'Temos que trabalhar mais a compaixão e não o preconceito', diz vilã de 'Haja Coração'

Em uma conversa com o E+, a atriz Karen Junqueira revela os desafios que enfrentou para interpretar Jéssica, uma garota mimada e obsessiva, na novela das sete

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Por Charlise de Morais
Atualização:
 Foto: Ricardo Penna/ Divulgação

Karen Junqueira tem desempenhado muito bem o seu papel na novela Haja Coração, da Globo, interpretando a vilã mimada Jéssica. Mas, não foi fácil para a atriz dar vida a uma personagem tão preconceituosa. "Ela é fútil e sádica", revela. 

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Na trama das 19h, Karen é Jéssica, noiva de Felipe (Marcos Pitombo), que se interessa pela faxineira Shirlei (Sabrina Petraglia). Jéssica não deixa isso barato e faz de tudo para humilhar e torturar a rival. "A Jéssica é obsessiva, tem uma posse, uma futilidade... Totalmente diferente de mim", conta a atriz.

Em uma conversa com o E+, Karen revela os desafios que enfrentou para interpretar Jéssica, conta que buscou inspiração em séries e filmes para construir a personagem, e explica que conviver tão de perto com o preconceito latente da vilã mimada a fez enxergar o próximo com mais carinho. Confira:

'Eu sonho em interpretar qualquer papel que seja diferente de mim', revela a atriz Foto: Ricardo Penna/ Divulgação

Como a vilã Jéssica, em Haja Coração, você interpreta uma patricinha, preconceituosa e fútil. Quais foram os principais desafios que você enfrentou para viver a personagem? O principal desafio é a Jéssica ser totalmente o oposto de mim. Quando tenho um trabalho nas mãos acredito que ele deve ser orgânico e verdadeiro, então procurei descobrir o que a leva ser preconceituosa. Aprendi que, na verdade, ela é uma menina obsessiva. A Jéssica ama o noivo, mas não permite que ele faça nada de bom para as outras pessoas.  A primeira cena, que foi quando a personagem foi apresentada, diz: "não vou permitir que você faça boa ação para menina nenhuma, nem se ela fosse uma paraplégica". Com as cenas de agora, acho que acertei, pois ela realmente é obsessiva. Esse foi o maior desafio: achar o porquê da obsessão. A Jéssica tem uma posse, uma futilidade... Totalmente diferente de mim.  Para a construção dela, procurei ver filmes e séries para ter referência. Entre eles vi o longa Ligações Perigosas. Gosto muito do trabalho da Glenn Close, no qual o filme é uma mistura de posse e inveja. Com isso descobri que a Jéssica é, também, uma sádica. Agora para esse lado mais patricinha da Jéssica, assisti algumas temporadas da série americana Gossip Girl, que mostra essa atmosfera de meninas ricas, fúteis e outros valores.   

Esse tipo de atitude má em relação ao próximo, exigida pela personagem, a fez olhar o outro com um olhar diferente? Esse tipo de atitude da Jéssica me dá repulsa. Eu sinto compaixão, sempre senti. Fui criada de uma maneira muito diferente. Minha mãe e minha família têm muitos valores. Então sempre olhei o próximo como igual, por isso não precisei ter essa experiência com a Jéssica para mudar meu pensamento. Sempre tive meus valores muito certos e corretos em relação ao amor ao próximo. Só me deixa certa de que temos que trabalhar mais a compaixão e não o preconceito. 

Em alguma coisa, você e sua personagem são parecidas? Em quê? Não temos nada em comum! A Jéssica é muito preconceituosa e faz distinção entre as personagens. Eu sou totalmente o oposto a isso, as situações que ela cria são muito sérias. Na novela ela está fazendo ações e tendo atitudes muito sádicas em relação a Shirlei (papel de Sabrina Petraglia). 

Você saberia dizer qual é a mensagem final que o papel da sua personagem deve imprimir na trama?  Acredito que a mensagem que ela já está passando é essa subestimação do deficiente, esse preconceito horrível. Vejo isso com a reação do público. As pessoas têm olhado a Jéssica com muita repulsa. Elas falam para mim "a Jéssica é nojenta". Até criaram uma hashtag para ela (risos). É #QueremosJéssicaParaplégica.  Mas a mensagem que eu gostaria que ela passasse é não apenas sentir essa repulsa, mas sim a compaixão com o próximo e a vontade de ajudar e não subestimar um deficiente, que às vezes pode muito mais do que nós. 

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Existe algum papel que você ainda sonhe em interpretar? Qual? Eu sonho em interpretar qualquer papel que seja diferente de mim. Acredito que a mudança de personagens não algo só fora, ou seja, você pintar o cabelo e mudar fisicamente. Mas personagens com diferentes personalidades. O vilão dá a possibilidade de fazer algo muito oposto a pessoa que você é. Mas ainda quero fazer muitos musicais! Já fiz dois e tenho vontade de fazer mais.   

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