Rio Preto investe na área de biomedicina

Na cidade, uma das mais ricas do País, há 630 empresas médicas

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Por Redação
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A vocação da cidade é a biomedicina. Em São José do Rio Preto, a 440 quilômetros de São Paulo, funcionam 630 empresas do setor médico, uma para cada 634 habitantes. Ali está sendo criado o único centro de alta tecnologia do País voltado a essa área, com foco em tratamento e produtos. O processo é quase todo ação da iniciativa privada. O Estado e o município participam na condição de agências de fomento: oferecem a infraestrutura, cuidam das facilidades de suporte, como energia, transporte ou meios de ocupação. Segundo o secretário de Planejamento, Orlando José Bolçone, "os fatores de atração servem para motivar as empresas, que têm acesso aos lotes do parque por meio de uma concorrência técnica". Nas propostas, são considerados fatores ambientais, criação de conhecimento original, novos empregos, possibilidades de mercado e integração do conjunto produtivo. É um modelo incomum no Brasil: pesquisa científica e de inovação realizadas à custa do setor privado, embora sob controle e certificação oficiais. Uma cidade rica. É a 17ª do País em fortunas pessoais, a 2ª em longevidade e a 3ª em escolaridade. Na rede de hospitais, quase toda sustentada por contratos do Sistema Único de Saúde (SUS), é possível fazer transplantes de órgãos e todos os procedimentos cardiovasculares ou de caráter experimental, como as terapias que utilizam células-tronco. Há cerca de 120 pacientes, homens e mulheres, em tratamento no Instituto de Moléstias Cardiovasculares (IMC) com uso de células-tronco aplicadas à terapia de doenças que provocam dilatação do coração ou as isquemias do músculo cardíaco. A organização é particular. O chefe do programa é o cardiologista Oswaldo Tadeu Grecco, que pretende ter em funcionamento até 2012 o Instituto de Recuperação Tecidual, "onde será desenvolvida a investigação do uso de células capazes de regenerar danos mais graves". É de Rio Preto que saem válvulas cardíacas feitas com o pericárdio bovino, tecido que envolve o coração do boi, para 30 países - algo em torno de 162 unidades por mês para clínicas da União Europeia, Leste Europeu, Oriente Médio, Ásia, Indochina e América Latina. O fabricante é a Braile Biomédica. O preço de uma válvula nacional é de cerca de US$ 250. A importada não sai por menos de US$ 3.700. A Braile investiu até agora R$ 320 mil na pesquisa de células-tronco. O governo estadual, outro tanto. O parque vai ocupar uma gleba de 250 alqueires. No local está o Instituto Penal Agrícola, que será transferido para o município de São Carlos até o fim do ano ou começo de 2010. Dez empresas estão habilitadas. A Cryopraxis, do Rio, por exemplo, investe R$ 4 milhões na instalação do maior complexo do País destinado ao armazenamento de células-tronco captadas por meio de cordões umbilicais. A capacidade inicial é de 60 mil unidades.

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