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'Sou um sapateiro', diz o homem que faturou R$ 1,5 bi no ano passado

Alexandre Birman é também o primeiro brasileiro a receber o título de Designer do Ano pela associação de sapatos de moda de Nova York

Por Marília Kodic
Atualização:
Alexandre Birman é o dono do grupo que engloba as marcas Arezzo, Schutz, Anacapri, Fiever e sua marca homônima Foto: Alexandre Birman/ Divulgação

"Uma das coisas de que mais me orgulho é que sou um sapateiro. Com todo o respeito, prefiro ser chamado assim", diz o CEO da Arezzo & Co., que faturou R$ 1,5 bi no ano passado, mesmo em meio a uma economia recessiva. À frente do grupo que engloba as marcas Arezzo, Schutz, Anacapri e Fiever, além de sua marca homônima, Alexandre Birman recebeu recentemente o prêmio de Designer do Ano pela Fashion Footwear Association of New York (FFANY).

 

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"Isso é algo que vai estar escrito na história pra sempre. Ter esse reconhecimento da indústria americana me motiva muito com o potencial de crescimento que temos, inclusive de expansão nos Estados Unidos", contou ele ao Estadão na noite da premiação, um jantar de gala no Ziegfeld Ballroom, em Manhattan. "As lojas em solo norte-americano são pilotos importantes para entendimento, aprendizado e evolução num mercado extremamente forte e maduro."

 

Com mais de 567 lojas e 2.300 funcionários sob sua chancela, Birman divide sua receita de sucesso: "Ter um posicionamento estratégico muito bem-feito, olhando sempre a longo prazo, me cercar de pessoas sempre muito bem qualificadas, ter um plano, ter fé e trabalhar muito". A seguir, ele fala mais sobre a indústria dos calçados e sua trajetória nela.

 

Como você diferencia as marcas que gerencia em relação a oferta e público alvo?

Somos muito comprometidos em manter o DNA de cada uma bem fortalecido. Isso envolve múltiplas frentes, equipes, desde pesquisa e desenvolvimento até os times de visual merchandising, equipes de loja, comunicação com as clientes – seja através das redes sociais, seja via SAC. Cada marca atua como uma unidade de negócio, com diretoria e equipe próprias. Os serviços que compartilhamos na companhia, como jurídico, financeiro e fiscal, são os pontos que a consumidora não vê. O que ela vê e vivencia é feito de maneira independente.

 

Há alguns anos, você foi citado no seriado norte-americano Gossip Girl, e o modelo usado no episódio esgotou em Nova York. Como foi a repercussão?

A abordagem foi espontânea, feita por meio de uma articulação de nosso time de relações públicas. A repercussão foi realmente marcante. A série estava em seu auge, e foi algo muito positivo para a marca.

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Você acha difícil manter os pés no chão e não deixar o sucesso influenciar o ego, ou isso é uma coisa fácil pra você?

O mundo da moda transmite esse glamour e alimenta o imaginário, principalmente, para quem observa ou participa de forma pontual. Mas quem está inserido nesse business sabe que ele é feito de trabalho duro, muita dedicação e muito envolvimento.

 

Como você avalia a indústria da moda hoje no Brasil?

Assim como outros negócios, o setor da moda está se reinventando de forma contínua, tanto para enfrentar os desafios que o país atravessa quanto para se manter competitivo. Somos um povo criativo, temos oportunidades para explorar em todos os sentidos.

 

Até que ponto os calçados de sua marca homônima são feitos de modo artesanal?

O processo produtivo da marca Alexandre Birman é bastante artesanal. Nossos maquinários – os mais modernos e avançados existentes no mercado – são coadjuvantes importantes, mas a estrela é o artesão, o sapateiro. O segredo do sapato está nas mãos dessas pessoas, no preciosismo dos acabamentos, das costuras.

 

Você vê uma diferença entre consumidoras brasileiras e norte-americanas?

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Sim. Seja pelo estilo de vida, pelo rigor das estações do ano – o inverno, por exemplo, é bem diferente do inverno no Brasil – ou as preferências em termos de design. São muitas diferenças, mas há um grande ponto em comum: todas são apaixonadas por sapatos.

 

Ao longo desses anos todos na indústria da moda, quais foram seu maior percalço e sua maior conquista?

São inúmeros desafios, diariamente, e são esses desafios que nos ensinam e fortalecem. Lembro de um episódio marcante, no início da história da Schutz, quando tive um contratempo com a produção de um modelo muito elaborado que havíamos feito, e foi preciso tomar uma série de decisões para garantir que o cliente em questão fosse atendido. Foi nossa primeira grande venda internacional.

 

Conquistas também são várias, felizmente. Uma das mais recentes foram dois reconhecimentos também internacionais, pela Footwear News e pela Fashion Footwear Association of New York (FFANY), para as marcas Schutz e Alexandre Birman.

 

Você tem um apego especial por algum modelo específico que já produziu? A Clarita, por exemplo, que é um dos mais icônicos...

Costumamos dizer que toda grande marca tem seu grande produto. A Clarita, para a marca Alexandre Birman, a bota tratorada, para a Schutz na ocasião do nascimento da marca, a espadrille, para a Arezzo, o tênis com troca de cabedal, para a Fiever, e as sapatilhas, para a Anacapri. São produtos que carregam história, por isso são especiais.

  O que mais te inspira a criar?

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O universo feminino é riquíssimo. São tantas observações sobre lifestyle que seria impossível listar.

 

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