Teste aponta pouco ferro em farinha de trigo

Pesquisa realizada por entidade de defesa do consumidor revelou também a presença de fragmentos de insetos nas principais marcas

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Por Ricardo Westin
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Uma pesquisa com 13 marcas de farinha de trigo - ingrediente básico de pães, bolos e biscoitos - mostra que a maioria tem menos ferro que o exigido por lei e muitos fragmentos de insetos. O estudo é da Pro Teste, uma entidade de defesa do consumidor com sede no Rio. No quesito insetos, 11 das 13 marcas tiveram quantidade considerada regular ou ruim. A Pro Teste considerou regular a farinha que trouxe entre 10 e 20 partículas de insetos em 50 gramas do produto; e ruim, com mais de 20. No pior caso, foram encontradas 80 partículas. "Os insetos dessas farinhas não são prejudiciais à saúde", esclarece a engenheira de alimentos da Pro Teste, Vivian Tavares de Andrade. "Mas esse resultado mostra que muitas empresas não fazem um bom controle de qualidade nos produtos." Segundo a Pro Teste, houve casos em que os pedaços dos insetos foram observados a olho nu. A maioria, porém, só pôde ser vista com microscópio. O engenheiro agrônomo Irineu Pedroso, da J. Macêdo, grupo que produz três marcas de farinha, lembra que as leis brasileiras proíbem somente a presença de insetos vivos. "Desconheço lugar no mundo que venda farinha sem nenhum fragmento. Carunchos e traças são insetos que, por natureza, atacam os grãos armazenados. O que fazemos é manter esse nível o mais baixo possível." No quesito ferro, 5 das 13 marcas desrespeitaram a lei. Nelas, havia menos que 4,2 miligramas de ferro por 100 gramas de farinha de trigo. O governo exige a adição do ferro nesse alimento para evitar os males decorrentes de sua deficiência no organismo, como a anemia. "As empresas não se preocupam porque a Vigilância Sanitária não faz a fiscalização", critica Vivian. A entidade enviou o estudo às empresas. Elas também foram procuradas pelo Estado (veja quadro ao lado). NOS TRIBUNAIS A Pro Teste estudou farinhas compradas em abril em supermercados de 13 cidades das regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. O objetivo desse tipo de estudo, sempre tornado público, é forçar as empresas a oferecer produtos de melhor qualidade. Nem sempre satisfeitos com os resultados, fabricantes têm recorrido à Justiça para evitar a divulgação dos estudos. No momento, por decisão judicial, a Pro Teste está proibida de divulgar uma pesquisa que constatou a presença de pêlos de roedor num tipo de molho. "É lamentável que queiram esconder a realidade do consumidor", diz Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Pro Teste.

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