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Novo livro traça história da revolução na moda nos anos 1990

Recém-traduzido para o português, 'Champagne Supernovas' mostra como Alexander McQueen, Marc Jacobs e Kate Moss transformaram a forma de fazer moda e levaram o underground para o mainstream

Por Marília Marasciulo
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A versão em português do livro 'Champagne Supernovas', da jornalista Maureen Callahan, chegou às livrarias brasileiras em agosto (256 páginas, Editora Rocco) Foto: Divulgação

Uma revolução ocorreu no mundo da moda nos anos 1990, e pouca gente se deu conta na época. Lideradas principalmente pelos estilistas Alexander McQueen e Marc Jacobs e pela modelo Kate Moss, as imagens fashion do período romperam com o que existia antes de forma significativa. Ao transformar o alternativo e o imperfeito em algo aceitável, eles levaram o underground ao mainstream. E é a história dessa revolução que a jornalista americana Maureen Callahan conta no livro "Champagne Supernovas" (256 páginas, Editora Rocco), que chegou às livrarias brasileiras neste mês.

A autora narra a história de cada um dos três personagens centrais que, em comum, têm passados conturbados e uma vida complexa. A começar por Kate Moss: após ser descoberta por um olheiro aos 14 anos, a inglesa viu na carreira de modelo uma oportunidade para escapar da mesmice de sua vida de classe média. Mas na época em que o padrão de beleza era definido por modelos curvilíneas como Linda Evangelista, as formas magras e incomuns de Kate a deixaram por muitos anos 'na gaveta' das agências. E, enquanto esperava uma chance, ingressou na vida de festas, álcool e drogas pela qual também acabou famosa.

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Enquanto isso, nos Estados Unidos, Marc Jacobs também era fã de noitadas. Seu pai morreu quando ele era criança, sua mãe tinha problemas mentais e o estilista foi criado pela avó paterna sem qualquer limite. “Ninguém nunca me disse não para nada”, diz ele no livro. Inspirado pelo trabalho do estilista Perry Ellis, Jacobs decidiu se tornar estilista, entrou na Escola Parsons de Design, em Nova York, e viu na moda a sua salvação.

Nem o sucesso no universo fashion, porém, foi capaz de salvar Alexander McQueen, um dos maiores talentos de sua geração. Inseguro em relação a sua sexualidade, sua família de classe média e sua aparência (ele era gordinho e tinha os dentes da frente quebrados), o designer extravasava suas emoções em desfiles cheios de drama. A coleção de conclusão de seu curso na escola de artes Central Saint Martins de Londres, por exemplo, teve como inspiração o personagem Jack, O Estripador.Outra coleção famosa, lançada em 1995, recebeu o nome “Estupro nas Highlands”. Em 2010, o estilista se suicidiou.

Os altos e baixos na vida dos três ícones estão entre as referências para o título do livro: a ideia de "supernovas", estrelas que acabam perdendo o brilho em algum ponto. As outras são o sucesso do Britpop na mesma década - Champagne Supernova é o nome de uma das canções mais celebradas do Oasis - e o drink favorito dos modernos na época, um copo de Martíni cheio de champagne com cocaína na borda.

Embora apresente poucas novidades para quem já conhece os personagens, as histórias em si não deixam de entreter e são muito bem contadas. É difícil não se deixar absorver pelas noitadas homéricas de Moss ou pelo deboche e, às vezes, falta de noção de McQueen. E, talvez o mais importante, a jornalista consegue interligar as histórias e mostrar como os anos 1990 de fato revolucionaram a forma de ver e fazer moda, algo que reverbera até os dias de hoje.

Colaborou Victoria Dezembro

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