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Videogame agora é brincadeira de médico

Pesquisa feita nos EUA mostra que os jogos eletrônicos melhoram o desempenho de cirurgiões de videolaparoscopia. Por aqui, profissionais já aderiram ao método

Por Agencia Estado
Atualização:

Ainda não faz parte dos seis anos obrigatórios, mas as faculdades de Medicina podem até anotar a sugestão. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Mídia e da Família de Nova York acaba de revelar que videogame ajuda no desempenho dos médicos. E para quem duvida que os jogos eletrônicos melhoram o manuseio do bisturi, aí vão os números do estudo norte-americano. Foram recrutados 303 cirurgiões. O objetivo era avaliar o tempo gasto para costurar ?machucadinhos? internos dos pacientes, em uma cirurgia chamada videolaparoscopia (saiba mais ao lado). Ficou detectado que aqueles que passaram por uma maratona de 20 minutos de videogame imediatamente antes do início da operação terminaram o processo em 11 segundos a menos do que os outros. O que pode parecer apenas uma brincadeira de criança também já conquistou os profissionais por aqui. Além dos médicos gringos, os brasileiros também ressaltam os benefícios da mania adolescente na carreira médica. Natural de São Paulo e médico gastroenterologista do Hospital Santa Rita, Almino Cardoso Ramos confessa que foi com o seu filho que aprendeu as ?técnicas juvenis? eletrônicas. ?Estou acostumado a jogar videogame em casa, com meu filho, e os movimentos são bem parecidos com os de uma cirurgia. É preciso ter bastante agilidade com as mãos e manter os olhos fixos na tela, afinal, em muitos dos jogos, há desafios minuciosos. Acredito ser, sim, uma ótima forma de treinamento?, afirma o especialista. Já o clínico geral da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Flávio Dantas, conta que ainda não se rendeu ao videogame, mas confessa que pretende aderir à prática. ?Por enquanto, eu só faço palavras cruzadas mesmo. Mas, em breve, pretendo aprender essas novas tecnologias?, revela. E o doutor Dantas garante que a vontade não está ligada somente à diversão. ?O videogame melhora a habilidade manual e, ao mesmo tempo, relaxa. Como os profissionais da medicina trabalham sob constante tensão, é importante melhorar o desempenho de uma maneira divertida?, conclui. Ainda que a pesquisa de Nova York tenha avaliado apenas os cirurgiões norte-americanos, os especialistas não descartam que o benefício do ?treinamento eletrônico? possa ser estendido a qualquer área. ?Na verdade, muitos médicos se ?esquecem? até de respirar entre uma consulta e outra. Só o ato de fazer alguma coisa mais leve já ajuda no desempenho de qualquer pessoa. Vale a pena anotar a sugestão?, orienta o clínico Flávio Dantas. Há 15 anos trabalhando com o aparelho de videolaparoscopia, o cirurgião Flávio Sakamoto afirma que o videogame auxilia no manuseio do aparelho, que exige o uso tanto da mão esquerda quanto da direita. ?Durante o procedimento, você olha para o monitor e movimenta as mãos de um lado para o outro, como no controle de um videogame?, explica o especialista, que até hoje, nas horas vagas, não dispensa uma partida. Sakamoto diz ainda que, durante treinamentos para manuseio do aparelho de videolaparoscopia, notou que muitos com habilidade já tinham jogado videogame. O médico Mirandolino Mariano faz uma projeção para o futuro. Ele diz que a pesquisa indica que as crianças de hoje que futuramente serão médicas terão muitos benefícios ao utilizarem o equipamento cirúrgico. ?É um estudo comprovado e muito positivo para os médicos.?

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