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Programa permite que alunos vivenciem papel de professor

Estudantes atuam como monitores nos laboratórios de informática das escolas municipais

Por Karina Toledo
Atualização:

Desde que aderiram ao Programa Aluno Monitor, oferecido na rede municipal de ensino de São Paulo, os estudantes Amanda do Nascimento, Giovanna Pagliarini, Gabriela Marques e Matheus Bernardo de Melo vivenciaram uma transformação na forma de se relacionar com a tecnologia e com o aprendizado em sala de aula. Semanalmente, eles dedicam três horas-aula fora do período regular de estudo para ajudar outros alunos a manusear diversos programas de computador e equipamentos digitais. "Antes usava o computador apenas para navegar na internet, ver e-mail e bater papo. Agora já mexo no Word, no Power Point e no Excel", conta Gabriela, de 11 anos, que aderiu à iniciativa no início deste semestre e é uma das mais jovens integrantes da equipe de 12 monitores da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Laerte Ramos de Carvalho, situada na Vila Isa, zona sul da capital. Giovanna, de 14 anos, monitora desde 2007, conta que aprendeu a trabalhar com editores de vídeo e áudio e já domina todos os programas do Pacote Office - editores de texto, planilha e slides - graças ao trabalho voluntário. "Isso com certeza vai me ajudar na hora de conseguir um emprego", diz a estudante, que ainda está em dúvida entre ser advogada ou bióloga. Na Emef Laerte Ramos de Carvalho, os monitores atuam como auxiliares da única professora de informática da escola, Cristina Afonso Nunes. "Desenvolvemos um projeto diferente com cada série, abordando temas como Descobrindo São Paulo e Ação Humana nos Ecossistemas. Os monitores ajudam os alunos a pesquisar sobre o assunto e a desenvolver as atividades relacionadas ao projeto", conta Cristina. Uma vez por semana, todos os monitores se reúnem com a orientadora para discutir o andamento dos projetos, avaliar o desempenho dos estudantes e planejar as atividades da semana seguinte. Os alunos também interagem, por meio de blogs e comunidades virtuais, com monitores de outras escolas. O conteúdo produzido ao longo do ano, como vídeos, entrevistas, textos, apresentações de slides e programas de rádio, é publicado na web graças a uma parceria com o portal educativo Educarede. INCLUSÃO Outra atribuição dos voluntários é prestar assistência aos alunos com necessidades especiais. "Alguns têm síndrome de Down ou outra forma de deficiência mental, outros apenas dificuldade de aprendizado. Com o acompanhamento de um monitor, esses alunos produzem mais, pois tem alguém lhes dando atenção", diz Cristina. A troca de experiências é benéfica para todos, como revela Matheus, de 12 anos, que participa do programa desde 2007. "Sempre tive dificuldade em Geografia, mas aprendi muito sobre a matéria ao ajudar alunos da 5ª série a desenvolver um projeto sobre ecossistemas. Além disso, com o trabalho no laboratório de informática, conheço novas pessoas, faço muitas amizades." Boas notas é um dos pré-requisitos para se candidatar a uma vaga no programa. Os participantes afirmam, no entanto, que o trabalho os ajudou a melhorar ainda mais seu desempenho escolar. "Aprendi a fazer pesquisa na internet, o que melhorou meu desempenho em todas as matérias", conta Amanda, de 13 anos. "Além disso, adquiri mais responsabilidade e conheci a visão dos professores, vi como é difícil ensinar mais de 30 pessoas ao mesmo tempo." EM AMPLIAÇÃO Atualmente, 227 escola e 11 mil estudantes já aderiram à iniciativa. A meta é que, até 2012, todas as escolas municipais de ensino fundamental e médio tenham alunos monitores, afirma a coordenadora do programa, Lia Paraventi. "O programa foi instituído oficialmente na rede em março deste ano, mas muitas escolas já trabalhavam com monitoria por iniciativa própria", explica. Na escola, a coordenação do projeto é do professor responsável pelo laboratório de informática, que também faz a seleção dos voluntários. Não é oferecido qualquer tipo de pagamento ou bolsa auxílio para os participantes. "A metodologia usada para o desenvolvimento do projeto é que motiva o aluno", afirma Lia. "Como o foco é o protagonismo, ele se sente motivado, pois tem um papel importante a desenvolver junto aos colegas e à escola." Todos os alunos a partir do 4º ano do ensino fundamental podem se inscrever. Além de boas notas e frequência regular, são desejáveis conhecimentos básicos de informática, vontade de trabalhar com a inclusão digital, habilidade na escrita e gosto por trabalho em grupo. A quantidade de monitores em cada escola é condicionada ao número de classes a serem atendidas. SATISFEITOS Gabriela Marques Aluna da 6.ª série "Antes eu usava o computador apenas para navegar na internet, ver e-mail e bater papo. Agora já sei mexer no Word, no Power Point e no Excel" Amanda do Nascimento Aluna da 8.ª série "Aprendi a fazer pesquisa na internet, o que melhorou meu desempenho em todas as matérias" COMO FUNCIONA Quem pode participar: escolas de ensino fundamental e médio da rede municipal de ensino de São Paulo Quais alunos podem se inscrever: estudantes a partir do 4º ano do primeiro ciclo do ensino fundamental das escolas participantes do programa Tempo necessário: os alunos precisam dedicar cinco horas semanais fora de seu período regular de estudo. Três são para o trabalho de monitoria no laboratório de informática e outras duas para reunir-se com a orientadora, discutir as atividades realizadas na semana e planejar as tarefas futuras Pré-requisitos: boas notas, frequência regular, noções básicas de informática e vontade de trabalhar com inclusão digital Bolsa auxílio: não há Benefícios: os monitores aprendem a manusear diversos programas de computador e equipamentos digitais; aprendem a pesquisar na internet e a colocar-se com mais propriedade diante do assunto pesquisado; tornam-se mais responsáveis e sentem-se importantes e úteis dentro da escola; colocam-se no papel de professores, tornando-se capazes de compreendê-los melhor; têm a oportunidade de se expressar por meio de diferentes linguagens: vídeos, imagens, slides, textos escritos e áudio

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