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Saúde lança plano emergencial para tratar dependência de álcool e droga

Medida é reação ao aumento do consumo de crack e de morte por bebida alcoólica; recursos serão de R$ 117 mi

Por Ligia Formenti e BRASÍLIA
Atualização:

Em reação à escalada do consumo de drogas e de problemas de alcoolismo no País, o Ministério da Saúde lançou ontem um programa emergencial, com medidas de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento de dependentes. No total, serão investidos R$ 117,3 milhões em 108 municípios considerados prioritários - com mais de 250 mil habitantes e em região de fronteira. O orçamento total do programa de saúde mental é de cerca de R$ 1,3 bilhão por ano. No pacote há medidas como o aumento da oferta de leitos para dependentes com necessidade de internação, a capacitação de pessoal e a criação de 37 casas de passagem, além de novos centros encarregados de fazer a transição de pacientes que não precisam ficar no hospital, mas que não estão prontos para atendimento ambulatorial. A ênfase será para atendimento de pacientes dependentes de álcool e crack, cujo consumo aumentou de forma expressiva no País. A ideia é criar desde ações de prevenção nas escolas até centros de apoio e acolhimento para jovens usuários. As estatísticas de problemas de álcool e drogas explicam o programa. Entre 2000 e 2006, a taxa de mortalidade por doenças associadas ao alcoolismo passou de 10,7 para 12,64 óbitos por 100 mil habitantes. No período foram contabilizadas 146.349 mortes associadas ao consumo de bebida, o que dá uma média de 57 mortes/dia. Os números do crack também assustam. A droga, que entrou no País em 1989, é usada sobretudo entre jovens pobres. Pesquisa do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul mostra que 39% dos pacientes de São Paulo, Rio, Porto Alegre e Salvador que procuraram centros de atendimento relataram problemas com crack - duas vezes mais do que cocaína. "O problema de drogas é complexo. Mas a saúde é um dos temas centrais para o enfrentamento do problema, sobretudo da situação de vulnerabilidade enfrentada pelos jovens", diz o ministro José Gomes Temporão. O programa traz metas para serem cumpridas até 2010. O número de leitos para pacientes de álcool e drogas passará de 1.197 para 3.522. O plano traz ainda a criação de 92 Centros de Atenção Psicossocial, com atendimento especializado para paciente de saúde mental. Haverá também um setor encarregado de avaliar a eficácia e a qualidade das ações. Batizado de Observatório Nacional sobre Álcool e Outras Drogas, o centro funcionará por meio de um convênio com seis universidades, de todas as regiões do País. Nos centros serão realizados levantamentos e avaliações sobre a eficácia e a qualidade do atendimento. O coordenador do Programa de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Delgado, conta que a intenção é, por exemplo, verificar se a rede básica realiza de forma adequada o diagnóstico do paciente com problemas de álcool e drogas. "As pesquisas serão independentes, mas terão um fio condutor, sempre norteado pelo programa", diz Delgado. O programa prevê a criação de 720 núcleos de apoio à saúde da família.

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