Projeto está em debate desde 1991 em Rio Branco

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Por Cristina Amorim
Atualização:

Plínio Leite da Encarnação mora desde 1984 onde, espera ele, seja criada a Reserva Extrativista (Resex) Baixo Rio Branco/Jauaperi, entre os Estados de Amazonas e Roraima. Na semana passada, ele saiu de sua comunidade, Auto de Nazaré, e foi até a capital, Brasília, para tentar entender por que a Resex ainda é um plano, não uma realidade, a despeito de ter surgido pelos idos de 1991 e 1992. Foi naquela época que as primeiras conversas sobre a formação de uma reserva, que permita às populações tradicionais instaladas ali explorar a floresta de forma sustentável, mas com governança, começaram. Durante esse tempo, foram muitas audiências públicas, estudos, debates e oposições. Houve ameaças veladas e explícitas a quem desejava transformar a ideia em projeto. Os moradores querem explorar castanha, açaí e cipó. Caçadores de fora querem recolher as tartarugas da região para alimentar restaurantes, que vendem ilegalmente pratos feitos com o quelônio. O Ministério de Minas e Energia (MME) se opôs à Resex por achar que o Rio Branco tem potencial hidrelétrico. A questão ainda está aberta. Encarnação não sabe se alguém do MME já apareceu na região. Mas faz uma ressalva: "A partir do momento que se pleiteia uma área, sempre aparecem outros interessados." Uma rodovia, a BR-174, que liga os municípios de Presidente Figueiredo e Pacaraima, passa pelo meio do desenho da Resex. O morador teme as consequencias de sua utilização. "Assentamento, monocultura, madeireiros." Hoje moram na região cerca de 900 pessoas, divididas em nove comunidades. Tem gente que mora lá há 40 anos. A titulação das terras é nebulosa, como costuma acontecer entre as populações tradicionais da Amazônia.

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