Projeto no Amazonas está ameaçado, dizem cientistas

Em artigo na ?Nature?, pesquisadores alertam para pressão de assentamentos; Suframa nega problema

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Um dos projetos científicos mais antigos e produtivos da Amazônia Central está cercado por assentamentos agrícolas que ameaçam destruir um patrimônio de três décadas de pesquisa, segundo um comentário publicado hoje na revista Nature. O artigo, assinado pelos pesquisadores William Laurance e Regina Luizão, acusa a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) de desrespeitar um plano de Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) produzido em 2004, que deveria proteger o entorno das áreas de estudo, ao norte da capital amazonense. Laurance é pesquisador do Smithsonian Tropical Research Institute, no Panamá, e Regina, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus. Ambos fazem parte do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF), que desde 1979 estuda o impacto da fragmentação de áreas de floresta sobre a biodiversidade. Os cientistas relatam uma situação alarmante, em que encontros com caçadores e madeireiros e roubo de equipamentos estão se tornando cada vez mais freqüentes. "Está aterrorizante. Os nervos estão à flor da pele", disse Regina ao Estado. "Se ainda estivessem desenvolvendo uma agricultura produtiva, vá lá. Mas a maior parte da floresta está sendo queimada para produzir carvão", completa Laurance. Segundo ele, as pesquisas do PDBFF já renderam perto de 500 publicações científicas. O projeto está organizado em 23 áreas de pesquisa (mil km² no total), dentro do Distrito Agropecuário do entorno de Manaus. A Suframa informou que desde 2003 não são criados assentamentos próximos às áreas de pesquisa e que o ZEE está em fase final de avaliação. "Ressaltamos que a Suframa tem buscado dar total apoio ao trabalho das instituições de pesquisa (...) sem prejuízo ao objetivo-fim do Distrito Agropecuário, que é o de possibilitar a atividade de produtores rurais", diz a nota.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.