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Empresas faturam alto ao apostar em meias fashionistas

Com estampas divertidas e parcerias com pop stars como Rihanna, setor movimenta US$ 5 bilhões por ano. Jeff Kear, fundador e CEO da marca Stance, fala sobre o crescimento desse segmento de mercado

Por Marília Marasciulo
Atualização:
Rihanna posa na campanha da primeira coleção cápsula de meias que desenvolveu para a marca norte-americana Stance Socks Foto: DIVULGAÇÃO

Esqueça os modelos básicos de algodão em branco ou preto Se depender de empresas como as americanas Stance, Gumball Poodle, Nice Laundry e Sock it to Me e a sueca Happy Socks, as meias devem ganhar uma posição tão statement no vestuário quanto um boné ou um colar poderoso. Com suas peças de cores vibrantes, frases engraçadas, tecidos e texturas diferentes, tais marcas investem em um nicho de mercado que, há tempos, parecia esquecido. "Acredito que as pessoas estão dispostas a trocar de meias e elas pagarão 12 dólares para experimentar um par diferente, não é muito", diz Jeff Kearl, CEO e um dos fundadores da Stance.

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  De fato, o mercado não para de crescer. Segundo uma pesquisa do grupo NPD, a indústria movimentou US$ 5 bilhões entre setembro de 2013 e agosto de 2014. O crescimento do setor superou o das roupas em geral, com um salto de 2% no período. Com pares de meias que têm preço variando de US$ 12 a US$ 40, a Stance foi responsável por uma parcela importante deste mercado. Fundada na Califórnia há 5 anos, a empresa deve obter um faturamento de US$ 100 milhões neste ano. 

Entre as estratégias da marca, está uma linha de meias desenhada pela cantora Rihanna e outra com o tema de Star Wars - em uma entrevista à rede CBS, outro fundador da empresa, John Wilson, afirmou que mais de 10 mil pares do vilão Darth Vader foram vendidos. E, no ano passado, veio a coroação no mercado de esportes de alto rendimento: a empresa fechou um contrato para desenvolver as meias usadas por jogadores de basquete da NBA, na temporada que começou em outubro e vai até junho próximo.

Mesmo assim, opina Kearl, não existe até hoje uma referência nesse filão do mercado. Há espaço para a criatividade rolar solta. Na também americana Gumball Poodle, por exemplo, o destaque são as meias longas, com palavras divertidas como "bacon" ou "vodka". A sueca Happy Socks investe em estampas coloridas e diferentes, como a reinvenção da tradicional estampa argyle. E, na Nice Laundry, a aposta é em pacotes com seis pares, que custam em média US$ 49. No Brasil, marcas como a Inverness, de Campos do Jordão, e a franquia Puket também têm pares coloridos e divertidos em seus catálogos. Enfim, trata-se de um setor em plena expansão, como você confere na entrevista abaixo, de Jeff Kearl, da Stance.

A empresa e o setor vêm se desenvolvendo conforme o planejado? De algumas maneiras, sim. De outras, superaram nossas expectativas. E eu diria que a atração obtida no varejo veio mais rapidamente do que o esperado. Só não prevíamos que seria tão popular. Mas isso também pode não ser popular para sempre. Às vezes penso: “Quantos pares de meia uma pessoa pode ter em sua gaveta?”. 

Vocês estão entrando diferentes setores, com meias esportivas, outras mais fashion e até roupas íntimas. Isso amplia sua gama de clientes, certo? A ideia inicial era esportes de ação. Pensamos que poderíamos ajudar os varejistas a ganhar dinheiro nesse segmento. Isso realmente aconteceu e nos deu a oportunidade de tentarmos outras coisas. Atualmente, no entanto, mesmo após cinco anos, nossos negócios são, em grande parte, masculinos. Em grande parte, atacado. Em grande parte, domésticos. Em grande parte, produtos de estilo de vida. Mas vemos os negócios avançando nas categorias unissex e infantil. 

A coleção em parceria coma cantora Rihanna ajudou nesse processo? Sim, a Stance deu um grande passo ao contratar Rihanna, uma vez que isso parece alavancar o rápido crescimento da categoria feminina

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Houve erros na trajetória da empresa? Não cometemos nenhum grande erro. É claro que, como qualquer marca, se nós atrasarmos, a entrega deve ser feita por avião, e isso prejudica a margem de lucro. Ou então, algum produto que não previmos que seria um campeão de vendas acaba por vender demais e não temos estoque suficiente. Coisas assim acontecem o tempo todo. Mas em termos de estratégia geral eu diria que nossos primeiros problemas virão possivelmente e, 2016, pois estamos fazendo muitas coisas ao mesmo tempo.

Talvez seja a hora de desacelerar? Creio que forçamos um pouco com a categoria de roupas íntimas, na qual estamos entrando agora. Eu resisti por muito tempo. Honestamente, se nossos compradores não estivessem pedindo, iríamos esperar. Não estamos prontos. Temos muito a que fazer no setor de meias e isso me deixa nervoso, pois sei que isso demandará recursos, e talvez eles não sejam obtidos. Muitas empresas já fazem roupas íntimas. Então, o que estamos fazendo que seja realmente diferente? Por isso, acredito que o obstáculo a ser superado é maior para essa categoria. 

Quais os planos atuais para a expansão do segmento? Vamos começar a investir em lojas próprias para atuar diretamente no varejo. Queríamos expandir internacionalmente e de maneira significativa, não apenas aumentando o número de distribuidores. Por isso, temos nossa própria força de vendas no Reino Unido, na Alemanha e na França. Há outros países, como Brasil, Japão e China, que provavelmente merecem um investimento real.