Cartel 011: Revolução Urbana

Cristian Resende, fundador do Cartel 011, fala com exclusividade ao Estadão sobre o seu negócio, que virou uma espécie de santuário secreto de moda e estilo dos jovens paulistanos

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Por Jorge Grimberg
Atualização:
Cristian Resende posa em frente a Cartel 011 Foto: Reprodução

Inovar na moda brasileira é um desafio. Os profissionais mais criativos sofrem por não haver espaço no mercado para uma moda autêntica e original, enquanto os fashionistas de plantão acabam fazendo suas compras no exterior, onde os brasileiros batem recordes em gastos todos os meses. 

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Com esse cenário, São Paulo não é exatamente um paraíso para compras de moda. Ou você tem muita bala ou você parcela e ainda (muitas vezes) não encontra o que quer. Nesse terreno, surgiu timidamente, há exatos 5 anos, o Cartel 011, na Rua Artur de Azevedo, promovendo um respiro para o paulistano antenado que sempre está na busca por novidades. 

Justo na fronteira entre Pinheiros e os Jardins, o Cartel 011 tornou-se o epicentro da cultura de moda contemporânea em São Paulo. Lá você encontra lançamentos exclusivos, como a coleção de Pedro Lourenço para Nike, misturados com estilistas brasileiros ainda desconhecidos do grande público, que oferecem uma moda cool e acessível, e algumas marcas internacionais. 

Além das 2 lojas multimarcas THE CZO STORE e CZO FOOTBOX, o Cartel 011 ainda conta com uma galeria de arte, onde sempre rolam boas exposições, um restaurante - o Feed Food - em um jardim escondido nos fundos da casa e, para os notívagos, o CZO NEXT DOOR, espaço destinado a eventos e festas que o Cartel 011 promove desde sua inauguração. 

Fachada da loja Foto: Reprodução

O espaço multi-disciplinar é comandado com atenção dos donos e fundadores Cristian Resende e Fernando Sapuppo. Cristian responsável pela estratégia do negócio, cuida da linha "private label" de produtos CZO, da loja de roupas e acessórios femininos e da loja de calçados que tem como foco os lançamentos globais mais exclusivos de marcas como Nike, Adidas, Puma e Converse. Agora, Cristian está se tornando o padrinho da nova safra de estilistas brasileiros, que até recentemente não tinham um local adequado para expor suas criações na cidade. 

Nada ali parece exposto por acaso. É um local que conta uma história de estilo e captura o momento fashion global com um olhar brasileiro autêntico. Em entrevista exclusiva, Cristian dividiu comigo como faz para manter relevante um espaço que demanda constante inovação. 

Como surgiu o Cartel 011? O Cartel 011 surgiu de uma ação entre amigos que através de suas experiências de vida e viagens enxergavam que o mercado de consumo jovem em São Paulo poderia ter um formato diferente e mais alinhado com o de grandes metrópoles. Tivemos uma visão pioneira de espaço compartilhado integrando diversas disciplinas o que nos exigiu foco, trabalho e persistência até chegarmos ao estágio em que fomos reconhecidos e consolidamos importantes parcerias com marcas globais como Absolut Vodka, Nike e Converse. Além de termos lançado um colab em formato de trilogia com a Converse, hoje temos um espaço fixo homologado "NIKE LAB" entrando num roteiro de produtos ultra-limitados e exclusivos até então de lojas como Dover Street Market, Colette e Barneys. 

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Quais foram os seus critérios para compor o mix de marcas brasileiras do espaço? Sou um observador do comportamento jovem e do empreendedorismo de uma nova geração de criadores. Trabalho com moda desde a adolescência, minha escola foi a de empresários brasileiros que construíram grandes marcas com alma, personalidade e identidade própria. Basta lembrar que nesta época tínhamos desejo em usar jeans nacional … A moda carioca tão falada ultimamente para mim começou lá atras com empresários como Simon Azulay e Mauro Taubman, pioneiros e revolucionários poucos lembrados nos dias de hoje. Enfim peguei minhas origens, tudo o que aprendi e tracei um paralelo indo atrás de uma nova geração que desenha e produz somente aquilo que acredita e ama. Esta nova geração sabe o que quer e valoriza códigos locais.

Qual é a formula para fazer o paulistano começar a se interessar mais pela moda nacional e parar de achar tudo que vem de fora melhor? Uma fórmula? Acreditar.Olhar para o global agindo com o local. Hoje nosso negócio já tem um público extremamente especial e que se interessa e consome design nacional assim como consome também produtos internacionais seja em viagens ou em compras on line. Nosso consumidor valoriza a produção local, tem orgulho em usar o “made in Brazil”, ele é consciente e cosmopolita. Sabe que o mundo mudou e que os valores hoje são outros. O que no início parecia ser algo “alternativo”, hoje já não é mais … 

Entre os estilistas que você descobriu, quais são os que fazem mais sucesso hoje? TREND T - O Renan Serrano mantém sua identidade desde seu inicio sem abrir mão do seu traço minimalista e da cartela de cores. Qualidade em um produto que explora ao extremo modelagem, tecidos e técnicas de estamparia. 

MOCHA- com a disciplina da herança oriental da Liliane Taira a marca vem a cada coleção se consolidando mais com sua roupa de construção fluida, feminina e inteligente. Uma identidade carioca fresca e contemporânea 

SENPLO - Rafael Schneider e Daniel Bossle constroem uma moda masculina extremamente cool com uma qualidade impecável na escolha de tecidos, acabamentos e cartela de cores.

PIET - Pedro Andrade um novo streetfashion nacional com olhar global. Coleções enxutas porém rigorosamente precisas. 

PISCINA - Tati Duarte matem sua mao firme frente a uma criação de moda coletiva com bossa e funcionalidade. Uma moda atual de apelo feminino, democrática e bastante acessível. 

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FOXTON - toda ginga carioca na forma mais cool. Mesmo apos amarca ter sido comprada pelo grupo Wolner, Rodrigo Ribeiro faz seu estilo maispresentea cada coleção.

Quais são seus planos para os próximos 5 anos? A palavra de ordem é inovação. Somos inquietos e progressivos por natureza, sempre estamos olhando para o novo. Meu maior desejo é que o mercado e a indústria brasileira prestem mais atenção nos novos movimentos, novas maneiras de consumo, novos comportamentos, novas maneiras de se fazer negócio. Toda energia influenciadora começa de pequeno núcleos criativos. E isto nós, brasileiros,temos! Somos um povo criativo por natureza. Adoraria ver a indústria se associando mais a estes novos empresários criativos e não simplesmente se apropriando como vimos nos últimos anos.

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