Uso exagerado de celulares e tablets pode acelerar o envelhecimento

Especialistas alertam para os problemas relacionados à utilização excessiva de aparelhos de tecnologia móveis e dão dicas de prevenção

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Por Gabriela Marçal
Atualização:
"Mas com todas as tecnologias criadas nos últimos 500 anos, diminuímos as exigências do corpo”, afirma Cristiano Parente, brasileiro eleito o melhor personal trainer do mundo em um concurso realizado pela Life Fitness Foto: Divulgação

Enxaqueca, dores na coluna, desvios na postura, flacidez no pescoço e obesidade estão entre os principais problemas causados pelo uso excessivo de celulares e tablets. E isso está diretamente relacionado à questão evolutiva. Isso porque os padrões de peso, estatura e formação física do homem foram desenvolvidos a partir de demandas da pré-história, como caçar e fugir de predadores. "Mas com todas as tecnologias criadas nos últimos 500 anos, diminuímos as exigências do corpo. A tendência, se pensarmos em um processo evolutivo ao longo de milhares de anos, é ele se adaptar à menor necessidade de movimento”, afirma Cristiano Parente, brasileiro eleito o melhor personal trainer do mundo em um concurso realizado pela Life Fitness.

“Quem fica muito tempo olhando pra baixo comprime a região cérvico-mandibular, o que acelera a flacidez”, explica o cirurgião plástico Marcelo Daher Foto: Divulgação

 

Dedicado a estudar questões que vão além da boa forma, Parente alerta ainda que a postura das pessoas durante a utilização de smartphones traz riscos. “Entre cinco a dez anos, cada vez mais gente terá dores na coluna e na musculatura cervical”, diz Parente. "E enxaqueca também." De acordo com o cirurgião plástico Marcelo Daher, o ideal é manter o queixo levemente levantado ao usar celulares, tablets e notebooks - tanto para não comprometer a coluna quanto para evitar a "papada" no rosto. “Quem fica muito tempo olhando pra baixo comprime a região cérvico-mandibular, o que acelera a flacidez”, explica. Rugas e gordura localizada pescoço completam o quadro de problemas que até já recebeu um nome: tech neck (pescoço high tech). “Recentemente, o número de pacientes com queixas nessa área vem aumentando, e, em geral eles são jovens com menos de 40 anos", afirma o cirurgião plástico Eduardo Porto Leite. "Segundo um estudo realizado pela The London Clinic, o tech neck ocorre em pessoas que têm, em média, três dispositivos digitais, e que costumam checar os aparelhos mais de 150 vezes por dia.".   Mas assim como o ser humano não voltará a caçar para sobreviver, também não deixará de lado a tecnologia. Então, como reduzir os prejuízos causados por ela? Primeiro, mude a postura: o maxilar sempre deve formar um ângulo de 90 graus em relação ao pescoço. Para Cris Parente, inclusive, a educação ergonômica deve vir desde a infância. O famoso combo de exercícios regulares e alimentação saudável também ajuda na prevenção.Pilates e ioga, por exemplo,são bons aliados para fortalecer a musculatura cervical.

"Segundo um estudo realizado pela The London Clinic, o tech neck ocorre em pessoas que têm, em média, três dispositivos digitais, e que costumam checar os aparelhos mais de 150 vezes por dia", afirma o médico Foto: Divulgação

"Se as questões estéticas já estiverem incomodando, procure um especialista para realizar procedimentos locais", diz Leite. Ele recomenda a aplicação de toxina botulínica para diminuir as rugas do pescoço e a lipoaspiração da papada quando há excesso de gordura local. "Cirurgias que envolvem a costura dos músculos podem ser feitas quando há flacidez execessiva”, complementa o médico.   A dermatologista Roberta Bibas ressalta ainda a importância de proteger a saúde da pele contra a luz emitida pelos aparelhos. Para isso, além de passarfiltro solar diariamente, vale lançar mão de cremes antienvelhecimento e tensores (que contém ativos que promovem a contração da pele) e consumir alimentos ou pílulas antioxidantes que retardam o envelhecimento.

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