Brasileiros integram a nova geração do design na Itália

Professora destaca 'joie de vivre' (alegria de viver) de estudantes brasileiros

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Por Júlia Corrêa
Atualização:
IEDItália Foto: Stefano Casati

Formada no Brasil, mas vivendo na Itália, a arquiteta mineira Débora Mansur, de 37 anos, mantinha a carreira dedicada ao design de interiores e de móveis quando sentiu a necessidade de incrementar sua formação. Já com um mestrado no currículo, descobriu, em Florença, uma especialização voltada às áreas de inovação e produção em artesanato de luxo.

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Assim, desde março, ela frequenta uma das 11 escolas do Instituto Europeu di Design (IED), que tem sede também no Brasil e na Espanha. Com oferta de formação avançada nas disciplinas de Design, Moda, Artes Visuais, Comunicação e Management, a instituição propõe um aprendizado que, para além da teoria, aproxima os estudantes da realidade das fábricas locais.

No caso do curso de Débora, o 'handmade' (feito à mão) de luxo é a atividade que está associada, por exemplo, a produções de trabalhos de couro de grifes como a Gucci. Com a sede principal da marca em Florença, fica fácil entender o campo fértil que estudantes da área conseguem encontrar por lá.

Do mesmo modo, formada em publicidade pela PUC-PR, Heloísa Guernieri, de 36 anos, optou por uma especialização em marketing e comunicação nas áreas de gastronomia, vinho e turismo – o que, todos sabem, constituem os principais atrativos italianos.

Foi assim que o IED estabeleceu a 'Special Week', semana em que, divididos em grupos, alunos de diferentes áreas são enviados ao 'chão de fábrica' para desenvolver projetos definidos por empresas participantes. O trabalho é proveitoso até mesmo quando realizado em companhias menores e mais tradicionais da região, das quais é possível extrair todo um know-how histórico muitas vezes ignorado por grandes marcas.

IED Itália Foto: Marco Peluso/IED

Segundo dados do IED, essa formação prática explica por que 70% dos alunos conseguem se inserir no mercado até seis meses depois da graduação. Diretora da escola da moda da sede de Milão, Sara Azzone afirma que o fundamental é não formar 'sonhadores', sobretudo em um mundo competitivo como o da moda. "Às vezes, os alunos têm ideias que não têm como ser executadas na vida real".

Sara explica também que questões ligadas ao gênero, por exemplo, costumam estar atreladas à área estratégica das empresas. Assim, cada vez mais, os professores têm dado ênfase à necessidade de se aliar essa parte ao restante do processo criativo. "O profissional de hoje em dia precisa estar consciente de toda a cadeia de produção".

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IED Itália Foto: Marco Peluso/IED

Segundo o diretor de assuntos internacionais, Stefano Godio, essa visão ampla de toda a cadeia é crucial em momentos de crise econômica, quando nem todos conseguem ter a carreira impulsionada por uma grande companhia e veem a necessidade de abrir o próprio negócio.

Godio acrescenta que o número crescente de alunos estrangeiros na escola permite uma troca de habilidades e inspirações fundamental no mercado globalizado. No caso dos brasileiros, Sara destaca a 'joie de vivre' (alegria de viver) dos estudantes, atributo que faz toda a diferença em uma área que pede cada vez mais atitude.

Em tempo: neste sábado, 1°, a partir das 14h, a sede paulistana do IED (R. Maranhão, 617, Higienópolis) promove a terceira edição do Fashion Sunsets. Comunidades e artesãos independentes expõem seus trabalhos no local, que contará com food trucks, food bikes e drinks. O evento é de graça e aberto ao público. As palestras necessitam de inscrição antecipada no site.

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