Você sabia que a fabricação de uma calça jeans consome 11 mil litros de água? E que a de uma camiseta básica de algodão consome 2,7 mil litros? A publicitária Nathália Capistrano não sabia, mas ficou incomodada ao fazer uma limpa no guarda-roupa e notar a quantidade de peças quase novas que não usava mais. Procurou então as amigas Gabriela Bianco e Isabela Mantovani e, juntas, elas criaram, em julho passado, o Trocaderia, evento de troca de roupas que chega a sua quarta edição neste domingo, 22. “Não tinha ideia do impacto real causado por uma peça”, diz Nathália. “Com o projeto, comecei a pesquisar mais e a repensar minha maneira de consumir moda.”
A feira começou como uma ação entre amigas (e amigas de amigas) e deve receber agora 150 pessoas no bar paulistano Lil’ Square, nos Jardins. As participantes precisam se inscrever previamente na página do projeto no Facebook (facebook.com/trocaderia) e podem levar até 15 peças de roupas, calçados, bolsas e bijuterias. O único critério é que estejam em ótimo estado - as que não passam pelo crivo das organizadoras são doadas. “Durante o evento, damos liberdade total para as mulheres acertarem as trocas entre si”, afirma Nathália. “Afinal, uma camisetinha pode ter muito mais valor do que um vestido caro que está parado no armário.”
Helio Mattar, presidente do Instituto Akatu, aponta esse tipo de iniciativa como um bom caminho para o consumo consciente de moda. "Com o compartilhamento, a vida útil do produto se prolonga ao máximo. Assim evitamos que algo fique ocioso após ter sido produzido a partir de recursos naturais já retirados da terra”, explica. “Além disso, poupamos que mais máquinas e força de trabalho sejam utilizadas para a fabricação de novos itens e evitamos a emissão de mais gases de efeito estufa por causa da necessidade de transporte de matéria-prima e de produção.”
E nem só de roupas se faz uma feira de trocas. As organizadoras do Trocaderia capricham na decoração, garantem uma trilha sonora descolada e oferecem comidinhas. Esta edição terá ainda uma costureira, que fará pequenos ajustes por um preço simbólico. “No fim das contas, a experiência e as relações interpessoais se sobrepõem ao fato de sair de lá com uma roupa nova”, conta Nathália. Além de eventos bimestrais, ela e as parceiras planejam para os meses de abril e maio dois eventos temáticos: um plus size e outro para gestantes e crianças.
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