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São Paulo vai testar modelo de gestão de escolas de Nova York

Entre as medidas estão participação dos pais e frequência monitorada

Por Simone Iwasso
Atualização:

As dez escolas paulistanas com os piores resultados nas avaliações oficiais serão submetidas a uma reestruturação inspirada na reforma educacional implementada em Nova York. Resultado de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Educação, o Instituto Itaú Social e o Instituto Fernand Braudel, o modelo será uma adaptação das mudanças rígidas que tiveram bons resultados nos Estados Unidos. Em um prazo de três anos, as escolas, todas em regiões carentes da zona leste de São Paulo, receberão apoio técnico para criar mecanismos de gestão e supervisão do trabalho pedagógico e reforçar o compromisso de diretores, professores e pais com o desempenho dos alunos. Especialistas em língua portuguesa e matemática orientarão professores nas aulas. A frequência e a rotatividade de docentes e alunos serão monitoradas. Os casos de violência passarão a ser registrados. Com isso, espera-se mudar uma cultura em vigor, fazendo que a escola se responsabilize pelo aprendizado do aluno e preste contas de seus resultados. "Assim que tomamos conhecimento das experiências de sucesso promovidas em Nova York, decidimos tentar implementar aqui um modelo semelhante, que tenha como foco a gestão", afirma Antonio Matias, da Fundação Itaú Social. "Essas escolas funcionarão como piloto nos próximos anos e vamos analisar depois se o modelo é viável e se pode ser reproduzido em redes educacionais inteiras." No entanto, por questões de legislação, muitas das práticas do modelo americano não poderão ser repetidas no Brasil. Em Nova York, escolas que não conseguiram reverter o desempenho ruim foram fechadas e seus funcionários, demitidos. Outra diferença é que lá o diretor tinha autonomia para gerir recursos, até mesmo para contratar e demitir professores - no Brasil, a lei garante estabilidade ao servidor. Um aumento significativo dos salários atraiu profissionais qualificados para a rede americana, o que é mais difícil nas redes brasileiras que têm optado por criar sistemas de remuneração por desempenho. "Vamos incrementar os processos de gestão, incluir a formação no trabalho do professor-coordenador, aumentar o envolvimento das famílias e melhorar o desempenho dos alunos", afirma a secretária de Estado da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro. As escolas que farão parte do projeto são Aquilino Ribeiro, Dr. Décio Ferraz Alvim, Haydeé Hidalgo, Jardim Dom Angélico, Jardim Wilma Flor, Paulo Sarasate, Recanto Verde Sol, Sebastião Faria Zimbres, Vila Bela e Sumie Iwata - onde a presença de um pai quase em tempo integral e disponível para visitar as famílias dos alunos ausentes é a mudança mais esperada. A vice-diretora Roseli Nascimento, de 38 anos, explica que o maior desafio hoje é lidar com alunos de baixíssimo perfil socioeconômico que moram em bairros distantes. "Vai ser muito bom ter uma pessoa da comunidade de olho nesses alunos, fazendo contato com as famílias nos casos de ausência", explica. O diferencial do projeto, segundo Roseli, é que o pai não fará um trabalho voluntário, mas vai receber para atuar na escola. "Isso é um avanço, já escolhemos uma pessoa atuante na comunidade." Já o fato de ter especialistas em língua portuguesa e matemática agradou a Célia Maria Sposito, de 54 anos, diretora da Décio Ferraz Alvim. "Foi um susto para nós ver o baixo desempenho dos nossos alunos nas avaliações, apesar de sermos a escola mais bonitinha da região." COLABOROU MARIA REHDER

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