Banco de Tecido oferece sobras de material a 35 reais o quilo

Criado pela figurinista Lu Bueno, o espaço na Vila Leopoldina foca no reaproveitamento de tecidos usados para evitar o desperdício e desenvolver uma cadeia de produção sustentável

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Por Monique Torres
Atualização:
Amostras de tecido na parede do Banco, na Vila Leopoldina: economia criativa Foto: SERGIO CASTRO/ESTADÃO

"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." E na moda também. Com essa ideia em mente, a figurinista e cenógrafa Lu Bueno criou, em janeiro deste ano, o Banco de Tecido - uma loja apenas com sobras de boa qualidade de materiais já usados por ela e outros colegas de profissão."Sempre guardei o que restava e, quando vi, tinha quase uma tonelada de tecidos acumulada", conta Lu, que já soma 25 anos de carreira. "Comecei a trocar com alguns amigos e então percebi que tinha um bom negócio em mãos."

A figurinista Lu Bueno, criadora do Banco de Tecido: "Sempre guardei o que restava e, quandovi, tinha quase uma tonelada de tecido acumulada", conta Foto: SERGIO CASTRO/ESTADÃO

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Acostumada ao mundo das artes - ela já trabalhou com grupos como Parlapatões e com os diretores Gerald Thomas e Antunes Filho -, a figurinista decidiu profissionalizar-se e fazer um curso de empreendedorismo no Sebrae antes de abrir o negócio. Montou o Banco de Tecido em seu estúdio no bairro da Vila Leopoldina, em São Paulo, onde as sobras ficam disponíveis em prateleiras e caixas plásticas e são vendidas por 35 reais o quilo (independentemente de ser de seda pura ou algodão).

"Além do preço, a vantagem é que o acervo conta com materiais exclusivos e antigos, que não podem ser encontrados no comércio tradicional", afirma Lu. Entre os clientes do banco, estão jovens estilistas, costureiras e figurinistas. Para criar um ciclo sustentável, os consumidores também podem ser doadores de sobras e, inclusive, trocá-las por créditos para serem usados na loja. “Evitar o desperdício é um dos pontos-chave do consumo consciente", afirma Helio Mattar, presidente do Instituto Akatu. "Para isso, deve-se fazer o uso integral dos recursos e estender ao máximo a vida útil 

de qualquer produto, modificando o seu uso e aproveitando ao máximo os materiais usados originalmente."

Peças etiquetadas

Com a intenção de expandir o projeto, Lu criou um selo, que batizou de 'Tecido de reúso para uso'. "A ideia é que os criadores coloquem a etiqueta na peça feita com nosso tecido, pois, mais do que lucrar, quero vender a ideia da importância da reutilização", diz Lu. 

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