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Empresários e estilistas debatem futuro do setor no 2º Fórum Negócios da Moda

Evento promovido pelo Estadão e pela FecomercioSP nesta terça, 2, apresentou números do mercado e teve temas como economia, exportação, tecnologia e tendências discutidos por grandes nomes da moda nacional

Por Monique Torres
Atualização:
Cerca de 280 pessoas estiveram presentes no 2º Fórum Negócios da Moda, que ocorreu na última terça, 2, em São Paulo Foto: Felipe Rau/Estadão

O setor de moda no Brasil faturou R$ 55 bilhões em 2014, congrega mais de 33 mil empresas de diversos tamanhos e é o segundo maior empregador da indústria de transformação no País. Apesar do momento de instabilidade, o segmento de e-commerce de roupas e acessórios vêm crescendo e aponta para uma necessidade de convergências entre os canais online e offline das empresas. Esses foram alguns dos dados apresentados nesta terça, 2, na segunda edição do Fórum Negócios da Moda, promovido pelo Estadão em parceria com a FecomercioSP. 

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Cerca de 280 pessoas participaram do evento, que contou com a presença de empresários e estilistas dispostos a discutir a situação atual do setor no país e os possíveis caminhos para tornar o mercado brasileiro de moda mais competitivo, tanto do ponto de vista da indústria quanto do varejo. O Fórum Negócios da Moda - que teve a primeira edição em outubro de 2014, contou com apoios da Associação Brasileira de Estilistas (ABEST), da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) e do Senac-SP. Exportação, empreendedorismo, questões trabalhistas, tecnologia e tendências estiveram entre os assuntos abordados nos debates, que teve abertura de Paulo Borges, diretor criativo da São Paulo Fashion Week. 

Em vídeo, Borges destacou a necessidade do País encontrar sua posição no cenário internacional. "O Brasil é um país de vocação produtiva com foco na criatividade e qualidade. A gente não pode competir com mercados como China e Índia nem vai ter um mercado de alto design, como têm Itália e França. Precisamos ocupar um espaço de mercado intermediário, que é o que mais sofre intempéries de mudanças", disse. "A moda é um pilar importante para o desenvolvimento econômico, principalmente de bens que geram ganhos de expressão, de identidade, de qualidade. Por isso, não pode ficar à mercê das especulações cíclicas pelas quais já passamos por várias. Trata-se de um setor de inovação constante,em que há muito risco, mas também muito retorno." 

O Fórum foi dividido em três painéis em que os debatedores levantaram ações propositivas para o atual momento: Os Desafios da Moda no Cenário Macroeconômico, Tendências de Negócios da Moda e O Comportamento do Consumidor no Mercado Digital. Veja alguns dos pontos abordados em casa uma das mesas.

Os Desafios da Moda no Cenário Macroeconômico Na primeira rodada de debates, estavam presentes Fernando Pimentel, diretor superintendente da ABIT; Alexandre Birman, presidente do grupo Arezzo; José Galló, CEO das lojas Renner; Luis Taniguchi, especialista do SENAC; e Iuri Pitta, do Estadão, como moderador da mesa. "Sempre olhamos para o cenário externo e vemos nele um papel importante, mas também temos que olhar para dentro da empresa para identificar oportunidades de melhoria", afirmou Birman. Durante o painel, ele ainda anunciou duas novidades de sua empresa: o e-commerce da Arezzo, que deve entrar no ar em agosto, e o aplicativo de vendas mobile da Schutz, que já está disponível para download.

Alexandre Birman: o presidente do Grupo Arezzo anunciou a abertura do e-commerce da marca e o lançamento do aplicativo da Schutz Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

José Galló, por sua vez, ressaltou a importância do diferencial competitivo para o sucesso de uma marca. "Há alguns anos, quando o país estava crescendo, quem era mais ou menos bom sobrevivia. Hoje não é mais assim. É preciso possuir um diferencial competitivo para não ficar pelo caminho”, afirmou. “E não são apenas grandes empresas que devem ter esse diferencial. As médias e pequenas também. Temos que acabar com essa historia de que para crescer, é preciso ser grande."

Tendências de Negócios da Moda Comandado por Maria Rita Alonso, editora de moda do Estadão, o segundo painel abordou as inovações e os caminhos futuros do universo da moda, por meio de temas polêmicos como a explosão das redes de fast fashion, a força da indústria e do design na Ásia e o uso da tecnologia para obter competitividade. Participaram da discussão o estilista Alexandre Herchcovitch, Letícia Abraham, diretora executiva do portal WGSN, e Adriana Papavero, diretora da Lectra na América do Sul. "O consumidor está percebendo que é interessante comprar em lojas de fast fashion, mas que também é bom investir em uma peça com um design que cai bem no corpo, feita com qualidade, e que durará a vida toda. A alta qualidade de produção e a atemporalidade da roupa são grandes atrativos neste momento da economia", disse Hertchcovich. 

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Alexandre Herchcovitch:A alta qualidade de produção e a atemporalidade da roupa são grandes atrativos neste momento da economia." Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

Já Adriana Papavero destacou a importância do investimento em processos e tecnologia para tornar o produto brasileiro mais competitivo no cenário internacional. “Grandes empresas do mundo já estão nesse processo. A Dior, por exemplo, desenvolve toda a sua coleção em softwares 3D, que facilitam o trabalho de modelagem e a visão final da peça. A Louis Vuitton possui uma máquina de corte de couro supertecnológica, que custou 20 milhões de euros, e minimiza o desperdício, tornando a produção mais sustentável”, afirmou. Representando o bureau de tendências WGSN, Letícia Abraham, destacou os fenômenos comportamentais que definem a moda hoje, a exemplo da conexão entre centro e periferia. A pedido do público, ela também enumerou tendências pontuais. “Os anos 70 continuarão influenciando a moda. E, em contraponto a essa opulência, o normcore permanece em alta. Outra tendência que deve chegar para o verão são peças neon" disse. 

O Comportamento do Consumidor no Mercado Digital Ana Isabel Carvalho Pinto, do e-commerce Shop2gether; Costanza Pascolato, consultora de moda; e Pedro Guasti, presidente do Conselho de Comércio Eletrônico da FecomercioSP e fundador do e-bit, participaram da última rodada de debates, mediada por Daniel Fernandes, diretor do site Pequenas e Médias Empresas, do Estadão. Na última etapa do Fórum, o debate girou em torno da necessidade de integrar o varejo físico e o online e das estratégias para atrair e fidelizar consumidores. "Uma das maneiras de incentivar o consumidor a comprar online sem medo é oferecer a troca do produto sem custo, caso não sirva", disse Ana Isabel.

A consultora Costanza Pascolato: "A moda é o reflexo de uma época no espelho." Foto: Felipe Rau/Estadão

Pedro Gualdi apresentou estatísticas animadoras de crescimento do setor, mas acredita que o Brasil ainda precisa melhorar em termos de legislação e logística. "Devemos ter um sistema mais eficiente para garantir o bom funcionamento do negócio.” Referência na moda nacional, Costanza Pascolato fechou o evento de maneira memorável. "Eu, que vim de uma formação diferente, de uma época de revistas e indústrias, percebi que o celular foi uma revolução. A velocidade da informação hoje é muito grande. Essa rapidez que não conseguimos controlar, me interessa muito e devemos saber o que fazer com ela. Não acredito em tendências. Moda é comportamento. É o reflexo de uma época no espelho."

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