Se nessa temporada estava faltando conexão entre a passarela e o espírito das ruas (e estava!), não falta mais. No minuto em que começou o desfile da À La Garçonne, com direção criativa de Fabio Souza e do estilista Alexandre Herchcovitch, a vibe transgressora e impertinente dos millennials tomou conta da Bienal, no Ibirapuera.
A SPFW finalmente entrou em sintonia com o comportamento de vanguarda dessa geração que é direta, desbocada, tem sexualidade fluida e consciência ambiental.A ousadia estava em tudo: no palavrão escrito na meia, na estampa com partes do esqueleto humano, na modelo sem calcinha, nos vestidos-lingeries e nas roupas masculinas transparentes, no garoto de saia, nos tênis com a estampa de corda lançada há duas estações.
Até o fato de eles evoluírem na mesma linha criativa ao invés de querer reinventar mil modas a cada desfile está alinhado com o zeitgeist da crise e da desconfiança com o fast fashion que descarta tudo rápido. As bolsas ostentando o logo deixavam claro que com três desfiles (este é o terceiro) a marca já virou grife, já virou desejo.
Destaque para as parkas, as jaquetonas militares e os casacos que já viraram hit, agora com flores e uma caixa torácica pintadas à mão, além dos animais selvagens.