Um novo jogo para a moda

Como os 'late millennials' e as mídias on e offline estão ditando os rumos do consumo moderno

PUBLICIDADE

Por Jorge Grimberg
Atualização:
Vitrineda Gucci emMontenapoleone, rua de lojas de luxo em Milão Foto: AFP PHOTO / MIGUEL MEDINA

Muito se fala hoje sobre reinvenção do varejo, millennials e novos hábitos de consumo. A moda, com sua eterna vocação para se reinventar e interpretar fenômenos culturais, patina para entender um novo mundo onde os desejos mudaram.

PUBLICIDADE

Um influenciador pode ter cinco vezes mais engajamento em um único post do que toda a tiragem mensal da maior revista de moda do país. Porém, ainda assim, as revistas seguem relevantes para criar marcas sólidas e parcerias no mundo offline.

A sazonalidade da moda, tão discutida nos últimos anos, é algo que vai seguir em pauta. Quanto mais veloz a informação de moda, maior o desejo imediato de consumo. Técnicas que mesclam desejo com acesso imediato vêm sendo utilizadas pelos players que dominam hoje os mercados e feeds de notícias, como as grifes Supreme e Gucci. No e-commerce internacional Farfetch, uma encomenda da Gucci chega em apenas 90 minutos, enquanto a Supreme apresenta lançamentos em edição limitada todas as quintas-feiras em suas lojas físicas, causando filas sinuosas.

O mais interessante do novo momento é a importância do que se denominou 'crossbranding'. O que isso significa? O influenciador, para ser relevante, precisa sair na revista. A revista, para ganhar audiência, precisa do influenciadoro. As marcas de streetstyle usam o luxo e o luxo usa as ruas. O ritmo acelerado gera novas demandas de informação em novas plataformas, e tudo é imediatista e urgente.

Uma das maiores preocupações do setor são as lojas de varejo. Com a oferta de moda global na ponta dos dedos, o deslocamento ao centro de compras deve ser motivado por atividades e experiências, e, mesmo assim, lojas vazias no mundo inteiro fazem o setor repensar estratégias na velocidade que os tempo atuais pedem.

Nesse cenário, há um grupo de jovens em que devemos prestar atenção: os nascidos entre 1995 e 2000. Jovens e completamente digitais, os late millennials ou Geração Y, são comunicadores de proporções colossais. Eles usam com afinco redes como Youtube e Instagram – desde muito cedo – comunicando-se diariamente com milhões de usuários. Em vez de uma voz onipresente para as crianças - como tínhamos na figura da apresentadora Xuxa nos anos 80 e 90, por exemplo –, milhares de Youtubers conversam com diferentes nichos. Preste atenção em como as crianças utilizam a plataforma de vídeos e irá entender. São as vozes que educam a nova geração.

No entanto, com grande faturamento e agenda repleta de viagens, muitos influenciadores jovens não valorizam o curso superior, e isso é um fator preocupante pela qualidade do conteúdo propagado para a geração que representa o futuro do Brasil. Como a universidade se encaixa nessas agendas? Como estimular os jovens a embarcar em um curso superior se os seus ídolos não valorizam o curso superior? É uma questão sobre a qual devemos refletir e em que devemos atuar já.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.