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Sai o normcore, entra o sexy

Na vibe fetichista do momento, a sensualidade dita o tom das coleções-desejo da Semana de Moda de Nova York

Por Giuliana Mesquita
Atualização:
Na Rodarte, transparências vitorianas e vestidos supercurtos Foto: Divulgação

Talvez seja o recente sucesso de “50 Tons de Cinza”, versão cinematográfica do best-seller de E L James, que foi visto por 1,7 milhões de espectadores no Brasil só em seu primeiro fim de semana em cartaz. Talvez seja uma real vontade da mulher de se sentir sexy, sensual, desejada e sedutora depois de algumas temporadas focando em peças confortáveis e shapes afastados do corpo. Talvez sejam ambas as coisas. Mas a questão é que o normcore sai de cena neste inverno 2015. Os tênis se despedem por um tempo para assistir à volta dos stilettos. A calça pijama dá lugar às fendas generosas. O moletom cede espaço para a transparência, a renda, o jogo de vela e revela. É a volta a sedução. Até nas coleções de grifes que não têm o sex appeal escancarado no DNA.

A mais certinha do grupo, até Diane Von Furstenberg se rendeu à sedução neste inverno Foto: Divulgação

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Diane Von Furstenberg, que costuma ser mais clássica e tradicional, foi inebriada pelo zeitgeist e trouxe um twist de sexualidade aos wrap dresses em seu desfile em Nova York. Rendas transparentes e decotes em V foram as principais mudanças da mulher DVF, que desfilou em uma passarela vermelha ao som de “Crazy in Love”, de Beyoncé, na versão mixada da trilha de "50 Tons de Cinza". Mas, diferente da mocinha Anastasia Steele, a cliente de Diane está no comando de sua própria vida. 

A força da mulher anda de mãos dadas com a sexualidade presente nessas últimas coleções. Prova disso é o trabalho do estilista Jason Wu, que vem construindo uma mulher mais forte a cada temporada. A silhueta controlada e saias lápis, característica importante desse DNA, vem misturada com generosas fendas e decotes - sim, tudo ao mesmo tempo! - e, algumas vezes, até transparências. Assim como na DVF, as irmãs Laura e Kate Mulleavy, da Rodarte, usam e abusam de rendas vitorianas para deixar a mostra o que mais se quer ver. Ali, não há nada velado.

Na Proenza Schouler, recortes no novo vestido bandade deixam pedaços da meia-calça arrastão aparentes Foto: Divulgação

O mesmo acontece na Altuzarra. A silhueta da marca é conhecida por suas fiéis clientes, mas suas coleções nunca aparecem sem nenhuma surpresa. A da temporada de inverno 2015 foram os vestidos de lurex com golas altas de renda e fendas que aumentam conforme o andar. A bota de cano alto, com cadarço - puro fetiche - , é outro grande destaque da coleção. Já na Proenza Schouler, da dupla Jack McCollough e Lazaro Hernandez, a sensualidade vem no jogo de revela de pedaços específicos de pele. Nos vestidos mais ousados da coleção de inverno 2015, que trazem uma releitura ao bandage dress, recortes deixam à vista partes da meia calça arrastão (criada especialmente para a ocasião) criada pelos estilistas. Em vez de decotes e fendas, novas partes do corpo são exploradas.

A sexualidade sombria de Marc Jacobs Foto: Divulgação

No último desfile da Semana de Moda de Nova York, Marc Jacobs brinca com as ideias de opulência e escassez em um desfile cheio de opostos. Em um dos seus pontos altos, a supertransparência de saias deixa à mostra as botas de couro que vão até o meio da coxa. Ainda no clima da sedução, luvas de couro completam o look. Se a aposta no normcore era algo ousado, a sexualidade é um tema mais fácil de ser abordado e assimilado. Afinal, sexo vende. Vide o crescente sucesso de “50 Tons”. E não há quem não queira entrar nesse barco. Ou há? 

Na Altuzarra, Joseph trabalha silhuetas controladas com fendas que aumentam conforme as modelos caminham Foto: Divulgação
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