada e, na medida do seu interesse, incorpore eles no seu visual e demonstre-se como uma pessoa antenada e preocupada com sua imagem pessoal.
O importante, meu caro, é saber realmente o que valoriza sua personalidade - e seu típico físico. Isso sim vai dizer o quanto você deve ser vulnerável a efemeridade da moda.
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