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Comportamento, consumo e estilo masculino

Capital erótico pode aumentar renda em até 27%, segundo pesquisa

Pesquisadora londrina afirma que aparência é fator importante para o sucesso pessoal

Por Eduardo Vilas Bôas
Atualização:

Tem homem que ainda acha que cuidado com a imagem pessoal é um dos supérfluos do século XXI. Na verdade, ainda que seja, cada vez mais somos avaliados mais pela imagem que projetamos do que propriamente por aquilo que realmente somos. E intrigados por essa inversão de valores, vários estudiosos já tentaram entender o fenômeno.

Um desses estudos partiu da socióloga e professora da London School of Economics, Catherine Hakim, que publicou o livro "Capital Erótico - pessoas atraentes são mais bem-sucedidas - a ciência garante" (Editora BESTBUSINESS), que sustenta a tese de que pessoas bonitas têm mais vantagens econômicas do que pessoas "não bonitas".

Ator Channing Tatum, em cartaz com o filme "Magic Mike XXL", foi eleito pela revista People como o homem mais sexy do mundo em 2012 © Luke MacGregor / Reuters Foto: Estadão

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A professora Catherine Hakim cunhou o termo capital erótico para designar esse teor de beleza útil as pessoas, fazendo alusão as três formas clássicas de capital propostas por Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron, em 1973: o capital cultural, nosso conhecimento, educação e habilidades; o capital econômico, nossos recursos financeiros; e o capital social, nossas redes de associação de grupo, influência e colaboração. Assim, ela evidencia que nos tempos atuais existe um fator adicional a se preocupar na busca pelo poder, que é a aparência pessoal.

Em seu o estudo, Hakim aponta que homens mais atraentes, isto é, com maior capital erótico, ganham nos Estados Unidos e Canadá ente 14% e 27% a mais que os homens não atraentes, sendo que o outro único fator com influência tão significativa e direta no salário deles seria somente a inteligência.

Ok, você deve estar pensando: qual a referência de bonito e feio? Beleza não é algo muito relativo? A reposta que tenho é que o conceito de bonito pouco mudou desde a Antiguidade Clássica. As referências que temos arraigadas em nossa cultura são resultado da concepção platônica e aristotélica de mundo. A vida e a arte se faziam baseadas no equilíbrio, simetria, ordem, harmonia e proporcionalidade e, até hoje, somos herdeiros desta tradição que se projetou no Renascimento (momento no qual também surge a Moda como um sistema).

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É claro que cada indivíduo pode formar seu próprio juízo de gosto, determinando o que é belo para si próprio. Como afirmara o filósofo alemão Immanuel Kant (1724 - 1804), no juízo estético verifica-se o acordo, a harmonia ou a síntese entre a sensibilidade e a inteligência, o particular e o geral. Para Kant, "todos os juízos de gosto são juízos singulares". Mas, como vivemos em sociedade, o que impera é o juízo da maioria.

Para os especialistas no assunto, apenas de 2% a 3% da população podem ser consenso quanto a beleza, algo entre 4 e 6 milhões de brasileiros. Ou seja, se geneticamente um indivíduo não herdou os princípios de equilíbrio, simetria, ordem, harmonia e proporcionalidade, ele pode lançar mão de artifícios para aparentar ser mais bonito.

O capital erótico de Hakim não é composto apenas pela beleza facial, mas considera também outros cinco elementos: a sensualidade, as habilidades sociais, a vivacidade, a sexualidade e apresentação pessoal. Logo, assim como os demais capitais de Bourdieu, é possível e importante que você os desenvolva na medida dos seus objetivos pessoais.

E lembre-se, a aparência também é composta por roupas, acessórios, educação, postura corporal e linguagem, por isso e pelas pesquisas, nos idos de 2015 cuidar da carreira profissional vai além de ser competente, dedicado e bem formado.

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