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Tatuagens temporárias, agora em versão para adultos também

Febre em Nova York, as tatuagens são distribuídas em festas badaladas da moda e das artes

Por Courtney Rubin
Atualização:
Susi Kenna, uma atendente em uma festa da Christie's, usa uma tatuagem temporária da Tattly Foto: BFA/Billy Farrell Agency

Em um coquetel realizado, no início deste ano, na casa de leilões Christie’s, cerca de 400 possíveis compradores entre os 30 e 40 anos de idade apreciavam as obras-primas que seriam leiloadas, assinadas por pintores como Caravaggio, Canaletto e Rubens. Mas a arte que mais chamava a atenção e provocava burburinho entre os colecionadores era gratuita: as tatuagens temporárias que reproduziam as pinturas à venda. 

As tatuagens fizeram tamanho sucesso que os organizadores da festa tiveram de pedir aos representantes da Tattly, a companhia que as criou, que parassem de distribuí-las, porque o local já ia fechar, o bar já havia encerrado os serviços e os convidados, que ainda discutiam sobre flores e conchas como as porcelanas de Delft das naturezas mortas do holandês Balthasar van der Ast, não davam sinais de querer ir embora.    “Isto não é típico de um coquetel para a venda de quadros de antigos mestres”, comentou Emma Kronman, da Christie’s. E acrescentou: “Não saberia lhe dizer quantas pessoas nos escreveram depois dizendo: ‘Vocês teriam outras tatuagens?’”

A atriz e modelo Cara Delevingne usou tatuagens temporárias no baile do Met em Nova York, em maio deste ano. Foto: Josh Haner/The New York Times

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E pensar no que Kim Kardashian certa vez opinou sobre tatuagens: “Não coloque um autocolante numa Bentley”. Nos últimos anos, a tatuagem sem compromisso, que era usada basicamente em festas de aniversário de crianças, tornou-se um acessório da moda para todas as idades, visto em eventos como os da revista Vogue e do estilista Christian Louboutin e usados por celebridades como Beyoncé e Sarah Jessica Parker. (No baile de gala do Met deste ano, a modelo Cara Delevingne usou pássaros e flores nos braços, pescoço e peito.)

Agora, há mais de dez companhias que oferecem desenhos para enfeitar o corpo (principalmente os braços) por dois ou três dias. Mas talvez nenhuma tenha contribuído mais para elevar as tatuagens temporárias a uma arte vestível quanto a Tattly. 

Fundada há quatro anos no Brooklyn, e empresa trabalha com artistas como Stefan Sagmeister, que desenhou capas de álbuns para David Byrne e os Rolling Stones e a fotógrafa de moda Garance Doré. As tatuagens da Tattly estão à venda em cerca de mil lojas em 30 países, inclusive no Metropolitan Museum of Art, na Conrad Shop de Londres, e na Colette, em Paris.

“Nunca vi tatuagens temporárias de bom gosto como estas”, disse John Maeda, sócio da Kleiner Perkins Caufield & Byers, empresa do Vale do Silício, e ex-presidente da Rhode Island School of Design. “As tatuagens temporárias eram consideradas um produto inferior no mercado, e a Tattly as transformou em desenhos da moda dotando-as de um conteúdo de qualidade”. 

A Tattly começou como um projeto secundário para Tina Roth Eisenberg, a voz do notável blog de desenho Swissmiss (ela morou muito tempo em Speicher, Suíça, quando criança). Seus outros projetos de sucesso incluem o CreativeMornings, uma série de pessoas que falam de desenhos e o TeuxDeux, um aplicativo da Fast Company definido como “o mais bonito gerenciador de tarefas da Internet”.

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Em 2011, a filha de Tina, na época com 6 anos, foi a uma festa de aniversário e voltou com uma página de tatuagens de “borboletas e carinhas sorridentes sem graça”, ela contou. “Talvez eu esteja sendo um pouco esnobe, mas eram um insulto à minha estética suíça”.

Tina Roth Eisenberg, autora do blog de design Swissmiss, criou a Tattly como um projeto a parte. Suas tatuagens temporárias hoje estão disponíveis em mil lojas em 30 países Foto: Deidre Schoo/The New York Times

Tina resolveu fazer algo a respeito: aplicou as tatuagens de borboletas no braço da filha, mas imediatamente procurou na internet como fazer suas próprias tatuagens e mandou e-mails para os amigos ilustradores pedindo ideias. Em seguida,criou um site para a vender suas tatuagens, o Tattly.

Graças, em parte, ao blog de Tina e a mais de 430 mil seguidores no Twitter, o Tattly recebeu 140 encomendas já no primeiro dia no ar. No segundo, uma funcionária do Tate Modern telefonou para Tina pedindo um catálogo no atacado. Aproximadamente 30% das vendas online são internacionais.

O negócio decolou de fato seis meses mais tarde, quando a Brooklyn Brewery encomendou uma tatuagem exclusiva para distribuir nos seus eventos (desenhada por Glaser). Logo, a NPR pediu que seus populares programas de rádio fossem "reimaginados" como tatuagens vintage.

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Entre os seus clientes mais recentes estão a SoulCycle, que distribuiu argolas de ouro e prata em seus estúdios nos Hampton, a Mashable, que encomendou seis emoji para a sua casa SXSW, e a marca da luxo Maiyet, que espalhou tatuagens de plumas pretas como hieróglifos (um dos símbolos da companhia) sobre as mesas dos convidados num jantar VIP na Suíça. Este ano, a Wilhelmina Models encomendou um W dourado com a assinatura da fundadora para a semana de Moda de Nova York. “Queríamos que fosse algo bem legal porque estamos fornecendo para as modelos e para gente da moda, e foi um sucesso”, disse Tatiana Acosta, diretora de marketing da Wilhelmina Models. E acrescentou: “As modelos não paravam de vir ao meu escritório e pedir mais tatuagens”.

Agora, a Tattly oferece cerca de 600 desenhos (alguns deles foram distribuídos no evento de caça aos ovos de Páscoa na Casa Branca, este ano). Só no ano passado, a empresa pagou mais de US$ 250 mil em royalties aos artistas e ilustradores pela venda de suas tatuagens. Os princípios de Tina também dizem respeito à compra de desenhos estranhos, mesmo que ela não acredite que eles possam ter boas vendas. 

“Fiz uma fatia de pizza, e eles disseram: ‘Faça uma mais suculenta. Ponha mais pimentões, com bem mais queijo derretendo’, afirmou a ilustradora Julia Rothman, autora do desenho da tatuagem do relógio “atrasado”. Julia, que criou 81 desenhos para a Tattly, disse que ficou agradavelmente surpresa com o sucesso da companhia. “Eu sabia que teria sucesso por causa de Tina”, diz ela. “Mas achava que seria apenas uma moda passageira”.

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Tradução de Anna Capovilla

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