Reality show faz participantes viverem 60 dias em cadeia dos EUA

‘60 dias infiltrados na prisão’ estreará sua terceira temporada no dia 12 de julho no canal A&E

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Por Pedro Prata
Atualização:
Pessoas inocentes vão conhecer a vida atrás das grades Foto: Divulgação/ A&E

No próximo dia 12 vai ao ar a terceira temporada da série 60 dias infiltrados na prisão, do canal A&E. O reality show levou voluntários a viverem por dois meses em uma cadeia dos Estados Unidos. O E+ conversou com o coronel Mark C. Adger, responsável pelo complexo penitenciário onde o programa foi gravado para saber suas motivações em participar desse desafio e conhecer os bastidores da série.

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Na nova temporada, oito participantes serão inseridos dentro da cadeia de Fulton County, em Atlanta. O coronel que comanda o complexo acredita que todos os que se voluntariaram para participar do programa são curiosos em relação ao sistema prisional porque já tiveram algum contato com o mundo do crime, seja por uma pessoa próxima ou por alguma experiência vivida.

“Acho que todos querem descobrir como é o processo de correção do comportamento de uma pessoa envolvida com o crime. Nós colaboramos com a tarefa de devolver as pessoas para a sociedade melhores do que entraram [na cadeia]. Não é uma missão fácil de se cumprir e os participantes precisam enxergar como isso funciona”, contou.

Entre os voluntários dessa temporada estão um professor que trabalha com jovens em situação de risco; um homem que luta contra a discriminação da comunidade negra norte-americana; um ex-agente de correção que quer ver como é ser tratado como um preso; e uma mulher que conheceu o marido enquanto ele estava encarcerado.

Agentes penitenciários treinaram os participantes para que soubessem se defender e, principalmente, para não chamarem muita atenção. Cada um deles recebeu uma história de vida falsa para servir como disfarce. Grande parte de sua segurança dependeu de suas habilidades em manter o disfarce e não se contradizer.

Essa não foi uma tarefa fácil, uma vez que eles dividiram cela com outros detentos de verdade. As mulheres, por exemplo, ficaram em celas com capacidade para oito detentas por até 15 horas por dia.

As mulheres ficam em celas de até oito detentas Foto: Divulgação/ A&E

O coronel acredita que esse reality show tem potencial para elucidar sobre a vida dentro do sistema prisional de forma a quebrar muitos preconceitos sobre o tema. “O diferencial desse programa é que você tem a perspectiva de participantes inocentes que ganham o respeito e a confiança dos prisioneiros a ponto deles contarem coisas que não contariam para mais ninguém”, disse.

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Mark Adger se mostra focado em seu trabalho de promover a conscientização da população mais vulnerável e suscetível a ir para a cadeia. Ele conta que uma das intenções em usar as facilidades da cadeia para o reality era, justamente, fazer esse trabalho chegar a um público muito maior.

Ao E+, Adger relatou que muitos jovens são encarcerados por volta de seus 17 anos e sua expectativa de vida não passa dos 25. Quando superam essa marca, seu histórico de vida é tão ruim que eles não conseguem ser contratados para trabalhar nem têm as condições para entrar em instituições de educação ou para arrumar moradia, por isso acabam se tornando reincidentes.

“As mães vêm até aqui e se perguntam como é para seus filhos estar aqui dentro, agora com o programa elas saberão. Espero que o reality sirva para que elas vejam qual a melhor forma de conversar com eles quando saírem da cadeia para poder guiá-los em suas vidas, a fim de não cometerem mais crimes e não voltarem para a cadeia repetidamente”, declarou.

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O outro motivo para a cadeia Fulton County abrir as portas para o programa de televisão foi a possibilidade de estarem mais cientes das falhas que acontecem no complexo. “Aprendemos muito sobre nossa própria operação, como os prisioneiros pensam, como se comportam”, argumenta Adger.

Ele relata que o programa revelou que o tráfico de drogas havia penetrado a cadeia de Atlanta, fato que eles desconheciam. Isso resultou em esforços por parte de sua equipe de trabalho para coibir a falha na segurança. O coronel disse que algumas mudanças já foram aplicadas e outras mais complexas precisam de tempo e dinheiro para serem executadas.

Programa vai mostrar a convivência em uma cadeia Foto: Divulgação/ A&E

A cadeia é uma experiência que afeta os indivíduos que por lá passam e Adger viu no programa uma possibilidade de estudar o modo como essa mudança se opera nas pessoas no curto e no médio prazo. Especificamente, em pessoas inocentes que não são obrigadas a permanecer encarceradas.

“Sessenta dias é uma boa quantidade de tempo para mostrar que a cadeia tem um efeito negativo nas pessoas. Eu sempre duvidei que tivesse qualquer efeito positivo”, declarou. Ele ainda garante que dois meses é o tempo máximo que um programa como esses deve durar. “Acredito que um período maior do que isso já correria o risco de causar danos às pessoas, principalmente inocentes que não deveriam estar ali. Já causamos dano suficiente, não precisamos causar mais”, conclui.

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*Estagiário sob supervisão de Charlise Morais

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