Cursos de moda no exterior atraem cada vez mais brasileiros

Com currículos voltados para o mercado global e interesse em atrair alunos do mundo todo, faculdades de moda estão de portas abertas aos estrangeiros

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Por Helena Tarozzo
Atualização:
O caminho das pedras para ingressar em boas faculdades, das mais gabaritadas do mundo, está cada vez mais fácil e democrático. Foto: Divulgação

Se há alguns anos estudar no exterior era privilégio de poucos, hoje o caminho das pedras para ingressar em boas faculdades, das mais gabaritadas do mundo, está cada vez mais fácil e democrático. Uma boa notícia para estudantes de moda, que sonham em cursar a mesma faculdade de grandes nomes, como Marc Jacobs, Alexander Wang, Stella McCartney e Alexander McQueen. Em busca de oportunidades de estágio e um futuro emprego nas grandes brands, os brasileiros investem cada vez mais em educação fora do país. As escolas de design de moda já perceberam o potencial desse filão: instituições como a Parsons The New School for Design, com sede em Nova York e Paris, o Istituto Marangoni, em Milão, o Istituto Europeo di Design, em Barcelona, e a londrina Central Saint Martins, da University of the Arts, estão de portas abertas aos alunos estrangeiros - e o Brasil representa uma boa parcela de quem procura cursos na área de moda. 

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Um dos principais grupos que comanda a ida de estudantes para fora no Brasil é a STB (Student Travel Bureau), agência especializada em intercâmbios de jovens, que leva cerca de 60 mil alunos por ano para o exterior para cursarem colegial ou graduações, sendo que 200 deles vão atrás de cursos específicos de moda, o que fez esse nicho ter um crescimento anual de 20%. “O Brasil tem ótimas escolas, mas o que destacamos nesse tipo de estudo é a história de cada faculdade e o gabarito que elas têm com as grandes marcas - isso ainda é um grande diferencial,” diz Chris Bicalho, diretora geral da STB e da B360 Travel. Ao lado de Carlos Jereissati, no começo do ano, ela foi responsável pela feira G.A.T.E, que trouxe Simon Collins, reitor da Parsons The New School for Design, entre outros convidados, para falar durante três dias sobre os diversos tipos de intercâmbio. Com 5 faculdades de moda e três tipos de curso em sua grade de ofertas - os longos (de graduação), os curtos (de especialização), e os summer courses (com duração de um mês) -,Bicalho ressalta que é imprescindível que a pessoa saiba falar a língua do país que pretende ir e tenha um planejamento de carreira para direcionar melhor o curso. 

O público que pretende estudar moda fora é majoritariamente feminino e de classe alta. O investimento que se desembolsa para um curso estrangeiro está entre 2 mil euros para cursos de curta extensão em Londres, Paris e Milão, e 40 mil dólares por uma graduação completa, em Nova York. “As faculdades que formaram os principais estilistas do mundo estão em busca de grandes gênios, que não estão necessariamente nas classes mais altas. Dependendo da fluência no idioma, muitas vezes os mais talentosos conseguem bolsas de estudos”, ressalta Bicalho, que incentiva os alunos a se esforçarem ao máximo para conseguir boas notas. Segundo ela, quanto maior a diversidade dos estudantes, melhor para o ambiente de estudo, que fica mais interessante para a instituição e para os próprios alunos.

Chris Bicalho, diretora da STB e da B360 Travel, que oferece curso de moda no exterior Foto: Márcio Fernandes/Estadão

“Escolhi o curso porque sempre quis trabalhar com moda, na área relacionada a merchandising, e achava que uma experiência fora me acrescentaria muito”, conta Andreia Madeira, 25 anos, formada em administração pela FAAP, que cursou dois anos de Fashion Marketing, na Parsons, onde aprendeu sobre toda a cadeia de uma marca de moda. Um dos destaques dos cursos atuais fora do país, além da parte criativa, é a grade curricular empreendedora, que aplica os estudos diretamente ao mercado e dá grande entrada para seus alunos conseguirem estágio em empresas globais. Andreia, por exemplo, teve duas oportunidades de estágio, na Lanvin e na Stella McCartney, e após terminar o curso, ainda em Nova York, pôde também trabalhar, durante três meses, na iRetail, companhia dona do Grupo Iguatemi, representante de Diane von Furstenberg, Lanvin e Goyard no Brasil.

Com esses estágios no currículo, aumenta a chance de, na volta ao Brasil, conseguir vagas importantes nas multinacionais. O Brasil está em alta no mercado de moda, justamente pela invasão das grandes labels. Uma vez instaladas no país, elas sabem que precisam adaptar seus produtos ao público brasileiro e procuram brasileiros capacitados, que trabalhem ao lado de seus funcionários estrangeiros nas equipes criativas e de mercado, com foco nas vendas direcionadas. Além disso, há taxas pesadas de visto de trabalho para estrangeiros no Brasil, o que faz com que as empresas procurem jovens nas cidades sede de suas empresas e lojas. 

Nesse momento, o mercado educacional brasileiro procura um aprimoramento que ainda vem de fora para dentro e atinge uma parcela pequena da população, mas que se mostra favorável para a entrada - na verdade, a volta - de pessoas mais capacitadas a cada temporada.

Confira a lista das faculdades mais procuradas por brasileiros:

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Parsons - The New School for Design - www.newschool.edu/

Institito Marangoni - www.istitutomarangoni.com/

University of The Arts - www.arts.ac.uk/csm/

Istituto Europeo di Design - www.ied.it/

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