Reunião acaba com cobrança por meta de clima

Em Bonn, EUA e União Europeia exigem que países em desenvolvimento tenham propostas

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Por Herton Escobar
Atualização:

Não são só os Estados Unidos que precisam se engajar no combate ao aquecimento global. Os países em desenvolvimento - especialmente Brasil, China e Índia - também devem mostrar mais empenho se quiserem contribuir para um acordo forte de controle climático na Conferência de Copenhague, em dezembro. A cobrança foi feita ontem por representantes da União Europeia e dos EUA por meio de entrevistas coletivas em Bonn, onde os países signatários da Convenção do Clima estiveram reunidos esta semana para debater estratégicas de combate ao aquecimento global. "Se eles (os países emergentes) não agirem, não conseguiremos solucionar o problema", disse o enviado especial para Mudanças Climáticas dos EUA, Jonathan Pershing. Mais do que se comprometer a um esforço nacional, segundo ele, é preciso colocar números na mesa, mostrando de maneira quantitativa quanto cada país pretende reduzir suas emissões. As metas seriam estabelecidas domesticamente, porém dentro de um regime internacional vinculante. "As ações do Brasil (de combate ao desmatamento) sugerem que haverá um redução substancial de emissões. Gostaria de ver isso quantificado", disse Pershing. A União Europeia (UE) disse que espera das nações emergentes uma meta coletiva de redução de 15% a 30% das taxas atuais de crescimento de emissões de carbono. "Reconhecemos que há muita coisa sendo feita nos países em desenvolvimento. A pergunta agora é sobre o futuro", disse o chefe da delegação sueca, Anders Turesson. "Não há dúvida de que as emissões terão de subir antes que comecem a descer, mas esperamos que elas desviem substancialmente (até 30%) de um cenário ?business as usual?." Artur Runge-Metzger, outro negociador da UE, disse que "não está claro ainda" como as nações emergentes pretendem participar do acordo de Copenhague, no qual será definida a nova estratégia internacional de combate à mudança do clima no período pós-2012, quando vence o primeiro período de vigência do Protocolo de Kyoto. Pelas regras atuais do protocolo, só os países desenvolvidos têm obrigação de reduzir suas emissões. A expectativa para a próxima fase, segundo as declarações de Pershing e Runge-Metzger, seria de que os países em desenvolvimento também se comprometessem com metas numéricas no sentido de reduzir o "crescimento" de suas emissões. Ou seja: Brasil, China e Índia poderiam aumentar suas emissões, mas dentro de um limite preestabelecido. Diplomatas brasileiros rebateram as críticas com o mesmo argumento, dizendo que são os países desenvolvidos que precisam apresentar metas mais ambiciosas para Copenhague. "O que eles colocaram na mesa até agora são números muito modestos, para fazer um comentário generoso", disse o embaixador extraordinário para Mudança do Clima, Sergio Serra. Segundo o chefe da delegação brasileira, Luiz Figueiredo, o País terá ações "que poderão ser verificadas internacionalmente". Se elas virão associadas a um número, porém, "é algo que vai ser definido de acordo com as negociações". O repórter viajou a convite da organização da COP-15

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