Os homens também usam pulseiras

Já não é mais tabu os homens usarem acessórios. A pulseira, em especial, tem ganhado espaço nos braços de artistas, executivos e esportistas

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Por Patricia Sheridan
Atualização:
Imagem de campanha do joalheiro David Yuman, que produz pulseiras para homens Foto: Craig McDean

No passado, os estereótipos pesavam principalmente para os homens. Os hippies dos anos 60 usavam exclusivamente acessórios de couro. Colares trançados e pulseiras de couro foram muito populares numa geração que usava rabo de cavalo, bigodes e túnica. Nos anos 70, foi a vez da onda das pesadas pulseiras de ouro com chapinhas de identificação, as favoritas dos mais seguros de si; nos anos 80, os músicos de rock acrescentaram tachinhas de metal a tiras de couro usadas como pulseiras, buscando uma imagem mais ameaçadora. Nos anos 90, os rappers estavam no auge quando veio a onda das pesadas correntes de ouro, e os atletas profissionais começaram a exibir nas orelhas argolas com brilhantes do tamanho de pequenos planetas.

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Os penduricalhos masculinos frequentemente são uma maneira de dizer: “Eu sou contra as convenções”. Hoje, “as pulseiras são provavelmente o adorno mais comum em termos de joias masculinas, depois do relógio”, diz Amie Guarino, da Louis Anthony Jewelers de Pittsburgh. “Frequentemente, os homens hesitam em usar joias porque não estão acostumados a usá-las. Mas, acredite, os homens também querem se expressar."

Stephen Colbert, do programa de televisão Colbert Report da Comedy Central, concordaria. Depois de machucar o pulso durante o aquecimento para um programa, ele criou a pulseira de couro vermelho Wrist Strong (pulso forte). O programa consagrou o uso da pulseira masculina. “Há dois meses comecei a usar no pulso direito uma pulseira de prata com o Pai Nosso gravado nela; nunca a tiro”, observa John Henne, da Henne Jewelers de Pittsburgh. “Todos a admiram, assim como o meu melhor relógio."

A pulseira como ornamento masculino é uma tendência que vem crescendo desde as pulseiras amarelas Live Strong do ciclista Lance Armstrong. O que elas representam não tem nada tem a ver com o sucesso pessoal, mas aparentemente inauguraram a moda do objeto que não diz apenas a hora ou alerta para um problema de saúde.“Acho que o desejo de acentuar o look com joias finas e relógios é a evolução natural da moda masculina”, disse David Gordon da Orr’s Jewelers, que vende a pulseira de contas John Hardy, entre outras.

Para os que ainda lutam com questões do corpo, ela é um ponto de partida. A Jawbone e a Fitbit são basicamente pulseiras que medem cada passo da pessoa. Há ainda a Survival Strap, feita com 4,8 a 7,3 metros de paracord (linha de náilon fina usada na suspensão de paraquedas) trançada, usada como pulseira. Ela tem várias combinações de cores, e pode ser desmanchada para capturar uma lebre para o jantar, no caso de um apocalipse repentino. Falando sério, se precisar de uma corda, ela é perfeita.

As pulseiras da solidariedade também são muito difundidas. A Rachel’s Cure by Design é uma criação de Rachel Tobin, de Pittsburgh. Quando ela tinha 12 anos, os médicos diagnosticaram diabete Tipo 1 na menina, então ela começou a fazer pulseiras de contas para levantar dinheiro para a Juvenile Diabetes Research Foundation (JDRF). Agora ela tem 20 anos e pretende estudar medicina.Todos os seus produtos estão disponíveis online. Uma parte de cada venda vai em benefício da pesquisa do diabete e é doada ao capítulo da Western Pennsylvania da JDRF. Até o momento, ela conseguiu mais de US$ 65 mil, mas sua meta são US$ 100 mil.

“Os homens aderiram aos acessórios. Talvez eles não vejam a coisa desta maneira, mas uma coisinha como uma pulseira pode dizer muito a respeito de um homem”, diz Tobin. O joalheiro David Yurman acredita que os homens que se dedicam às artes criativas contribuíram para a pulseira se tornar um objeto procurado e difundido.“Observo isto mais no mundo da música”, afirma. “Mas conheço um casal de mecânicos de automóveis no Brooklyn; eles fazem um trabalho muito bom e usam pulseiras." Todos os homens modernos usam - jogadores de basquete, executivos de Wall Street, por exemplo, as contas de oração budistas. Essencialmente, trata-se, claro, de uma atitude de moda. “Acho que agora estamos na era Cole Porter (com as joias) - vale tudo”.

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Tradução de Anna Capovilla

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